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Retrospectiva do Dakar 2004

Redação Webventure/ Offroad

Carro da Nissan passa por caminhão  no 13º dia. (foto: Nissan/Divulgação)
Carro da Nissan passa por caminhão no 13º dia. (foto: Nissan/Divulgação)

Especial, da redação do Webventure – O fato mais marcante deste Paris-Dakar 2004 não teve a ver com máquina nem competidores… O cancelamento de duas etapas, antes da primeira passagem pelo Mali, por medo do terrorismo, colocou o maior rali no mundo nas manchetes dos jornais.

Nos dias em que houve competição, esta 26ª edição se mostrou duríssima. Felizmente, não foi registrado nenhum grave acidente. As duas etapas-maratona, ao fim das quais o apoio mecânico é proibido, foram grandes “peneiras”.

Dos 411 que largaram sob a neve, no primeiro dia do ano, em Clermont Ferrand, na França, menos da metade conseguiu chegar a Dakar, capital do Senegal. Confira abaixo um resumo diário deste superevento.


01/01 – etapa 1 Região D’Auvergne a Narbonne (França)
Prólogo =1,5 km; deslocamento = 395; total = 396,5

O primeiro desafio foi o prólogo (que definiu a ordem de largada para a primeira especial), com 411 veículos e muita neve. Depois do grave acidente sofrido no Dakar 2003, quando ficou três meses sem poder andar, o japonês Kenjiro Shinozuka está de volta e, com a picape Nissan, fez o melhor tempo entre os carros. O Brasil não foi bem no prólogo: Jean Azevedo (Motos) não ficou entre os 100.

02/01 etapa 2 Narbonne (França) a Castellón (Espanha)
Deslocamento = 6 km; especial = 25 km; deslocamento = 500 km;
total = 531 km

Os caminhões não competiram: um carro atolado impediu a passagem deles. Nas Motos, a nova Yamaha WR450F 2-Trac, com tração nas duas rodas, conseguiu o inesperado: ficou à frente de todas as KTM, marca que domina o rali nos últimos anos. Ela foi pilotada pelo francês David Fretigné, um estreante no Dakar.

03/01 etapa 3 Castellón (França) a Tanger (Marrocos)
deslocamento = 2 km; especial = 9km; deslocamento = 820 km
total = 831 km

Fretigné também foi o mais rápido no terceiro dia, nas Motos. Na classificação acumulada dos Carros, iniciou-se o já esperado domínio das Mitsubishi, com o francês Stephane Peterhansel assumindo a liderança.

04/01 etapa 4 Tanger a El Rachidia (Marrocos)
deslocamento = 233 km; especial = 75 km; deslocamento = 444 km
total = 752 km

O brasileiro Jean Azevedo levou um grande susto: a 20 km do fim do trecho cronometrado, ele ficou sem o freio traseiro de sua moto KTM 700, semi-oficial. Quase não conseguiu terminar a quarta etapa. Assombro também para o tricampeão Richard Sainct (FRA), que caiu durante a especial e levou oito pontos no braço esquerdo. Ainda em Motos, as KTM passaram a dominar todas as primeiras colocações. Na classificação acumulada, começava o “reinado” dos espanhóis. Isidre Esteve Pujol assumiu a ponta. O finlandês Ari Vatanen, da Nissan, vence uma especial pela 50ª vez.


05/01 etapa 5 El Rachidia a Ouarzazate (Marrocos)
deslocamento = 56 km; especial = 337 km; deslocamento = 182 km
total = 575 km

Na quinta etapa, o tricampeão Vladimir Tchaguine obteve a primeira colocação na briga entre os Caminhões; André Azevedo ocupava a terceira posição. Nos Carros, as Mistubsihi “voaram” e os tempos do líder Peterhansel e seu companheiro de equipe Hiroshi Masuoka surpreenderam os adversários.

06/01 etapa 6 Ouarzazate (Marrocos) a Tan Tan (Mauritânia)
deslocamento = 176 km; especial = 351 km; deslocamento = 276 km
total = 803 km

Peterhansel perdeu tempo com pneu furado e Masuoka, bicampeão do Dakar, arrebatou a liderança nos Carros. Dois dias depois de vencer uma etapa, começava o pesadelo para Ari Vatanen e sua picape Nissan: uma série de problemas mecânicos. O piloto de moto Cyril Despress (FRA) fez crítica aos espanhóis Pujol e Joan “Nani” Roma, então líder e vice-líder, dominando as especiais marroquinas: “Se continuarem neste ritmo, um deles logo vai cair fora”.

07/01 etapa 7 Tan Tan a Atar (Mauritânia)
deslocamento = 345 km; especial = 701 km; deslocamento = 9 km
total = 1.055 km (dia mais longo!)

Pujol não conseguiu terminar a etapa entre os 100 e deu adeus ao sonho do título nas Motos. Despres interrompeu momentaneamente o “reinado” espanhol, assumindo a ponta naquele dia. Após entrarem na Mauritânia, os competidores foram parados por supostos soldados do país cobrando um “pedágio” de 50 Euros. O governo mauritano disse que não autorizou a ação. A etapa mais longa do Dakar foi positiva para o Brasil: Klever Kolberg e Lourival Roldan, nos Carros, fizeram o décimo melhor tempo e subiram para a 12ª posição na classificação geral.

