A regra do tripulante mirim é uma das tradições da Semana Internacional de Vela de Ilhabela, maior evento da modalidade oceano da América Latina. O evento, que ocorre de 20 a 27 de julho, no Yacht Club de Ilhabela, deve reunir um bom número de crianças e adolescentes em 2024.
Os jovens têm a chance gratuitamente de disputar as regatas em Ilhabela (SP) e continuar sua trajetória no esporte. Os tripulantes mirins podem fazer parte de todas as classes da SIVI, exceto C-30, HPE 30. Será permitida a inclusão de até um velejador de até 17 anos e com peso máximo de 65 kilos em 20/07/2024.
A ideia surgiu em 2003 no YCI em uma parceria de Cuca Sodré, diretor técnico da regata, o atleta olímpico Guga Zarif, que fez história a bordo do Áries. O objetivo era dar chance às crianças e adolescentes experimentarem as disputas na ilha com seus familiares. Além de ajudar as equipes a completar suas tripulações, já que a vela oceânica sempre usa várias pessoas nas embarcações.
”Provavelmente se não fosse a regra do tripulante mirim, eu não teria virado velejador profissional, não teria ido para olimpíadas, provavelmente a minha vida teria sido bem diferente”.
O projeto deu tão certo que o primeiro testado, aos 10 anos de idade, foi Jorge Zarif, campeão mundial de Star e Finn, e melhor atleta do Brasil em todas as modalidades em 2013. A frase acima resume a importância do projeto. Outros como ele passaram pela regra e trilharam os caminhos da vitória na vela olímpica, amadora ou profissional.
”A regata é muito importante, pois fomenta a criação de novos tripulantes. A criança do Optimist normalmente só sabe timonear, está aprendendo um monte de coisas. Isso encurta bastante a curva de aprendizagem, você consegue fazer com que a criança e o adolescente aprendam a velejar em várias funções em um período de tempo muito mais curto”.
O Optimist citado por Jorge Zarif é a classe de introdução à vela onde os pequenos fazem tudo num barquinho pequeno. Já na vela oceânica tudo muda de figura, pois para realizar uma manobra é preciso várias pessoas.
Pai de Jorginho, Guga Zarif tinha um barco de oceano pequeno, LC30, que era um veleiro para até seis tripulantes, o que tornava praticamente complicado colocar uma criança para uma disputa em alto nível, como a Semana Internacional de Vela de Ilhabela.
”Era muito penoso você colocar uma criança, um adolescente que não soubesse manejar direito, ainda mais no meu caso, que sempre foi muito grande e pesado. E aí nessa época ele e o Cuca começaram a bolar a regra do tripulante mirim, acabou que foi aprovado, deu super certo. E eu comecei a velejar no barco com ele, com a tripulação”.
”Foi muito importante pra mim porque eu velejava de Op, achava muito chato, barco lento, eu era bem ruim também, ia mal nas regatas e velejar com o meu pai, com os amigos dele num barco maior, bem mais dinâmico, fez com que eu entendesse melhor as coisas e que eu começasse a gostar também de velejar”.
Em 2024, a SIVI passou de 15 para 17 anos a idade máxima da regra do tripulante mirim, uma das novidades para a temporada que marca a 51ª edição. A idade mínima não existe.
Este tripulante mirim não pagará inscrição e o limite de peso para classe ORC será de 65kg, e o excedente inclui na pesagem total da equipe. Para as outras categorias, não será computado para verificação de limite de peso ou quantidade de atletas.
A comprovação destas condições poderá ser solicitada pela Comissão de Regata a qualquer tempo, como também na confirmação das inscrições.
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Foto: Rosanne Woelz/YCI