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Pilotos também tiraram dúvidas na coletiva final

Redação Webventure/ Offroad

Para José Hélio  campeão nas Motos  etapa-maratona não deveria acontecer logo no primeiro dia. (foto: Luciana de Oliveira / www.webventure.com.br)
Para José Hélio campeão nas Motos etapa-maratona não deveria acontecer logo no primeiro dia. (foto: Luciana de Oliveira / www.webventure.com.br)

Os campeões da geral de Carros, Motos e Caminhões, mais os diretores de prova e os diretores da Dunas Race, empresa organizadora do Rally dos Sertões, se reuniram com a imprensa, no último sábado, em São Luís (MA), para um balanço final da prova.

Cada um apresentou sua análise do evento. A maior expectativa era sobre novidades da próxima edição, mas Marcos Ermírio de Moraes, da Dunas, avisou que não há nada definido, apesar de muitos boatos darem conta de que o Sertões 2004 passaria pelo Pará ou que seria uma aventura com ida e volta de Goiânia a São Luís. “Vamos definir isso até outubro ou novembro deste ano, a única coisa que posso adiantar é que eu gostaria de explorar mais o lado esquerdo do país, o sul do Pará, por exemplo”, disse o diretor.

Marcos Ermírio afirmou ainda que a tendência é que o Rally seja encurtado para até sete dias de duração, por questões financeiras e comerciais da organização e as equipes. O Sertões já chegou a ter 14 dias, com um de descanso. No ano passado, para combinar com os 10 anos de Rally, foi reduzido para 10 dias, sem descanso, o mesmo esquema da edição 2003.

Especial justa? – Quando foi aberto o espaço para perguntas dos jornalistas, alguns pilotos também aproveitaram a ocasião para tirar dúvidas. O assunto mais comentado foi a exigência da última especial do Rally, disputada na sexta-feira, em Barreirinhas (MA), com dunas e travessia de cursos d’água.

“Depois de percorrermos mais de 3 mil quilômetros de rali em piso variado, será que é justo um atoleiro no último dia decidir a prova?”, questionou Guilherme Spinelli, campeão de Carros e que ficou atolado duas vezes nessa especial correndo o risco de perder a primeira posição. Spinelli ainda brincou: “Eu disse ao Marcos que ele me deve uns 10 anos de vida depois dessa etapa”.

Simone Palladino, também da Dunas, explicou que fez questão que este último dia fosse “um dia de prova como os demais”, diferente das edições anteriores, quando esse dia se caracterizava quase que como um passeio. “Foi um teste, mas lá fora a tendência é esta. Já que temos um rali mais curto agora, nada melhor que termos nove dias de prova, de verdade”, comentou.

A novidade será avaliada pela Dunas e pode ser ou não mantida para as próximas edições. “Tenho a consciência limpa porque avisamos desde o primeiro briefing, em São Paulo, que o último dia seria assim. Talvez alguns possam ter subestimado isso”, completou Marcos Ermírio.

“Regulamento mal feito” – Foi perguntado se a organização não deveria ter disponibilizado um trator para tirar os veículos atolados durante a especial, a fim de que terminassem o trecho em tempo. A resposta veio do diretor de prova para Carros, o português Jaime Santos, que pela terceira vez vem ao país para cumprir esta função: “No Dakar, não há trator para rebocá-lo. Pode parecer injusto, mas as regras são assim”.

Entre outras questões sobre a aplicação de penalidades e bonificações, mais de uma vez Santos comentou: “O regulamento do Brasil só existe aqui… Está mal feito e vocês pilotos deviam se unir para mudá-lo”.

Para Zé Hélio Filho, o vencedor nas Motos, ficou a pergunta se o fato de o piloto Jean Azevedo ter encontrado uma porteira de arame fechada na primeira etapa poderia ser considerado uma falha da organização. Jean, campeão em 2002, estava na frente nessa especial quando caiu no colchete e teve de abandonar o Rally com uma fratura no ombro. “Eu não vejo como uma falha da organização. Quando eu largo na frente em especiais também encontro problemas, como animais. É impossível segurar todas as vacas pelo caminho”, afirmou.

O piloto aproveitou para dizer que não concordou com a etapa-maratona acontecendo logo no primeiro dia. Ao final dela, os competidores não puderam contar com o apoio mecânico na manutenção de seus veículos. “É complicado isso acontecer logo na primeira etapa porque ela ainda é um teste para os equipamentos”, explicou. “Eu já estava com o meu equipamento muito bem testado, mas sei de pessoas que tiveram problemas por conta disso.”

Na coletiva, o diretor de prova para Motos, Adílson Kilka, afirmou que não foi aceito o pedido de Juca Bala, em forma de recurso, solicitando a anulação da última especial por conta de um rio muito profundo onde a moto desse piloto ficou parada. “Encaminhamos o caso ao júri da prova, ouvimos pessoas que estavam no local e concluiu-se que existiam outras alternativas para passar pelo rio”, comentou.

Juca, que estava na platéia, questionou em quais fontes de informação a direção de prova se baseou para tomar a decisão e perguntou se haviam assistido ao vídeo da prova. Kilka disse que não viu a fita, mas ouviu testemunhas da equipe técnica do Rally que estavam no local. Ao Webventure, o diretor afirmou que cabia a cada piloto escolher o caminho para atravessar o rio e que a organização não poderia indicar a melhor alternativa a ninguém. Para Juca, a planilha dizia que era possível seguir pelo meio, rota que ele escolheu.

Tiago abre-mão do troféu de vice – O piloto de São Roque (SP), que era o líder até a última especial, terminou o Rally na terceira colocação. Ao subir ao palco na festa de premiação, no sábado à noite, foi reverenciado por alguns dos top-10 de Motos e recebeu ainda o troféu de vice-campeão, colocação obtida por Tiago Fantozzi. “Eu pensei bem enquanto vinha para cá e acho que esse troféu pertence ao Juca”, declarou Fantozzi, bastante aplaudido pelos presentes.

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira/Webventure

Last modified: agosto 5, 2003

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