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Rafael Campos fala sobre participação da Quasar Lontra no Mundial da Suécia


Rafael Campos (foto: Tico Utiyama/ Arquivo Webventure)

No último dia 10, a equipe Mitsubishi Francis Hydratta Quasar Lontra embarcou para a Suécia. De 16 a 23 de agosto, o time participará do Adventure Racing World Championship 2006, que se iniciará em Lapland, Suécia, e terminará em Nordland, Noruega. O Mundial da Adventure Racing Word Series reunirá 33 equipes de 14 países e começará nesta quarta-feira (16), às 11 horas da manhã. A organização do campeonato, a Explore Sweden, distribuirá 360 mil coroas suecas em dinheiro aos cinco primeiros quartetos colocados. A soma representa aproximadamente 50 mil dólares.

O time composto por Rafael Campos, Marina Verdini, José Luiz Reginato e Guilherme Pahl, da Oskalunga, enfrentará 800 km de prova na região do Círculo Polar Ártico, correrá sem equipe de apoio e deverá cumprir modalidades como mountain bike, trekking, escalada em glacier, técnicas verticais, caving, canoagem e patins. Rafa, Zé Luiz e o “okalunga” Gui formam uma trinca de navegadores, que, com certeza, fortalecerá a parte técnica brasileira.

Antes do embarque, o capitão Rafael Campos concedeu uma entrevista ao Webventure. Na conversa, o atleta falou sobre o treinamento do grupo para o Mundial, apontou a perna mais difícil da disputa, explicou como funcionará a orientação com três navegadores e reconheceu que os trechos em neve trarão desvantagem aos competidores brasileiros. “Os norte-americanos e os suecos possuem a cultura de esquiar e andar na neve o que nos coloca em uma certa desvantagem”, declarou.

No entanto, é difícil imaginar que a forte, experiente e guerreira Quasar Lontra se abata com essa diferença. Depois de um 2005 infrutífero, com as desistências no Ecomotion/Pro Serras Gaúchas e no Mundial da Nova Zelândia, a equipe se fortaleceu. Atualmente, o time divide a liderança do Brasil Wild com a SOS Mata Atlântica e está na terceira posição do Ranking Brasileiro de Corrida de Aventura.

Mesmo com os bons ventos de 2006, Rafael preferiu baixar as expectativas para o desafio internacional. “Sabemos que a competição será difícil. Ganhar qualquer posição nesse Mundial é briga de cachorro grande”, afirmou. Mas, para nós, que somos brasileiros e conhecemos a garra dessa equipe, o melhor é torcer e esperar. Confira a seguir a entrevista completa com Rafael Campos sobre o Mundial da Suécia.

Webventure – Como muitas equipes brasileiras e estrangeiras, a Mitsubishi Francis Hydratta Quasar Lontra é um time que corre com formações diferentes. Qual foi o critério para escolher os integrantes para competir pelo Mundial?
Rafael Campos – Queríamos ir com uma equipe forte e competitiva, com atletas que agregassem ao time e com pessoas que tivessem a disponibilidade de ficar um período longo fora do Brasil. E, com essa formação conseguimos isso.

Webventure – Houve alguma mudança no treino?
Rafael – Intensificamos o treinamento há três meses, quando foi decidido que realmente iríamos. Nesse período, começamos a nos dedicar às modalidades da prova.

Eu e o Zé Luiz aprendemos a patinar. Não somos ases, mas já dá para completar a perna. Além disso, nos últimos dois meses e meio, fizemos alguns simulados longos de trekking com mochilas pesadas.

Webventure – A Suécia e a Noruega têm climas, vegetações e relevos diferentes do Brasil. Diante disso, como vocês pretendem superar os desafios naturais?
Rafael – Nossa experiência em agüentar situações difíceis nos ajudará. No que tange a parte geográfica, estudamos, pesquisamos e consultamos as condições locais.

Eu, por exemplo, fui conversar com Helena Coelho (montanhista e colunista do Webventure) sobre como se caminha na neve e em glaciers. Com ela, peguei dicas sobre segurança e posicionamento da equipe em linha.

Webventure – Como funcionará a orientação com três navegadores?
Rafael – O Guilherme levará a equipe na mountain bike. O Zé Luís navegará à noite e, durante o dia, conduzirei no trekking e na canoagem.

Isso porque o Gui se sente muito à vontade para navegar na bike. Eu me sinto bem para orientar em qualquer modalidade, mas à noite ficou com muito sono. O Zé Luiz se sente bem à noite.

A princípio, será assim. No entanto, conforme a prova for se desenrolando, haverá momentos em que eu vou pegar a navegação na mountain bike, que o Gui fará o trekking e assim por diante. O importante é sempre ter dois orientadores atentos à navegação.

Webventure – Qual é a perna que o grupo considera a mais difícil?
Rafael – O segundo trecho de trekking de montanha porque será um trekking em glacier onde enfrentaremos escalada em gelo.

Segundo a organização, será uma perna técnica em que todas as equipes terão dificuldade. Nunca andamos encordados e nunca fizemos escalada, por isso acreditamos que será a mais difícil.

Webventure – E a mais fácil?
Rafael – A mountain bike. O time é forte nessa modalidade e o relevo e o clima não dificultarão.

Webventure – Mas apontar apenas uma modalidade como a mais fácil não é uma desvantagem. Já que, geralmente, as equipes estrangeiras vão bem em tudo?
Rafael – Sim. Os norte-americanos e os suecos têm invernos rigorosos, possuem a cultura de esquiar e andar na neve o que nos coloca em uma certa desvantagem. Pretendemos nos recuperar no trekking, no remo e na navegação.

Webventure – Em relação ao Mundial da Nova Zelândia, o ARWC 2005, vocês estão melhores fisicamente, estrategicamente e psicologicamente?
Rafael – Psicologicamente, eu acho que sim. No ano passado, viemos de um Ecomotion/Pro catastrófico. No Mundial, tentamos reverter o jogo, mas foi pior.

Fisicamente, creio que estamos tão bem quanto estávamos na Nova Zelândia. Essa formação nova, com um integrante que não é da equipe, vai ajudar. O Gui está muito motivado em representar o Brasil em um time forte e competitivo como a Quasar Lontra.

Estrategicamente, estamos um pouco melhores porque começamos a fazer treinos específicos para essa prova. Nos preocupamos em aprender a andar de patins, pilotar kick bike (uma espécie de patinete) e estudar mais os trechos de neve.

Webventure – O Brasil pode contar com algumas coroas suecas?
Rafael – Vamos tentar! Até para ajudar a pagar as despesas (risos). Sabemos que a competição será difícil. São apenas 33 equipes e entre elas estão a Buff – Coolmax, de Benjamin Midena (vencedora do Ecomotion/Pro 2005), a Merrell/Wigwam Adventure, de Robyn Benincasa, a Nike Power Blast, de Ian Adamson (vencedora do Primal Quest 2006) e a Abarth-Teva, de Antonio De La Rosa Suarez. Enfim, desses 33 times, há 20 equipes de muito prestígio, muito fortes e que estarão em busca do título.

Essa disputa é diferente do Primal Quest. A prova norte-americana tem 80 times e, desses, há 15 muito bons, 30 medianos e 45 que vão só para terminar a competição. Então, ganhar qualquer posição nesse Mundial, assim com nos ARWCs do Canadá e da Nova Zelândia, é briga de cachorro grande.

A Mitsubishi Francis Hydratta Quasar Lontra retorna ao Brasil no dia 29 de agosto. Para mais informações sobre a equipe, acesse www.quasarlontra.com.br.

Este texto foi escrito por: Debora de Lucas