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Primeiros Socorros nas Moléstias da Descompressão

A atividade do mergulho normalmente é realizada em condições de muita calma e tranqüilidade, sendo algo extremamente seguro independentemente da idade ou de uma condição física atlética. Entretanto, como em toda atividade humana, existe um risco de que algo pode dar errado. Assim, é muito importante estarmos sempre preparados para ajudar aos nossos companheiros de mergulho (e vice-versa) no caso de algum acidente onde possa ocorrer até mesmo risco de vida ou de alguma seqüela importante.

Estar treinado em primeiros socorros, mesmo que num nível básico, é muito importante no mergulho. Mas existem situações específicas para o mergulhador e que merecem especial atenção: as moléstias da descompressão. Basicamente estas moléstias são dividas entra a doença descompressiva propriamente dita e a embolia gasosa, mais conhecida como embolia traumática pelo ar (ETA).

Uma dica importante é que não se deve tentar realizar um diagnóstico mais preciso no caso de uma suspeita de moléstia da descompressão mas sim estar alerta para aqueles sinais e sintomas iniciais que podem sugerir que este problema está acontecendo. Assim, caso observe o aparecimento, após um mergulho, de alguns dos dados abaixo, procure proceder como vamos dizer a seguir.

Sinais e sintomas das moléstias da descompressão:

  • Dores musculares ou em articulações
  • Formigamentos de extremidades
  • Enjôo, vômitos
  • Tonturas ou vertigens
  • Fadiga excessiva
  • Coceira ou vermelhidão na pele
  • Alterações visuais ou aditivas
  • Paralisias
  • Dificuldade para urinar
  • Alterações de personalidade
  • Convulsões/inconsciência

    Caso ocorra algum dos sintomas acima, procure agir da seguinte maneira:
    1- Mantenha a calma e procure conversar de maneira calma com a vítima.
    2- Realize uma avaliação do estado da vítima, através do ABC da emergência.
    3- Coloque a vítima deitada e a mantenha aquecida.
    4- Caso ocorra perda da consciência, coloque-a na posição deitada por sobre o lado esquerdo do corpo (evitar que a vítima possa aspirar vômito).
    5- Administre oxigênio a 100% continuamente á vítima (caso esteja treinado para fazê-lo).
    6- Encaminhe imediatamente a vítima para um serviço médico de emergência, mesmo que seja um serviço público. Assim pode-se garantir a manutenção do oxigênio para a vítima e pode-se ter uma avaliação medica inicial (mesmo que não seja por um especialista).
    7- Procure entrar em contato com os serviços de atendimento de emergência para mergulhadores.

    É importante lembrar que não aconselhamos tentar ir diretamente par uma câmara de recompressão simplesmente por se ter um endereço ou telefone. Muitas vezes o acidente de mergulho ocorre durante o fim de semana, período em que a maioria destes serviço não está funcionando. Além disto, a grande maioria de serviços hiperbáricos no Brasil estão direcionados para o oxigenoterapia hiperbárica e não tem interesse (ou mesmo conhecimentos) para tratar de acidentes de mergulho.

    Para se conseguir um contato com um serviço hiperbárico que atenda a este tipo de acidente, o mais prático e ligar para a linha de emergências da DAN (Divers Alert Network). A DAN é um serviço sem fins lucrativos, associado ao sistema de saúde da Universidade de DUKE, nos EUA, e possui uma linha telefônica de atendimento dedicada exclusivamente para a América Latina.

    Assim, basta ligar par a Embratel (0800-703-2121), de qualquer telefone, e pedir uma ligação a cobrar, para o telefone +1-267-520-1507. Um atendente que fala português e espanhol atenderá a ligação e irá acionar um sistema de orientação ao mergulhador acidentado, levando-o até o atendimento especializada, caso seja necessário. É importante ressaltar que mesmo mergulhadores que não são membros da DAN podem acionar o serviço, recebendo orientação sobre o que fazer.

    Quanto ao uso do oxigênio a 100% no atendimento inicial, sabe-se hoje em dia que isto pode fazer uma grande diferença entre uma boa recuperação ou não do mergulhador. Existem alguns cursos dedicados a ensinar as técnicas seguras e corretas de fazê-lo sendo que o mais conhecido é de “oxygen provider” realizado pela própria DAN. Este curso já encontra-se disponível no Brasil.

    Eduardo Vinhaes, colaborador do Webventure, é mergulhador, montanhista, espeleólogo, com 20 anos de experiência, e Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo). É Instrutor de mergulho três estrelas – CMAS e open water instructor NAUI, coordenador regional da Divers Alert Network (DAN) para o Brasil. Também é Membro correspondente no Brasil da comissão médica da UIAA.

    Este texto foi escrito por: Eduardo Vinhaes, especial para o Webventure