O atleta Rafael Campos (foto: Cristina Degani/ www.webventure.com.br)
O ano vai começar para os corredores de aventura pelo menos para Rafael Campos, da QuasarLontra, que vai correr o Desafio Aysén, no Chile, entre 19 e 22 de janeiro.
A prova na região da Patagônia será em dupla, e o experiente Rafa vai correr com a novata em provas longas Márcia Blanes. Haverá trekking, orientação, ciclismo, caiaque e duas provas a cavalo, em três etapas de 100 quilômetros cada, com descanso noturno.
A seguir, Rafael contou ao Webventure quais são as expectativas para a primeira competição do ano, os planos de uma das equipes mais antiga em atividade como tentar ser tricampeã do Ecomotion/Pro , a vida sem patrocínio e como funciona a renovação do time.
Qual a expectativa para o Aysén?
Acho que será uma prova para aproveitar o visual. É a primeira vez que participamos dela. Eu já fiz algumas competições no Chile e, para mim, a Patagônia é um dos lugares mais bonitos que existe. A prova tem um tamanho que eu gosto. Por ser início de ano, você não está preparado para uma muito grande. E ainda dá para dormir todas as noites perde-se um pouco da essência das corridas de aventura, mas, por outro lado, permite conhecer mais ainda o lugar, pois seria um desperdício cruzar os lugares à noite.
Como foi o seu preparo para esta prova?
Ela será em uma região bem fria. Vamos ter cerca de 50 quilômetros de trekking na cordilheira, talvez em trechos de neve eterna. Por isso, nos preocupamos com o equipamento, porque na Patagônia o tempo muda muito rápido. Lá pode amanhecer com sol e pouco vento e, de repente, virar uma tempestade e a temperatura cair absurdamente. Se você não estiver preparado, é bem arriscado.
Quais são os planos da Quasar para 2012?
Nosso principal objetivo é o Ecomotion/Pro. Já somos bicampeões e queremos tentar o tri. Ano passado não conseguimos competir com uma equipe só de integrantes da QuasarLontra. O Xiquito [Erasmo dos Santos Cardoso] quebrou o braço, a Tessa [Roorda] não estava aqui. Acabamos improvisando uma equipe. Esse ano, queremos ir mais estruturados, com uma equipe fechada.
Como estão os treinos para o Ecomotion/Pro?
Cada atleta tem a sua rotina. Até o Ecomotion/Pro, a intenção é fazermos provas de preparo, como o Adventure Camp e, talvez, a Chauás. Como todos os atletas da equipe já têm experiência e são fortes fisicamente, cada um se prepara dentro de sua rotina e, nessas provas, tentamos afinar o entrosamento.
A equipe está conseguindo se virar sem patrocínio?
Estamos sem patrocínio, mas com muita vontade de fazer as provas e ir viabilizando do jeito que dá. Eventualmente, eu faço palestras motivacionais para empresas, com a intenção de ajudar o caixa da equipe. Estamos aguardando uma empresa confirmar ajuda. Qualquer contribuição é positiva. Mas, temos apoiadores, que dão equipamentos. Tem a GU, que dá energético; a Oakley óculos; a North Face, que ainda não sabemos, mas talvez tênis.
Como funciona a renovação na equipe?
Muitos atletas que já correram conosco, dando uma força em momentos que a gente precisou. Tem uma base de pessoas que sabemos que dá certo. Por não termos patrocínio, precisamos escolher quais competições vamos investir. Por conta disso, não devemos colocar muitas pessoas novas. Mas a base é eu, Rodrigo [Martins], Xiquito, Mateus [Ferraz], Tessa e Sabrina [Gobo], mais o Miguel Neto e a Marcinha entrando agora. Eu, particularmente, estou sempre de olho em atletas que têm potencial, que se assemelham ao perfil da equipe, para nos substituir quando não podemos correr.
A QuasarLontra tem quantos anos?
Em 2011 deixamos passar em branco, mas fizemos 10 anos. E em 2012 faz 10 anos que fizemos o Eco-Challenge, a última edição dessa prova. Foi quando teve o melhor resultado de uma equipe brasileira em toda a história da competição, um 12º lugar. Ela foi uma das etapas mais difíceis em toda a história da corrida de aventura. Até hoje, falo em palestras de nossa participação no Eco-Challenge.
Como é correr ininterruptamente há tanto tempo?
A corrida de aventura é uma paixão. A equipe também acabou se tornando uma paixão, pelas amizades. Têm atletas como o Fabrício, que corria conosco quando formamos a equipe em 2001. Ele continua com a gente, mas faz uma prova no ano. Mas, vemos as dificuldades das outras equipes para se manterem. Houve momentos em que também pensamos em parar, por causa de grana, por exemplo. Mas vamos lutando para nos manter.
Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi