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Quasar escreve relato sobre Jogos do Pantanal

Redação Webventure/ Corrida de aventura

Vinicius é carregado pelos companheiros de equipe. (foto: Divulgação.)
Vinicius é carregado pelos companheiros de equipe. (foto: Divulgação.)

Equipe Mitsubshi Salomon Quasar Lontra escreve relato sobre a participação do time nos Jogos Internacionais do Pantanal, realizado em Corumbá (MS), no último final de semana.

“Recebemos o mapa uma hora antes da largada, que foi às 8h do sábado. A competição iniciou-se com 13 km de duck descendo o rio Paraguai, junto com inúmeros igarapés. A essa hora o calor já era quase insuportável, e já podíamos ter uma idéia do que nos aguardava.

Após aproximadamente 1h10min remando, chegamos à transição para bike na liderança, fizemos uma rápida transição e partimos para 38km de bike de estradas de terra e asfalto, sem grandes inclinações. A essa altura, depois de um pequeno erro de navegação (o mapa de 1969 estava desatualizado), a equipe brasiliense Oskalunga havia nos alcançado, e pedalamos praticamente juntos toda a bike, chegando à transição para o “trekking” (que na verdade foi todo de corrida) com um calor insuportável. Era 11h30 da manhã e o termômetros dos nossos relógios marcavam 42º C.

Não tínhamos como nos reabastecer de água, e só nos restava aquela água quente do reservatório de água na mochila. Partimos as duas equipes juntas para os 12km de corrida, todo em asfalto, o que deixava a prova semelhante a um “triatlon ecológico”. Mantendo um ritmo constante, aos poucos fomos nos distanciando e assumindo a liderança. “Só” nos restavam quase 800 degraus até o penúltimo PC, localizado no alto de um morro de 150 metros de desnível, onde havia a estátua do Cristo, e mais 3 km de descida para a chegada.

Problemas – Foi quando aconteceu o inesperado: o Vinícius, que já vinha fraco e sentindo enjôos desde a bike, começou a subir a escadaria, e simplesmente desmaiou. O Rafa já estava o rebocando praticamente toda a corrida, e ele vinha reclamando de muito calor. Mas chegando quase na metade da escada ele despencou de vez. O deitamos na sombra e pedimos água e sal à moradores locais. Nada o reanimava; ele estava inconsciente.

Decidimos então esperar um pouco achando que ele poderia melhorar. Depois de 08 min, a equipe Oskalungas nos passou, e pedimos a eles que chamassem alguém da organização assim que chegassem. Naquela altura só estávamos preocupados com o Vinícius, com o que estava acontecendo. Descemos as escadas carregando ele, e o deitamos embaixo de uma árvore perto de algumas casas. Os bombeiros chegaram após uns 20min, e logo depois um membro da organização. Sugeriram que parássemos a prova, mas decidimos esperar mais um pouco, acreditando em uma possível recuperação do Vinicius.

Após uns 50min, depois de ter vomitado muito, ele apresentou alguma melhora e demonstrou estar voltando à consciência. Então voltamos a carregá-lo (o Rafa e o Vitor pelos braços e Marina pelas pernas). Dali eram apenas 2 km até a chegada. Durante esse percurso ele voltou a desmaiar e tentamos reanimá-lo de novo; foi muito difícil para nós tomarmos uma decisão: até que ponto poderíamos levar aquilo adiante?

Decisão – Faltavam menos de 1km para cruzarmos a linha de chegada, mas não sabíamos ao certo o que o Vinícius tinha, e quanto tempo mais ele poderia suportar. Posso dizer que foi uma experiência inesquecível, de muito sofrimento e angústia, e ao mesmo tempo aquela coisa que todo corredor de aventura tem: Não querer parar nunca. Daí vem a reflexão: o quanto vale a pena superar nossos limites? É complicado, mas às vezes pode nos valer a vida, e isso não é nenhuma conquista pessoal.

Graças a Deus conseguimos cruzar a linha de chegada, e o Vinicius foi direto para o hospital onde passou a noite tomando muito soro e glicose para se recuperar. Foi diagnosticado uma hipertermia com perda significativa de cálcio, o que comprometeu todo o sistema muscular dele. Ele está se recuperando bem, e feliz de ter cruzado o pórtico de chegada, embora não se lembre de nada.

A experiência foi intensa e preocupante, mas nos serviu para refletirmos um pouco mais sobre nossas atitudes, e o que queremos realmente para nossas vidas. O trabalho em equipe é algo que não tem preço e devemos sempre zelar pela vida de nossos parceiros.

Ainda não sabemos em que posição chegamos, e isso pouco importa. Valeu o aprendizado do que somos capazes de fazer para atingirmos um objetivo em grupo, e o quanto temos respeito e afeto por nossos companheiros de equipe.”

Este texto foi escrito por: Webventure

Last modified: março 31, 2004

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Redação Webventure
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