08/01 etapa 8 Atar a Tidjikja (Mauritânia)
deslocamento = 34 km; especial = 355 km; total = 389 km
(primeira Etapa-Maratona = assistência proibida)

Na oitava etapa, que em termos de quilometragem foi uma das mais curtas do rali na África, os tempos foram semelhantes aos do dia anterior devido às dificuldades de navegação e do terreno. No fim daquele dia, não foi permitido contar com as equipes de apoio e os próprios competidores tiveram de usar seus conhecimentos em mecânica para fazer a manutenção e eventuais reparos nos veículos. Outra vez a “dureza” trouxe bom resultado ao Brasil: nos Caminhões, André Azevedo assumiu a vice-liderança na classificação acumulada; Klever e Lourival subiram para a nona colocação nos Carros. Peterhansel (Carros) e Roma (Motos) se tornaram os novos líderes.


09/01 etapa 9 Tidjikja a Nêma (Mauritânia)
deslocamento = 3 km; especial = 736 km (a mais longa!);
total = 739 km

Pouco mais da metade dos que iniciaram o rali na França alinharam-se para a largada desta nona etapa. Na chegada, eles receberam a notícia do cancelamento da competição nos dois dias seguintes. Satélites teriam indicado a movimentação de bandidos armados no Mali.

10/01 etapa 10 Nêma (Mauritânia) a Mopti (Mali)
Etapa cancelada. Neste dia houve deslocamento dos veículos para Bamako, capital da Mauritânia. As motos foram de avião. Jean Azevedo, em 11º lugar na geral de Motos, queixa-se de dores no ombro direito, operado em julho do ano passado, e disse que assim não conseguia seguir o ritmo dos ponteiros e que seu objetivo dali em diante era terminar a prova.

11/01 etapa 11 Mopti (Mali) a Bobo Dioulasso (Burkina Fasso)
Etapa cancelada. Todos embarcaram para Burkina Fasso, rumo à cidade de Bobo-Dioulasso.

12/01 dia de descanso, em Bobo Dioulasso (Burkina Fasso)
A organização criou um horário-limite para os retardatários chegarem à cidade. Quem não conseguisse fazê-lo em tempo seria cortado. Quase o escocês Colin McRae (Nissan), ex-campeão mundial de rali de velocidade e estreante do Dakar, não passa pela “peneira”.


13/01 etapa 12 Bobo Dioulasso (Burkina Fasso) a Bamako (Mali)
deslocamento = 88 km; especial = 213 km; deslocamento = 365 km
total = 666 km

BMW vence especial nos Carros, com Luc Alphand, ex-campeão mundial de esqui. Mas a etapa não muda os líderes da geral de Carros, Motos e Caminhões.

14/01 etapa 13 Bamako (Mali) a Ayoûn El Atroûs (Mauritânia)
deslocamento = 230 km; especial = 478 km; deslocamento = 26 km
total = 734 km

Depois de 11 dias, Fretigné volta a vencer nas Motos. Nos Carros, os três melhores tempos do dia são da Nissan.

15/01 etapa 14 – Ayoûn El Atroûs a Tidjikja (Mauritânia)
especial = 548 km; deslocamento = 4 km; total = 552 km
(segunda Etapa-Maratona = assistência proibida)

Mau dia para André Azevedo: ele perde a vice-liderança para o segundo caminhão da equipe de Tchaguine, a Kamaz. Ari Vatanen desiste da prova.

16/01 etapa 15 – Tidjikja a Nouakchott (Mauritânia)
deslocamento = 2km; especial = 579 km; deslocamento = 71 km
total = 652 km

Pesadelo para o Brasil após a Etapa-Maratona. Jean Azevedo e a dupla Klever Kolberg / Lourival Roldan têm problemas mecânicos, mas conseguem terminar a especial. André Azevedo tem a tração dianteira do caminhão quebrada, atola na duna e vê acabar ali a esperança de sequer repetir o vice-campeonato de 2003. Ele cai para a sexta posição depois desta etapa, abrindo espaço para a dobradinha da Kamaz.

17/01 etapa 16 – Nouakchott (Mauritânia) a Dakar (Senegal)
deslocamento = 60 km; especial = 192 km; deslocamento = 396 km
total = 648 km
(proibido o uso do GPS!)

Peterhansel supera a “maldição” de 2003, quando deixou o título nos Carros escapar justamente na penúltima etapa. Apenas com o nono melhor tempo, ele se manteve na liderança. O francês Richard Sainct, vice-líder na geral de Motos, ganha a etapa e colocar uma pitada de emoção na disputa do título com Roma.

18/01 etapa 17 Dakar (Senegal)
deslocamento = 42 km; especial = 27 km (a mais curta!); deslocamento = 37 km
total = 106 km

Com pouco mais de 12 minutos de vantagem no tempo acumulado sobre Sainct, Roma se consagrou nas Motos, obtendo seu primeiro título no Dakar. Nos Caminhões, Tchaguine conquistou o pentacampeonato. Peterhansel, o sétimo título, seu primeiro nos Carros. Ele se tornou o segundo competidor a ter vencido em Carros e Motos o primeiro foi seu compatriota Hubert Auriol. Os brasileiros terminaram assim: André Azevedo em sexto nos Caminhões; Klever Kolberg e Lourival Roldan em 11º nos Carros; Jean Azevedo em 14º nas Motos. Nenhum deles conseguiu melhorar sua classificação em relação ao Dakar 2003.

Este texto foi escrito por: Webventure

Last modified: janeiro 22, 2004

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