Felipe Dallorto na via Doce Ilusão (foto: Guilherme Taboada)
Atualizado às 12h30 de 18/1/2012.
Com quase 200 vias e mais de 10 setores, o complexo de escalada da Pedra Hime, no Parque Estadual da Pedra Branca, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, está com o acesso fechado. A entrada para a área de escalada era feita por passagens improvisadas, atravessando os terrenos de um condomínio e de uma mineradora. Mas, há poucas semanas, os novos proprietários da mineradora vetaram a entrada dos esportistas.
Mesmo sem poder passar pelo portão principal da mineradora, tínhamos um acesso precário, explica o escalador Felipe Dallorto. A passagem era por um buraco no muro, aberto por moradores e pescadores para acessar um lago perto das montanhas. Ele também diz que o pessoal da mineradora adiava havia 3 anos uma negociação com os escaladores. Mas, a empresa foi vendida recentemente, e os novos diretores fecharam de vez o buraco.
Outras mudanças importantes. Além disso, está acontecendo uma revisão do plano de manejo da área do parque, que deve ficar pronta em março deste ano e pode alterar seus limites, além de criar novas entradas. O que estão fazendo agora é redefinindo os limites do parque, tirando áreas que já estão extremamente urbanizadas e colocando outras que devem ser preservadas, mas que não entraram no primeiro momento, explica Kika Bradford, vice-presidente da Federação de Montanhismo do Estado do Rio de Janeiro, a Femerj.
Quando criaram o parque, usaram uma cota de altitude que era de aproximadamente 100 metros acima do nível do mar. Dentro dela, havia áreas que realmente precisavam ser protegidas, mas também áreas urbanas, explica Kika. Estamos participando das reuniões do novo plano de manejo para tentar garantir que existam novos acessos ao parque nessas áreas incorporadas.
Kika é também coordenadora do programa Acesso às Montanhas, que busca dialogar com órgãos governamentais e privados para garantir o acesso e a preservação das áreas de escalada. Felipe Dallorto também faz parte desse grupo.
Andamento. Quem está fazendo a revisão do plano de manejo é o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE), em parceria com a Arvorar Soluções Florestais. A responsabilidade de aplicação do plano é do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) do Rio de Janeiro, que tem entre seus diretores o montanhista André Ilha.
De acordo com Angela Pellin, coordenadora da revisão, encontramos diversos pontos usados para a escalada, mas ainda não foi possível catalogar todos. Isso deverá ser alvo de mais estudos. Depois da conclusão do plano, o IPE e o Arvorar enviarão ao Inea uma proposta de ações para serem aplicadas em 5 anos. Entre as sugestões, há questões relacionadas ao uso público, propriedade fundiária (o parque ocupa terrenos cujos donos ainda não foram indenizados), infraestrutura e normas de utilização. O acesso ao complexo de escalada perpassa algumas dessas questões, que deverão ser levadas em conta pelo Inea na implementação do plano de manejo.
O Webventure tentou entrar em contato com o Inea, mas até o fechamento desta reportagem não obteve resposta sobre prazos e encaminhamentos do plano de manejo do PEPB. Kika diz também que a Femerj tentará uma reunião com os novos proprietários da mineradora, para oficializar uma passagem.
Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi
Last modified: janeiro 18, 2012