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Retrospectiva do Dakar 2003


O francês Peterhansel perdeu o 1º lugar na geral por ter quebrado na penúltima especial. (foto: Mitsubishi-Motors.)

Esta 25ª edição do Dakar foi mais uma emocionante, para entrar para a história. A largada aconteceu dia 1º de janeiro, em Marselha, na França, diante de 75 mil pessoas e a última etapa aconteceu no dia 19 de janeiro, em Sharm el Sheikh, no Egito. Foram 8.552 km percorridos ao longo de 19 dias, em 17 etapas, com 5.216 km cronometrados.

Na largada, 162 motos, 130 carros e 51 caminhões partiram para a sobrevivência com seus veículos. No Egito, apenas 91 motos, 68 carros e 27 caminhões conseguiram cruzar a linha de chegada. Uma vitória para quem está na maior e mais difícil competição off-road do mundo.

Muitos fatos marcantes aconteceram nesta edição. Jean Louis Schlesser, bicampeão do Dakar (1999-2000), protagonizou um deles. O piloto abandonou o rali na sexta etapa, com problemas no motor de seu Schlesser-Ford, sendo um dos grandes favoritos ao título.

Acidentes – Outro supercampeão, o checo Karel Loprais, sofreu um acidente na etapa 7 do Dakar, na Líbia, com o caminhão Tatra. O veículo ficou bastante danificado e ele também teve que dar “adeus” ao que poderia ser seu sétimo título no rali.

O piloto japonês Kenjiro Shinozuka e o navegador francês Thierry Zotti, da equipe oficial Nissan, sofreram um acidente no quilômetro 373 do trecho cronometrado da 8ª etapa, entre Ghat e Sabha. A região era repleta de dunas grandes e eles acabaram capotando. Shinozuka chegou a entrar em coma superficial, mas agora passa bem.

Depois do susto com o japonês Shinozuka, nos carros, no mesmo dia outro piloto favorito ao título abandonou o Dakar. O espanhol Joan Roma, da equipe oficial da KTM, sofreu uma queda com a moto no km 130 da etapa cronometrada, foi socorrido pelo helicóptero da organização e teve de abandonar a prova, mas sem ferimento grave.

Morte e explosão – O caso mais grave do Dakar ainda estava por vir. Na etapa 10, a primeira realizada sem GPS, o navegador francês Bruno Cauvy morreu depois de sofrer um acidente. Ele e o piloto Daniel Nebot capotaram com um Toyota MDJ 80 na metade dos 527 quilômetros cronometrados. Eles ocupavam a 63ª colocação na geral de Carros.

O caminhão da dupla Johann Peter Reif e do italiano Arnaldo Nicoli, da equipe KTM, também foi vítima. Uma roda traseira explodiu ao passar numa mina na fronteira da Líbia com o Egito, durante a etapa 11. Eles nada sofreram, mas a organização e as autoridades locais ficaram preocupadas e disponibilizaram um corredor humano de soldados egípcios para indicar o caminho correto aos competidores. O organizador da prova, Hubert Auriol, chegou a dizer que se tratava de minas da época da 2ª Guerra Mundial.

E quando tudo parecia que já estava certo, e os primeiros colocados das categorias já estavam definidos, uma falta de sorte mudou o resultado mais certeiro do Dakar 2003.

Até a etapa 15, o francês Stephane Peterhansel (Mitsubishi) liderava a geral de Carros e com grande vantagem sobre o segundo colocado cerca de 25 minutos, sobre o japonês Hiroshi Masuoka, colega de equipe e campeão do Dakar 2002. Peter estava a caminho de se tornar o segundo competidor a vencer o Dakar em duas categorias: na Motos (1991 a 1998) e na Carros, na qual poderia ter sido sua primeira vitória. Essa façanha só foi conquistada até hoje por Hubert Auriol, idealizador do Dakar.

Mas uma quebra na etapa 16, após bater numa pedra por conta da poeira vinda do carro da alemã Jutta Kleinschmist, pôs tudo a perder. Peterhansel não conseguiu completar a especial um dia antes do encerramento. Na etapa seguinte do Dakar, a última da competição, chegou em 10º lugar sua pior posição nas etapas deste ano – e assim ele terminou “apenas” na terceira colocação da geral de Carros.

Masuoka, desta vez ao lado do navegador alemão Andreas Schulz, acabou levando o primeiro lugar e se tornando bicampeão do Dakar.

Nos caminhões, Gerardus de Rooy sofreu uma queda em uma duna na especial da etapa 12. O veículo ficou danificado e ele não conseguiu completar o trecho cronometrado. Gerardus De Rooy também era o líder da geral (nos Caminhões) e teve de abandonar o Dakar.

O Brasil – Os brasileiros fizeram bonito no Dakar 2003. André Azevedo foi o melhor entre os brasileiros. Ele conquistou o segundo lugar na geral de Caminhões e subiu no pódio para erguer o troféu com a melhor colocação de um brasileiro na história do Dakar.

Jean Azevedo conquistou a quinta colocação na geral de Motos com sua KTM e a vitória na sua categoria, a Production 1.3. Durante praticamente todo o rali liderou também a categoria Marathon, mas teve de abandoná-la ao trocar uma determinada peça de sua moto, ação proibida na categoria.

A Mitsubishi Pajero Full da dupla Klever Kolberg e Lourival Roldan terminou na 13ª colocação da geral de Carros e em terceiro lugar na categoria Super Production 2.2.

Veja os cinco primeiros colocados de cada categoria:

Motos

  • Richard Sainct (KTM) – 53h24min32
  • Cyrill Despress (KTM) 53h31min50
  • Fabrizio Meoni (KTM) 54h02min02
  • Jean Brucy (KTM) 55h01min01
  • Jean Azevedo (KTM) 55h10min37

    Carros

  • Masuoka/Schulz (Mitsubishi) 49h08min52
  • Fontenay/Picard (Mitsubishi) 51h01min04
  • Peterhansel/Cottret (Mitsubishi) 51h25min20
  • Souza/Magne (Mitsubishi) 51h36min39
  • De Villiers/Maimon (Nissan) 51h54min47

    Caminhões

  • Tchaguine/Yakoubov (Kamaz) 61h36min40
  • André Azevedo/Tomecek (Tatra) 62h38min41
  • Kabirov/Belyaev (Kamaz) 63h01min44
  • De Rooy/ Geusens (DAF) – 64h15min29
  • Sugawara/Suzuki (HINO) 71h58min08

    Este texto foi escrito por: Camila Christianini