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Recorde na Tailândia: “céu apertado para tanta gente”

Redação Webventure/ Outros

Ao todo, são 400 pára-quedistas. Destes, 300 tentarão, a partir de amanhã, o novo recorde de formação em queda livre. Direto da Tailândia, Ricardo Petenná, um dos capitães da equipe de 15 brasileiros, escreve sobre o dia-dia dos treinos. E admite: “O céu fica apertado para tanta gente”.

“Nós chegamos à Tailândia no último dia 30 e fomos extremamente bem recebidos. Como as atividades do World Team – nome do grupo que está tentando o recorde – fazem parte das comemorações do aniversário do rei Bhumibol, por onde vamos somos bem tratados. É incrivel a capacidade desse povo para organizar festas.

Até agora já batemos um recorde (o de mass free fall jump), o que nos garante um lugar no Guiness. Nos últimos três dias temos feito saltos
preparatórios de treinamento para o recorde de maior formação, o 300 way, que é o nosso objetivo aqui. Amanhã vamos partir para as tentativas de recorde.

Os brasileiros tem se destacado em todos os aspectos: disciplina, espirito de equipe, uniformização e, acima de tudo, na técnica. Acho que todos os países já tiveram sua oportunidade de cometer erros, mas o Brasil está dando show. Nota 10 para todos nós.

“A saída do avião parece um estouro da boiada. Oitenta pessoas passam pela rampa, em menos de 10 segundos”



Ontem, estávamos fazendo treinamentos de formações de 144 pessoas e outros dois grupos faziam figuras de 100. Na noite, anterior quase 400 pára-quedistas sentaram no gramado no pátio do aeroporto enquanto BJ Worth, o organizador do recorde, subia no telhado da construcao onde fica a torre de controle. De lá, falando pelo sistema de som, ele fez o briefing do uso do sistema de oxigênio.

Quando fomos embarcar, quase 80 pessoas, em cada um dos quatro avioes Hercules da Royal Thai Air Force, parecia que estávamos embarcando para a guerra, mas com uma diferença: rolava muita energia positiva. Quando chegamos a 14.000 pés, o sistema de oxigênio foi acionado e testado pela primeira vez. Tudo funcionou perfeitamente, só uma garota da Alemanha chegou ao solo com sintomas de hipoxia e teve de ser atendida pela equipe médica. Mas voltou a saltar na decolagem seguinte.

Ready, set, go!

Vou contar um pouco como é um salto. Ontem, saltamos a 18.000 pés. A rampa do Hercules abre cinco minutos antes do salto. Então, recebemos um aviso de dois minutos e todos devem permanecer imóveis. Quando toca a campainha, as máscaras de oxigênio são retiradas do rosto e temos 15 segundos para saltar. Os 80 pára-quedistas se comprimem para ficar o mais próximo possivel da rampa de saída. Iniciada a contagem (ready, set, go), a saída parece um estouro da boiada em disparada. Oitenta
pessoas passam pela rampa, em menos de 10 segundos. O time brasileiro
mergulha em conjunto e se aproxima da base pelo lado direito da formação.

A 7 mil pés, um pára-quedas se abre na formação. Quando o segundo pára-quedas se abre, quatro segundo depois, é hora dos brasileiros virarem 180 graus, se afastarem dos demais e abrirem seus pára-quedas. Neste momento, 150 pára-quedas (incluindo os cameramen) procuram um lugar no espaço. O céu fica apertado para tanta gente.

É preciso muita atenção para não colidir durante a navegação e um pouso perfeito. Depois vem o debriefing. Os capitães de cada
um dos 39 paises aqui representados (do Brasil somos eu e o Rogério Martinatti) olham os vídeos e propõem as correções a serem feitas. Um anuncio no sistema de som avisa os participantes: “Em 15 minutos vamos ensaiar (dirt dive) no solo o próximo salto. E aó começa tudo de novo.”

Este texto foi escrito por: Ricardo Petenná

Last modified: dezembro 8, 1999

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