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Residente brasileiro Máximo Kausch integra expedição rumo ao Cho Oyu


Escalador Máximo Kausch (foto: )

A expedição rumo ao Cho Oyu (8.201 metros), 6ª montanha mais alta do mundo, liderada pelo americano Dan Mazur, conta com o residente brasileiro Máximo Kausch como líder em treinamento. A equipe já está no Himalaia estabelecendo o primeiro acampamento avançado.

No início do mês, 24 montanhistas de diversas nacionalidades receberam a liberação chinesa para cruzar a fronteira ao Tibete e realizar a escalada. Todos fazem parte de uma expedição comercial.

O meio brasileiro, meio argentino Maximo é responsável, nesta fase da expedição, por montar as barracas, fixar as cordas pelo glaciar e conduzir os clientes nos terrenos mais perigosos.

Aclimatação e aproximação – Desde a entrada no Tibete, a equipe já realizou um treinamento e passou pela fase de aclimatação para a altitude em que se encontram. Passaram pelo acampamento base chinês a 4.900 metros e agora partem na busca por um local para estabelecer o primeiro acampamento avançado.

No início da semana, a equipe passou por uma cerimônia budista simbolizando sorte na escalada, que terminou numa festa multi cultural, com sherpas cantando e dançando músicas tradicionais.
Um dos líderes em treinamento da expedição, o americano Michael Zuidweg, teve que descer até o acampamento base chinês devido a um edema pulmonar.

A escalada no Cho Oyu é considerada como uma escalada relativamente fácil de mais de 8000 m, mas requer conhecimento minucioso das técnicas de segurança, grande preparo físico e psicológico. O escalador Máximo possui larga experiência em escalada em alta montanha, tendo vivenciado ainda um problema de edema retinal de altitude.

A equipe conta com:

Dan Mazur – EUA(leader), Sam Mansikka – Finlândia(leader), Maximo Kausch Argentina/Brasil (leader-in-training), Erik Petersen – EUA(leader-in-training), Michiel Zuidweg – EUA(leader-in-training), Squash Falconer Inglaterra, Suzy Madge Inglaterra, Marko Aho Finlândia, Kurt Blair EUA, Tom Clarke Austrália, Ron Cloud EUA, David Fairweather Inglaterra, Heikki Kallio Finlândia, Pertti Kalliola Finlândia, Gary Kellund EUA, Raimo Koponen Finlândia, Willem Leendertse – Holanda, John Pando EUA, Federico Rota Itália, Vik Sahney EUA, Keith Spencer EUA, Gavin Turner Austrália, Mikko Valanne Finlândia, Krzysztof Wasowski – Polônia.

O “meio” brasileiro “meio” argentino Maximo Kausch foi ao Himalaia pela primeira vez em 2004 e escalou sozinho o Ama Dablan (6812 metros), fixando cordas para outras expedições comerciais.

Na época, o feito chamou a atenção do americano Dan Mazur, que convidou Max para uma expedição ao Everest e Lhotse pelo Khumbu.

Em 2006, Maximo voltou ao Himalaia para escalar no Tadjiquistão. Desta vez, ele escalou o Pik Korjenevskoya, de 7.100 metros, sendo o 1º latino americano a fazer o cume. Porém, durante a descida, Máximo parou para ajudar uma expedição russa. A desidratação provocada por este socorro em altitude extrema causou o edema retinal, comprometendo 40% de sua visão no olho esquerdo.

Mesmo assim, o argentino, que reside no Brasil desde os 8 anos de idade, foi convidado para trabalhar nesta expedição graças a sua experiência e habilidade. Além de ser um apaixonado por montanhismo criado em terras brasileiras, seu problema de visão serve como alerta a montanhistas que se interessem por altitudes elevadas.

Além das inúmeras doenças manifestadas em altitudes elevadas, muitos dos escaladores que superam a barreira dos 5.000 metros voltam para casa com derrames retinais. Medicamente, o problema é descrito como Retinopatia de Altitude. De forma geral, retinopatia é o dano retinal causado por lesões de distintas origens.

Não se sabe ao certo como e quando a Retinopatia de Altitude aparece. Ela não está ligada somente à baixa pressão e baixa concentração de O2, mas também à desidratação e exaustão. As poucas imagens obtidas de retinas de escaladores não são recentes, já que eles demoram dias ou até semanas para chegar a um oftalmologista capacitado.

Segundo estatísitcas, os fatores que podem causar o problema são:

  • Aclimatação ruim
  • Exaustão física
  • Concentração exagerada e repentina de hemoglobina no sangue
  • Hipóxia Crônica
  • Variações bruscas de altitude adicionadas a uma ou mais causas descritas acima

    Segundo especialistas, ter um derrame retinal não significa que você vai ficar cego. Existem dúvidas sobre a imunidade à doença ou sobre uma predisposição maior de alguns indivíduos a ela, já que alguns escaladores sofrem com o problema, mesmo tomando os devidos cuidados.

    Este texto foi escrito por: Janine Cardoso