Jaqueline representou o país nas últimas olimpíadas (foto: Divulgação)
O técnico da seleção brasileira de mountain bike, Eduardo Ramires, relembra os principais fatos e conquistas de 2007, e fala das promessas de 2008 para o mountain bike nacional.
Iniciamos a temporada com a convocação para a disputa do Pan-americano de mountain bike na Argentina, evento que valia vaga para as Olimpíadas de Pequim. Deu Canadá e Estados Unidos nas primeiras posições.
Como ambos já tinham direito a vaga pelo ranking de nações, e com o quinto lugar de Ricardo Pscheidt, sendo o primeiro entre os atletas da América Latina, o Brasil ficou com a vaga, garantindo participação nos Jogos Olímpicos, pelo menos no masculino. Uma ótima conquista para o inicio de temporada. Essa situação, sem dúvida, trouxe mais investimentos na modalidade.
A partir daí, o foco foram os Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro, que apesar de terem tido seletivas conturbadas, renderam a medalha de prata com Rubens Donizetti, que atravessava uma ótima fase em sua carreira.
Também não podemos deixar de lembrar o excelente trabalho de equipe junto com o Ricardo Pscheidt, que devido a sua situação na competição passou a adotar uma estratégia conservadora, ajudando a conter o pelotão, o que deu maiores chances para que Rubinho conquistasse a medalha.
Infelizmente a mídia ainda continua a divulgar o esporte com mais ênfase em épocas de Jogos Pan-americanos e Olimpíadas. Mas, percebemos que passado esse momento, a modalidade cai no esquecimento. Ainda que o ciclismo em geral esteja aparecendo, com alguns eventos sendo transmitidos ao vivo, o que mostra que o esporte está em crescimento, ele ainda está longe dos investimentos que algumas modalidades recebem.
Distribuição de verbas – A Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) tem feito o possível para dar suporte a todas as modalidades do ciclismo (MTB, Estrada, Pista e BMX), mas o Ministério dos Esportes tem que avaliar melhor a distribuição de verbas, pois o ciclismo é composto por várias modalidades e recebe como se fosse uma só.
Gostaria de ressaltar também a importância de alguns eventos em 2007. A Copa Internacional, sendo nossa principal prova de XCO (Cross-country Olímpico), uma referência na América Latina com pontos da União Ciclista Internacional (UCI), o que ajudou muito os atletas brasileiros. Outra prova relevante foi o Power Biker como prova de maratona em etapas, a qual todo ano tem novidades, reciclando os modelos de eventos.
Mais uma disputa de destaque foi o Desafio da Mantiqueira que, do meu ponto de vista, é o que tem o melhor nível de competição em provas de maratona. Isso é fruto do trabalho de quem conhece, e que já esteve no topo da elite brasileira com vários títulos: o senhor Erivan.
Também é preciso mencionar a importância dos eventos amadores como o Big Biker e a Copa Sampa Bikers, que desde o seu início já formou muitos atletas que hoje têm grande destaque no cenário nacional.
Outras provas desse tipo foram o Iron Biker, a Volta de Santa Catarina, a Trip Trail Ecomotion, o MTB 12 Horas, entre outras. No geral, o Brasil está com um bom nível de eventos. São alguns pequenos detalhes que irão determinar quem continua ou não fazendo parte do calendário em 2008.
Este ano também houve um melhor nível de competição entre os atletas em todas as categorias. Na Elite tivemos grandes disputas com Rubens Donizetti, Edivando Cruz, Robson Ferreira, Ricardo Pscheidt, que praticamente dominaram os pódios. Além disso, promessas como Daniel Carneiro, da Sub-23, evoluíram muito após a experiência no Mundial da Nova Zelândia, em 2006.
Essa melhora também aconteceu com Henrique Avancini, que teve um ano com altos e baixos e, infelizmente, não pode contar com todo o suporte necessário no Mundial na Escócia, sua última chance de
disputa na categoria Júnior. No entanto, ele é, sem dúvida, o nosso grande talento.
MTB feminino – No feminino, infelizmente não houve o mesmo nível de disputa pelo fato de que necessitamos de um trabalho voltado a incentivar mais atletas a ingressar no MTB.
Ainda assim, tivemos a feliz surpresa da volta de Adriana Nascimento, que simplesmente dominou as principais provas, conquistando os Brasileiros de XCO e Maratona.
O trabalho profissional que Jaqueline Mourão vem realizando há vários anos também merece ser lembrado. Ela, em especial, busca pontos da UCI para melhorar a colocação do Brasil no ranking de nações, a fim de conseguir vaga para as Olimpíadas 2008.
O esporte Mountain Bike no país está bom, mas ainda necessitamos iniciar um trabalho de orientação dos nossos atletas de forma mais precoce.
Não podemos esperar pelos elites, temos que realizar o trabalho a partir do juvenil, bandeira que tenho levado a todos que me procuram para indicar algum atleta para patrocinar. Investindo no juvenil, isto se tornará um espelho para os demais atletas que irão treinar para um dia serem como o amigo que já é patrocinado. É um ciclo vicioso, e quem ganha é o próprio esporte que terá um nível melhor de futuros elites.
Para 2008, o foco principal são os Jogos Olímpicos de Pequim. No entanto, também teremos o Pan-americano de MTB na Venezuela, a Copa Internacional, o Brasileiro XCO e o Mundial na Itália. Isso se referindo às competições.
Porém, o objetivo principal é a melhoria na orientação e na divulgação de tudo que faz parte do mundo do MTB, seja referente a atletas, treinadores, organizadores ou federações.
Vejo um grande futuro no MTB brasileiro. Só depende de nós.
Este texto foi escrito por: Eduardo Ramires
Last modified: dezembro 30, 2007