Webventure

Repórter narra a emoção de “fazer rali”


Rodrigo no carro de Klever Kolberg (foto: Nerivélton Araújo)

O repórter da Agência Anhanguera, Rodrigo Guadagnim, participou de um treino com a equipe Petrobras Lubrax andando no carro e no caminhão. Confira a reportagem do jornalista publicada nos jornais Diário do Povo e Correio Popular (Campinas) em 27 de novembro:

Relatos dos pilotos, imagens na televisão, fotos nos jornais… Nada é suficiente para que se tenha uma idéia da sensação vivida por um piloto de rali ao disputar a principal prova mundial da categoria, o Paris-Dacar, ou ‘Rali da Morte’, como é mais conhecido. Ontem, a reportagem da Agência Anhangüera sentiu na pele um pouco da emoção de uma prova do gênero. E foi em alto nível, ao lado das principais autoridades brasileiras do esporte: Klever Kolberg (carro) e André Azevedo (caminhão), ambos da equipe Petrobras Lubrax a única do Planeta a disputar o Paris-Dacar, entre os próximos dias 1º e 19 de janeiro, em três categorias: caminhão, carro e motos.

Houve lugar para medo, susto e sobretudo adrenalina, já que andar sob o comando de feras com 16 Paris-Dacar nas costas oferece uma agradável segurança, mesmo que em situações extremas, com o solo encharcado e em alta velocidade. O local do teste, a pista de treinos Pirelli, no Fazenda Hotel Fonte Sônia, em Valinhos, também é fichinha para a dupla.

O mais divertido foi rodar com o Mitsubishi Pajero de Kolberg. Por um motivo óbvio: é mais veloz. Fomos a 140 Km/h na reta principal. A reduzida só vinha a cerca de 80 metros da curva, na verdade um ‘cotovelo ensaboado’. A cada entrada de lado, o sorriso inevitavelmente se estampava na cara do repórter. Lá pela quarta ou quinta volta surge a primeira pergunta: “Essa pista é muito mais fácil que a do Dacar, não é?”. A resposta veio de forma indireta: “Vamos rodar um pouco pela pista externa”.

Ali o bicho pegou! Em um terreno bem mais acidentado, a adrenalina não subia só nas curvas. Em alguns trechos chegamos até a sair do chão. Mesmo assim, o repórter queria mais. “Quando descer vou pedir para dar rolê de moto (com o piloto Jean Azevedo, que também estava no local)”, pensei. Depois mudei de idéia. “Ele vai achar que eu tô querendo ser o bonzão e vai judiar. Melhor ficar quieto”.

Logo no desembarque do Pajero veio a tentação: Um profissional de outro veículo me disse: “Gostou? Agora o Jean é que está procurando um doido para andar com ele de moto”. Ah, foi o que faltava! Pendurei na orelha do Jean no mesmo instante. “Ô cara, não é querendo dá uma de bom, mas não daria pra dá uma volta de moto?”, perguntei. “Que ir vamô, mas você vai se sujar inteiro”, alertou o piloto. “Não dá nada”, instiguei. “Mas você assume os riscos. O terreno tá liso e moto não é que nem carro, que entra de lado. Se deslizar agente cai mesmo, hein!”.

“Caramba, tem alguma coisa errada, aí”, pensei. “Ué, me falaram que cê tava procurando um doido para andar de moto, agora cê quer que eu mude de idéia!”, argumentei “Quem falô isso pra você? É mentira, acho que alguém brincou com você e você levou a sério”. O jeito foi rir.
Quando fui andar de caminhão com o André Azevedo, entendi a preocupação do irmão dele. “A pista tá muito lisa. Não é bom abusar, não”. Duas voltas depois entendi o que ele quis dizer. Entramos de lado numa curva. Estávamos devagar (60 ou 70km/h), mas o suficiente para sentir a pancada na saliência lateral da pista. O resultado foi um pequeno hematoma no abdome, causado pela presilha do cinto de segurança.

A principal marca deixada no repórter pela experiência, no entanto, foi perceber o quanto os caras são gente boa. A principal demonstração de humildade de quem poderia se considerar estrela veio na nossa partida. O carro da reportagem ficou preso entre as tábuas de uma ponte, a alguns metros abaixo da pista. Liguei na hora para o assessor de imprensa da equipe Ricardo Ribeiro. “Já tô mandando alguém aí”, disse ele. Adivinhe quem desceu? Klever Kolberg em pessoa para nos ajudar a empurrar o carro. Merece, ou não chegar ao lugar onde chegou? Se bem que desencalhar um golzinho deve ser moleza para ele.

Rodrigo Guadagnim
Da Agência Anhangüera
rodrigo@rac.com.br

Este texto foi escrito por: Webventure