Nilo de Paula em entrevista ao Webventure. (foto: Fabia Renata/ www.webventure.com.br)
As dificuldades e os obstáculos são grandes, mas o que importa é conseguir terminar a prova. Apenas uma dupla ganha, mas a vitória é de todos que chegaram até o final.
Em um evento longo e competitivo como esse, ganha quem tem menos problemas com o equipamento, afirmam os competidores. A décima edição do Rally Internacional dos Sertões acabou, mas ainda tem muitas provas pela frente.
Os primeiros lugares deste Sertões foram disputados até o último dia. Em rali, tudo pode acontecer, quem está na frente pode sofrer alguma quebra e perder tempo para o adversário que está próximo. Veja abaixo algumas considerações sobre o que aconteceu neste Rally e os planos das duplas para os próximos desafios.
Vice-campeões rumo ao Dakar – A dupla da Petrobras Lubrax, Klever Kolberg e Lourival Roldan, apesar do problema com as rodas do carro, lutou pelo primeiro lugar até o último momento. Os dois viveram todo o estresse de tentar tirar tempo, correr sem errar e andar muito forte. Na chegada em Janaúba, nos 300 km, tivemos problemas com rodas. Elas estavam um pouco frágeis e perdemos 25 minutos com a troca durante a especial e isso dificultou muito, tirou muito a nossa chance. Se não fosse esse problema, não vou dizer que ganharíamos, mas teríamos maiores chances de vencer, conta Klever.
O piloto também considerou a prova bastante competitiva, embora o percurso fosse um pouco fácil, pouco exigente. Para a dupla, o foco agora é o rali Paris-Dakar, e o Sertões foi um ótimo treino. Será a estréia de Lourival no maior rali do mundo e o navegador está muito ansioso.
Klever ainda ressalta a boa performance do carro, que não teve problemas, e elogiou toda a equipe, sempre disposta a fazer o melhor possível.
Terceiro lugar disputado até a última especial – A disputa pelo terceiro lugar também foi apertada. No início do rali, Edu Piano e Nilo de Paula tiveram problemas com um pneu furado e com um erro de navegação. Ontem foi a vez de Riamburgo Ximenes e Marcos Rogério errarem e perderem o terceiro lugar para Edu e Nilo. Este rali marcou os dez anos do Sertões. Uma prova bastante pesada e bem técnica. Ficamos sempre entre os cinco primeiros e no final deu tudo certo, disse Edu Piano.
Para o navegador Nilo de Paula, o rali foi bem difícil, técnico e bem duro. A parceria com Edu Piano ainda precisa ser amadurecida. Foi a primeira prova longa que fizeram juntos, ainda estão em adaptação. A Mitsubishi entregou nosso carro quinze dias antes do Sertões e já foi uma glória termos chegado em terceiro na geral. Foi muito legal, comemora Nilo.
Riamburgo Ximenes, que disputou o 10º Rally dos Sertões com carro e equipe diferentes do ano passado, está muito feliz, apesar de não ter conseguido o disputado terceiro lugar. De qualquer forma, a vitória ficou em casa, com a outra dupla do Chevrolet Rally Team.
O rali foi muito difícil e teve outra característica também, todos os ponteiros saíram para o tudo ou nada, quem administrasse essa prova ficaria para trás. Entramos no mesmo ritmo e quando se anda muito forte, as coisas acontecem e vence a prova quem tem menos problemas, resumiu.
Os irmãos Renê e Marcos Melo foram os campeões da Production Diesel, apesar do acidente sofrido ainda no início da prova. A dupla oficial da Troller teve uma boa estrutura este ano, o que prejudicou mesmo foi o acidente. “Machucou muito o carro, machucou a gente um pouco e o psicológico fica muito mal. Mas o Fábio Greco, além de ser o chefe da equipe, é um grande amigo, colocou nossa cabeça em ordem e cada dia fomos abrindo espaço na colocação. Somos bicampeões na diesel, conta Renê.
Agora eles pensam em continuar a disputa do Campeonato Brasileiro e, se os patrocinadores colaborarem, teremos mais uma dupla brasileira no Dakar 2003. Renê está na expectativa de conseguir realizar este sonho, que é o da maioria dos competidores. Se tudo der certo, disputarão o Dakar com o Troller.
Líderes do Brasileiro chegam em quarto lugar no Sertões – Reinaldo Varela gostou bastante do décimo Rally dos Sertões. Para ele, que já disputou o Campeonato Mundial, o Sertões não deixa nada a desejar, se comparado com este. Com novo navegador, Edgar Fabre, Varela disse que o entrosamento está bom e que quando isso acontece a corrida vai bem.
Foi um rali bem difícil, que marcou os dez anos, com especiais muito boas, técnicas. O nível técnico e o nível dos participantes também estavam muito bons, afirma o piloto.
Novatos e veteranos no rali – Bernardo Gumprich, navegador de Élson Cascão, participou pela primeira vez do Rally dos Sertões. Sua experiência é com ralis de regularidade e sentiu bastante dificuldade com a navegação. Sua intenção é continuar competindo nas duas modalidades.
Gostei muito e senti dificuldades porque no rali de regularidade andamos com uma precisão métrica muito grande e aqui essa precisão não é tão importante, é mais a velocidade, conta Bernardo.
O lado humano, de solidariedade, de ajudar os outros competidores em dificuldade foi outro fato que chamou a atenção do navegador.
Fabrício Abrantes, navegador de Marco Carraresi, já tem uma boa experiência no Sertões. Participante da prova desde 1997, começou como apoio de pilotos, depois competiu de moto, de carro e já fez parte da equipe técnica. A décima edição do Sertões foi uma verdadeira volta às origens, diz o navegador.
Este rali surpreendeu. Foi bastante gostoso, muito difícil, bastante técnico. Voltou às origens, como a organização já tinha dito. Desgastou muito os equipamentos, a gente, mas valeu, comenta.
Até 1997, rali para ele era “coisa de louco”, até que veio como apoio e desde então não conseguiu mais se afastar. Participou todos estes anos, seja como piloto ou como organização. Agora, seu sonho é vir para o Rally dos Sertões como piloto. Quem sabe em 2003… Então, até lá!
Este texto foi escrito por: Fábia Renata
Last modified: agosto 3, 2002
