
Helena: indignação com atitudes de alguns visitantes de parques (foto: Gustavo Mansur)
De volta ao Brasil, Helena argumenta em nova coluna o cuidado que alguns grupos têm com as trilhas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos e, ao mesmo tempo, o descaso que outras pessoas têm com o bem comum.
Aproveitamos um domingo que estávamos no Rio de Janeiro e fomos para Itaipava com o objetivo de subir um pouco uma das trilhas mais bonitas do Brasil que é a Petrópolis Teresópolis, na Serra dos Órgãos.
Sem dificuldades para a entrada, apenas preenchemos um formulário sobre a nossa intenção e começamos a subida. E dá-lhe subir, subir, subir … a trilha está bem marcada, não há problemas em segui-la. Logo estávamos na parte superior onde é só seguir os marcos de pedras e… Açu à vista.
Descanso merecido em cima da pedra, olhando o visual da Pedra do Sino, do Dedo de Deus e, mais ao fundo, a Baía de Guanabara. Ficamos meio que com o olhar perdido naquela paisagem impressionantemente bonita.
Lembramos da primeira vez que subimos por ali, há muitos anos. Vínhamos de uma noite mal dormida no ônibus que nos trouxe de São Paulo; juntamos com nossos amigos de Petrópolis o Jorge e a Soneca e o Edgar. Eles saíram disparados na frente e nos vínhamos com umas mochilas pesadas atrás. Em um determinado ponto da trilha sentamos para descansar e… dormimos profundamente uma hora ou mais. Os nossos amigos preocupados voltaram atrás da gente. Podem imaginar a gozação que agüentamos aqueles dias.
Naquela vez, havia muitas flores pelo caminho e, como não sabíamos o nome, resolvemos chamá-las de “sininho” pela aparência. Tiramos muitas fotos, aliás, o Milton Shirata que estava conosco e quem tirou fotos, para variar, muito boas. Agora, não encontramos nenhuma daquelas florzinhas. Talvez não fosse a época.
Naquela vez, ficamos ali uns três dias apreciando o local, o Portal do Hércules, vendo as montanhas no meio das nuvens. Desta vez, após o descanso merecido depois de pouco mais de 2 horas de subida, resolvemos continuar mais um pouco na trilha para ver como estava o caminho; fomos além do Vale das Antas até onde dá para ver a subida para a Pedra do Sino.
Hora de voltar, ainda tínhamos que vir para São Paulo.
Na volta, encontramos um grupo de uma ONG de Petrópolis coletando todo o lixo pouco que havia na trilha. Atitude louvável para um grupo de jovens que usava sua tarde de domingo para manter limpa e cuidada essa maravilhosa trilha.
No contraponto, bem no meio da trilha, que tem bastante arbustos e, portanto, nem sempre se vê o chão, alguém havia tido a falta de bom senso, para dizer o mínimo, de usá-la como banheiro e não para fazer um xixizinho. Além dos restos não tão sólidos, ainda deixaram o papel higiênico usado. Por isso, não dá para dizer que foi outro tipo de animal. Ainda bem que ando quase sempre observando onde piso.
Não foi a primeira vez que vimos isso acontecer. A outra foi numa recente subida das Agulhas Negras, bem no meio da rota mais usada, onde se colocam as mãos para alçar o corpo para outro patamar.
Sinceramente? Não dá para entender como em lugares paradisíacos iguais a esses, com tanta gente subindo e descendo, com tantos outros cuidando para deixar esses lugares em ordem, como é que algum estúpido não consegue escolher um lugar mais adequado para usar como banheiro.
Será que na casa dele, a sala é usada para esse fim? Será que não dava para procurar um lugarzinho menos evidente? Será que não daria para carregar um saco plástico e trazer de volta o papel higiênico? Será que não daria para ter um pouco mais de respeito ao local? E aos demais?
Este texto foi escrito por: Helena Coelho
Last modified: outubro 27, 2004