A Poltergeist, na Serra do Cipó, em Minas, é uma daquelas vias, que a gente diz ser virtual. Foi aberta em março de 95, por mim e André Berezosky, de São Paulo. Estávamos buscando uma via que pudesse ter um nível entorno de 9c, até que nos deparamos com a parte da parede, ao lado da via Sombras Flutuantes, quando percebemos que havia uma
possibilidade ali. Seria uma via de cerca de 15 metros negativos com uma configuração singular.
Ao longo do trabalho, percebemos que já não se tratava de apenas mais um 9c, mas algo mais forte, um 10a talvez (na época só uma via desse nível havia sido feita, a Southern Confort, no Rio).
Depois de muita ralação para equipá-la, resolvemos tentar de fato escalar para reconhecer sua movimentação. Não fizemos absolutamente nada, fomos literalmente expelidos da via a cada tentativa de movimentação. Na época só havíamos feito poucas vias de 9º grau. Resolvemos deixar para uma época mais amadurecida física e tecnicamente.
Novo grau – Embalado com o êxito no Coquetel de Energia, em novembro do ano passado, resolvi voltar ao Poltergeist em 99. Em julho, decidi experimentá-la e trabalhar seus movimentos, junto à outros escaladores de elite como Fábio Muniz (Petrópolis), Fernando Áries (Nando, do Rio) e Yan, de Minas. Constatamos que a via poderia ser uma nova proposta de 10c.
Em julho tive condições de trabalhar todos seus movimentos, pois havia treinado forte para a Copa do Mundo. Pude treinar especificamente na via exatas três vezes e planejei encadeá-la em outubro deste ano, mais precisamente no feriado de 12 de outubro. No primeiro dia de escalada, dia 9, fiz novos reconhecimento duas investidas de trabalho na via. No segundo dia tive que modificar a grampeação inicialmente feita.
No quarto e último dia de viagem, fui ao grupo III fazer minha primeira tentativa de encadeamento. Foi simplesmente inacreditável, me sentia bem, forte e disposto, e estava com a mente tranqüila. Tentei sem ansiedade e encadeei na primeira tentativa. Voltei pra casa com mais uma meta atingida – e que meta, uma das vias mais difíceis que fiz até hoje. A via está aí, para quem quiser tentar…
Este texto foi escrito por: Helmut Becker