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Rally dos Sertões é a segunda maior prova do mundo, dizem estrangeiros


Prólogo deu início ao rali em Goiânia (foto: Tom Papp/ www.webventure.com.br)

A 14ª edição do Rally dos Sertões, que terminou no último dia 5 em Porto Seguro (BA), foi a que mais atraiu estrangeiros até agora. Foram 15 competidores, sem contar equipes de apoio e imprensa. O segundo ano consecutivo do rali como parte do Campeonato Mundial de Cross-country para as motos contribuiu para o aumento dos estrangeiros na categoria.

Mas os carros também tiveram equipes de outros países, como a dupla portuguesa Pedro Gameiro e Antonio Silva, e o uruguaio Javier Fernandes que competiu com o navegador israelense Harth Aziz.

Para cada um, o Rally dos Sertões foi uma prova diferente, mas muitos dos que possuem experiência internacional e passagens em ralis importantes afirmaram que o Rally dos Sertões é o segundo rali do mundo, só perde para o Dakar nos quesitos desafio, beleza e dificuldade.

Hospitalidade – Existe um fator que torna o Sertões melhor do que o Dakar, segundo o campeão (das duas provas) Cyril Despres. “Na África ficamos mais presos ao universo do rali, o povo local é muito diferente e não temos tanta confiança. Aqui no Brasil não foi assim, o povo é alegre, nos recebeu muito bem. Com certeza estarei de volta no ano que vem”, comentou o piloto francês campeão geral do Sertões 2006 nas motos.

“O Brasil é um país tão grande que daria para fazer um rali de quatro semanas sem sair daqui. Mas eu prefiro os nove dias do Sertões mesmo”, brincou Despres. “De todas as provas que participei, posso assegurar que o Rally dos Sertões é a segunda melhor, só perde para o Dakar”, comentou.

O diretor de prova para os carros, o português Jaime Santos, concorda com a opinião do campeão Despres. “Assim como muitos estrangeiros vieram me dizer, também acho que o Sertões só perde para o Dakar. Foi um rali muito duro, mas muito bem organizado”, elogiou o português.

Jaime Santos é diretor de prova do rali desde 2002 para os carros e também é responsável pelo levantamento do percurso de parte do Dakar, além de organizar provas nacionais em Portugal.

O francês David Castou, segundo colocado na geral e líder do mundial, comemorou a chegada em Porto Seguro e ressaltou as paisagens brasileiras durante o percurso. “É uma prova que mistura beleza e dificuldades. Vimos paisagens soberbas”, contou. Para o chileno Francisco Lopez, a diversidade durante a prova é um diferencial do Sertões. “É uma prova muito bonita, que tem mudanças constantes de visual e de terreno. Andei o mais rápido que pude, mas a prova é muito competitiva”, acrescentou.

O australiano Christophe Barriere-Varju vai levar lembranças de maus momentos para casa. A partir da segunda etapa o piloto sofreu uma intoxicação alimentar, ficou desidratado e não conseguiu comer direito desde então. Mesmo assim chegou até Porto Seguro realizado. “Foi uma luta imensa chegar até aqui, mas valeu a pena. Foi uma prova fantástica”, desabafou.

Mundial para carros – Simone Paladino, diretora executiva da Dunas Race, empresa organizadora do evento, afirmou ao final do rali que uma das intenções da organização é tornar o Sertões parte do Campeonato Mundial de Cross-country para os carros também.

O piloto português Pedro Gameiro, que já participou duas vezes do Dakar e estreou no Sertões 2006, afirma que se o rali fizer parte do mundial, pode perder algumas de suas principais características. “Esse é um rali brasileiro, muito competitivo para pilotos e navegadores daqui. Se as equipes estrangeiras chegarem, com os carros de ponta, a prova vai perder um pouco a graça para os brasileiros”, comentou o português.

O Rally dos Sertões 2006 começou no dia 26 de julho com o prólogo, em uma pista montada em Goiânia (GO). A caravana largou em direção ao norte do Estado para a cidade de Minaçu no dia seguinte. A partir de então, foram 3.878 quilômetros, com passagem no Tocantins, Maranhão, Piauí, Bahia e Minas Gerais.

O rali voltou a terminar na praia, pela primeira vez em Porto Seguro, debaixo da primeira chuva em todo o percurso. Mas nem isso desanimou os competidores de 115 veículos que terminaram a prova. A surpresa desta edição ficou no resultado geral dos carros, no qual pela primeira vez desde 2001 uma equipe privada, sem patrocínio oficial de alguma montadora, venceu o rali.

João Franciosi e Rafael Capoani foram os melhores do Sertões 2006 nos carros. Já nos caminhões, Amable Barrasa e José Papacena conseguiram o segundo título seguido, depois de dez participações do piloto na prova.

“Esse título consagra a soma de vários fatores, que temos trabalhado desde o ano passado, como planejamento, trabalho sério e envolvimento total da equipe. Aconteceu no outro rali, e também esse ano. Isso vem em decorrência de tudo o que aprendi nesses dez anos de Rally dos Sertões”, comentou o campeão.

Mudanças – A próxima edição do Rally dos Sertões marca os 15 anos da prova e a organização está preparando mudanças para o ano que vem. A cidade de largada não deve ser mais Goiânia, e provavelmente o rali volte a terminar em Porto Seguro. O formato do percurso também deve mudar, com preferência para algumas etapas em forma de laço.

Este texto foi escrito por: Daniel Costa