O remador Dan Robson (foto: Arquivo pessoal)
Desde a última segunda-feira (22), o esportista brasileiro Dan Robson está nas águas do Rio Tietê, no Estado de São Paulo, para repetir a expedição que fez em 2009, quando remou, em um caiaque solo, da nascente à foz do rio. A ideia, dois anos depois, é checar se as prefeituras das cidades que margeiam o Tietê realizaram ações de despoluição prometidas na época.
Faz 10 anos que o ex-analista de sistema se dedica a projetos ambientais. Na primeira viagem pelo rio, que durou 32 dias, ele coletou amostras de água a cada 1 quilômetro (o Tietê tem 1.100 quilômetros), medindo o nível de poluição delas. Agora, espero encontrar um grau significante de despoluição. E ainda cobrarei mais melhorias, disse Dan ao Webventure.
Em 2009, cheguei a encontrar mais de 50 carros abandonados nas águas do Tietê, diz, sobre uma pequena parte das ações que degradaram o rio nos últimos anos. Nas décadas de 1920 e 30, a população costumava praticar esportes náuticos, nadar e até pescar no Tietê. Mas a industrialização e a expansão urbana desordenada entre as décadas de 40 e 70 mudaram este cenário, e hoje o Tietê é um esgoto a céu aberto, principalmente na Grande São Paulo.
Uma equipe de 10 pessoas faz parte do Projeto Tietê As Claras (que tem apoio da Rede Globo), dando suporte por terra a Dan. Para se proteger de contaminações na parte suja das águas, o remador usa as mesmas roupas estanques utilizadas pelos funcionários da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para a limpeza de dutos.
Vivendo do lixo
Há quem goste da sujeira do Tietê. Segundo Dan, cerca de cem pessoas de uma comunidade nas cercanias do município de Pirapora do Bom Jesus (SP) vivem da coleta de lixo que boia no rio. Eles navegam em barcos a remo para recolher o material, que depois é enviado à reciclagem, e não utilizam proteção contra contaminação. Esse pessoal brincou comigo, dizendo que se o Tietê fosse despoluído, eles não teriam mais trabalho, conta Dan.
Este texto foi escrito por: Amanda Nero