Villiers e Dirk venceram o Rally dos Sertões 2088 (foto: Caetano Barreira)
Não foi um Dakar – até mesmo porque este ano foi uma exceção à regra de quase 30 anos de evento, devido ao cancelamento da prova. Mas o Rally dos Sertões, que teve sua 16a edição finalizada na última sexta-feira nas areias de Guamaré (RN), cidade distante 170 quilômetros de Natal, depois de 11 dias de prova, surpreendeu o time oficial de cross-country da montadora Volkswagen.
Giniel de Villiers e Dirk von Zitzewitz, que levaram a primeira etapa do ano do mundial na Hungria, venceram o Sertões na geral de carros com tempo total de 29h28m32 e os segundos colocados foram a outra dupla da equipe Volkswagen Motorsport Mark Miller e Ralph Pitchford, com o tempo total de 30h34m52.
Após vencer o prólogo e levar o primeiro lugar em sete etapas, a dupla Villiers/ Dirk foi a melhor, competindo apenas com a dupla da equipe, aliada ao tempero local. Com três vitórias e pé no acelerador, Miller/ Pitchford estava bem na geral, mas um problema no turbo do motor na nona especial lhes custou uma pena de 48 minutos por chegar uma hora atrasado para a largada.
Mesmo assim, a vantagem da equipes de fábrica era significativa: ao final de 4.500 quilômetros, as duplas da VW estavam aproximadamente duas horas à frente do terceiro colocado no Sertões Reinaldo Varela / Marcos Macedo.
Não apenas por mim, mas falo por toda a equipe: foi realmente um desafio este rali, diz o sul-africano Giniel de Villiers, primeiro piloto estrangeiro campeão na categoria carros. Acostumado aos maiores ralis do mundo, o piloto faz a comparação com as mais difíceis etapas do Rally Dakar.
O terreno que passamos aqui é bem diferente do Marrocos ou mesmo da Mauritânia. Bem difícil de conduzir e sei que também foi difícil para navegar. Foram 10 dias com as pernas travadas e sem um dia de descanso para os mecânicos, bem como para nós pilotos e navegadores. Isso foi de uma extrema tensão, explica.
Desafio fantástico – A exigência foi grande para a equipe que veio como favorita e participou da primeira etapa FIA do Rally dos Sertões. Para o navegador campeão Dirk von Zitzewitz, o Sertões começou sem expectativa e tornou-se um desafio.
“Viemos ao Brasil sem saber o que esperar. O fato de ser 4.500 quilômetros ao longo de 10 etapas eram apenas estatísticas para nós. Mas desde o primeiro dia o rali mostrou-nos por que razão é considerado difícil. As especiais exigiram muito de nós e dos pilotos, analisa Dirk. O alemão ressalta que em troca levou consigo a calorosa recepção em todos os locais que chegavam e as maravilhosas paisagens que viram.
Já o navegador Ralph Pitchford ressalta o detalhamento das planilhas. Não conseguimos nos preparar para a navegação como costumamos fazer. Mesmo assim, tivemos uma prova em perfeitas condições. As planilhas eram muito boas e extremamente detalhadas, o que, por outro lado, demandava plena concentração.
O desafio relatado pela equipe foi uma mistura de situações e terrenos diversos em 10 dias de etapas especiais. O destaque ficou para a mistura de elementos durante a prova, como estradas rápidas e passagens estreitas, rochosas, com muita lama e pântanos, assim rios profundos, como areias, dunas e mata natural, mostrando um cenário diverso e selvagem que o Centro-Oeste e Nordeste do Brasil preservam.
Com o cancelamento do maior rali do mundo no início do ano, o Rally Dakar, a Argentina foi escolhida como país sede para o evento em 2009 (de 3 a 18 janeiro). Assim, tanto a VW quantos as melhores equipes do mundo estão se preparando para aquele que promete ser um rali histórico, o primeiro Dakar que não terminará em Dakar no Senegal e que acontece em um continente estranho para muitos pilotos europeus. As equipes que já estiveram no Rally por Las Pampas têm a vantagem de conhecer um pouco do terreno sul-americano. A equipe VW também e mais: de conhecer a dureza do Rally dos Sertões, vizinho próximo ao novo Dakar.
Nós aprendemos muito aqui, especialmente no que diz respeito às exigências técnicas dos equipamentos e ao tipo de terreno. Foi um rali fantástico, disse o alemão chefe da equipe VW Kris Nissen. Estamos nos preparando para um Dakar na Argentina e Chile e este rali nos ensinou muito sobre o local. Quero fazer um agradecimento especial em nome de nossa equipe para a Volkswagen do Brasil, por todo apoio que nos deram”.
Sobre o Dakar, o piloto campeão Villiers diz que estão adiantados. Creio que podemos citar várias coisas positivas a partir desta experiência e sei que demos um outro passo à frente na nossa preparação para o Dakar em janeiro de 2009″.
Este texto foi escrito por: Cristina Degani