Armando Pires pensa em escrever um livro sobre sua experiência. (foto: Ricardo Ribeiro)
Um dos dois brasileiros que não conseguiram terminar o Dakar 2002, o carioca Armando Pires ainda se recupera da desidratação que o tirou da prova na semana passada no meio de uma especial e que teria sido causada pela febre tifóide. Por causa da preocupação causada à família, ele afirmou que não voltaria ao Dakar no ano que vem. “Pode ser que mude de idéia, não tem nem uma semana. Mas é muito sofrimento para minha famíla e meus amigos. É egoísmo meu”, disse.
Pires precisou ser resgatado durante a especial do dia 9 de janeiro. Ele chegou a largar para a especial mas na noite anterior já teria passado mal. “Quando parei para abastecer a moto no meio da especial de Atar a Tidjikja (em 08/01), percebi que meu camelback (suporte nas costas onde os pilotos levam água para beber durante a prova) estava seco. Era o dia mais quente de todos. Vi umas garrafas sendo abastecidas com água de uma mangueira e não tive dúvida. Enchi-o. Passei a noite muito mal, com diarréia e febre alta”, conta.
“No dia seguinte, ainda percorri uns 100km, mas não agüentei. Não tinha força para mais nada. Parei a moto e dormi ali mesmo. Às 15h30 acionei a baliza e às 16h o helicóptero de resgate chegou. Fiz exames e foi confirmado que contraí febre tifóide. Até então não havia sido revelada a causa dos sintomas.
Falta de solidariedade – Pires contou ainda que não foi ajudado por nenhum competidor mesmo à beira de um desmaio no deserto. “Não via os pilotos de moto se ajudando. Sempre que podia eu parava, emprestava minhas ferramentas. Quando estava mal, quase desmaiado no chão, ninguém perguntou se precisava de ajuda. A única vez que pararam, era para pedir uma peça da minha moto.”
Em seu primeiro Dakar, ele afirmou que estava “100%” fisicamente, mas a saudade pesou: “Emocionalmente eu não estava tão bem. A família fez muita falta.” Agora Pires descansa na capital francesa ao lado da esposa e filhas. Pensa se vai escrever um livro, entitulado “Paris-Dakar em duas rodas”, sobre sua experiência. “Como não completei a prova, não sei se poderei escrever o livro. Se puder, quero fazer. Tirei muitas fotos e tenho muito a contar.”
Este texto foi escrito por: Webventure
Last modified: janeiro 13, 2002