Webventure

“Quase no fim da carreira”, o campeão Juca revela planos

Dakar (Senegal) – “Estou quase em final de carreira, então esta conquista é muito boa”. Assim o brasileiro Juca Bala, campeão na categoria SuperProduction no Rally Paris-Dakar 2001, avaliou a conquista. Aos 36 anos, enquanto já fala em parar de acelerar no fora-de-estrada, o piloto da BR Lubrax também faz planos de um tricampeonato no Rally dos Sertões e de voltar ao Dakar, em moto e até em carro. Confira na entrevista exclusiva ao Webventure, um dia após o fim do rali.

Webventure – Juca, pra começar, conte foram suas participações nos anos anteriores…

Juca Bala – Em 99 foi a minha estréia, eu não tinha experiência. Apesar de ter treinado muito duro no Brasil, faltava a prática. Pra estragar eu ainda atropelei a vaca (no episódio, o piloto fraturou a mão) e saí com vontade imensa de voltar. Em 2000 estava tranqüilo, mas cometi alguns erros, tenho de falar. E também tive o azar, faltando mil quilômetros pra chegar, no penúltimo dia, de o motor quebrar.

Webventure – O que a palavra persistência significou neste ano?

Juca Bala – Procurei usar o que aprendi e, no começo, armamos uma estratégia de jogo de equipe. Eu e o Jean ficamos andando juntos, nos ajudando, ganhamos um ritmo bom e a vantagem na categoria (SuperProduction 2.2). Até que o Jean saiu (o piloto abandonou na 11ª etapa, com uma contusão nas costas). Mas quando isso aconteceu a gente já tinha uma vantagem e foi só administrar. Liderar dá um ânimo a mais, você sabe que é um sofrimento que vai acabar.

Webventure – Qual foi a maior dificuldade?

Juca Bala – Tudo. O rali deste ano foi considerado o mais difícil. As piores partes foram muita pedra e areia.

Webventure – Durante uma especial, o que passa pela sua cabeça?

Juca Bala – A gente pensa em muita coisa, apesar de estar totalmente dedicada ao road-book. Eu penso na familia, no quanto falta pra terminar e descansar…isso anima a gente.

Webventure – Como é a rotina de piloto no Paris-Dakar?

Juca Bala – É difícil. Dorme-se muito pouco, não se toma banho… quando temos a chance de tomar é uma disputa, uma confusão, acaba a água. Você vai dormir lá pelas dez, onze horas da noite e os aviões largam de madrugada, fica aquele barulho de gerador ligado, ronco de motores… Às quatro, cinco horas, o despertador toca e não tem jeito, tem que levantar. Então você toma café e fica 10, 12 horas em cima da moto.

Webventure – A quem você dedica este título?

Juca Bala – Ao Luís Mingione, que infelizmente sofreu um acidente antes de ir pro Dakar e machucou o ombro. Na fase de preparação, a gente fez um treino muito duro, eu procurei passar bastante coisa pra ele e isso me ajudou. Acho que ele tinha condições de chegar, quem sabe uma dobradinha na categoria.

Webventure – O que significa a vitória no Dakar?

Juca Bala – Batalhei bastante pra isso, estou quase em final de carreira, então a conquista é muito boa. Era um sonho, como os pilotos que sonham em chegar à F1…

Webventure – Quais são os seus próximos planos?

Juca Bala – Neste ano quero correr algumas etapas do Arena Cross e me dedicar ao Rally dos Sertões, para tentar o tri (Juca foi campeão em 1993 e 96) e, quem sabe, fechar com chave de ouro a minha carreira.

Webventure – Você pensa em voltar ao Dakar?

Juca Bala – Sim, mais uma ou duas vezes, de moto. Quem sabe depois voltar de carro, como navegador, pois todo piloto de moto acaba sendo um grande navegador.

Webventure – Seu filho escreveu uma mensagem no Muro de Recados da cobertura on line dizendo que guardou um pedaço do bolo de aniversário para comer com você… Mande uma mensagem à sua família.

Juca Bala – Minha familia é tudo. O Juan, meu flho mais velho é que fez aniversário e eu não estava lá pra cantar parabéns pra ele. Mas daqui a pouco eu volto. Deixo um abraço para todos, um beijo para minha esposa Sílvia, pros meus filhos Mariane, Renan e um especial pro Juan.

Este texto foi escrito por: Ricardo Ribeiro