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Retrospectiva: relembre as corridas de aventura de 2009

Redação Webventure/ Corrida de aventura

Belas paisagens das cidades paranaenses foram exploradas (foto: Divulgação/ Wladimir Togumi)
Belas paisagens das cidades paranaenses foram exploradas (foto: Divulgação/ Wladimir Togumi)

O ano de 2009 foi marcado por grandes competições de corrida de aventura, por vários estados do Brasil e também pelo crescimento e desenvolvimento da modalidade. Enquanto as equipes mais experientes buscaram se aperfeiçoar em busca de bons resultados, outras se formam para conhecer os seus limites.

Dentre as várias competições que aconteceram este ano, os destaques ficam para cinco delas: Ecomotion/ Pro, Circuito Adventure Camp, Extremaventura, Haka Race e Brasil Wild. Entre as equipes, a Quasar Lontra, do capitão Rafael Campos, venceu três, das cinco provas citadas. “A vitória foi um trabalho árduo de anos. Foi difícil voltar a vencer e manter-se na frente. Conseguir trazer uma equipe forte com falta de recursos, bom, acho que é força de vontade que faz isso, não é?”, explicou Rafael.

“A equipe é fantástica, e o entrosamento de equipe foi fundamental. Fomos no limite o tempo todo. A vitória é o resultado de um trabalho muito bom”, complementou Xiquito após a vitória no Ecomotion/ Pro.

Confira o que de melhor aconteceu em cada prova neste ano e o que os atletas podem esperar para 2010 na retrospectiva do Webventure.

Os 476 quilômetros de prova do Brasil Wild contaram com belas paisagens em cada perna da prova. O roteiro inédito cruzando o Jalapão, no Tocantins, foi um desafio tanto para os atletas como para a organização. “Foi um percurso dinâmico e repleto de desafios diferenciados. Um local com uma paisagem espetacular, onde fauna e flora surpreendem. Centenas de cachoeiras e rios com quedas d’água enormes, que formam verdadeiros lagos e praias de água doce em um local conhecido como “deserto”, pela ausência de pessoas”, explicou Julio Pieroni, organizador da prova.

O que muitos atletas e organização esperavam do Brasil Wild se concretizou. A prova, cheia de desafios, superou as expectativas e impressionou a todos, tanto pelas belezas como pela dificuldade, encontrada também nas pernas de canoagem, entre elas, uma de 39 quilômetros de rafting no Rio Novo, em corredeiras de classes entre I e IV. “Quando fizemos a primeira visita, eu já fiz a escolha, que foi realmente baseada nessa reputação do local e também na possibilidade de realizar o rafting”, disse Pieroni.

E de fato, a etapa foi bastante técnica e exigiu conhecimento e experiência dos competidores. Zé Puppo, que organizou a etapa, era o mais empolgado para que os presentes no Jalapão conhecessem o Rio Novo, onde a água é a mais potável do mundo. Apesar das corredeiras vencidas, os atletas tiveram que passar por trás de uma cortina de águas cristalinas da Cachoeira da Velha.

Mais modalidade – Mas não só as águas deixaram os competidores apreensivos, o trekking da prova judiou bastante dos competidores. “O que mais me doeu foi o trekking de 62 quilômetros. Meu corpo não agüentou o peso dele e da mochila e eu nunca sofri com tanta dor no pé como nesta etapa”, declarou Camila Nicolau, da Canoar/ Núcleo Aventura/ Brasília Multisport.

Rafael Campos, capitão da vencedora Quasar Lontra, admitiu que teve medo de morrer na Serra do Jalapinho. “O pior dia foi a segunda noite quando estávamos perdidos no alto de uma serra e não conseguíamos descer e optamos por descer esse paredão e lá eu tive medo de morrer, tive medo dos meus companheiros se machucarem”. Os atletas cruzaram o Parque Estadual do Jalapão pela Serra do Espírito Santo, e deram de cara com as belezas das dunas do cerrado, ponto mais procurado pelos turistas.

Com 81 horas de prova, a Quasar Lontra garantiu o título, com Rafael Campos, Tessa Roorda, Erasmo Cardoso e Thiago Bonini; a segunda posição ficou com o quarteto da Canoar/ Núcleo Aventura/ Brasília Multisport, formado por Mateus Ferraz, Camila Nicolau, Guilherme Pahl e Icaro de Oliveira, que chegaram a liderar a prova. “A última noite foi muito difícil para nós, estávamos sem dormir, mas o final foi lindo. A Quasar encostou em nós no fim e não esperávamos. Entramos sem foco na vitória, fizemos a nossa prova e eu estou feliz demais”, declarou Guilherme.

Após um ano da etapa mundial, o Ecomotion/ Pro de 2009 trouxe 31 equipes de diferentes Estados brasileiros e de 9 nações diferentes (Nova Zelândia, Estados Unidos, Suécia, Chile, Argentina, Uruguai, Espanha, Portugal e Rússia). A Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, foi o palco da disputa que durou cinco dias para as primeiras equipes, com a vitória, novamente, da Quasar Lontra.

A prova contou com as dificuldades de sempre nas modalidades, e com adicionais que os atletas sentiram na pele: o calor e o relevo da região. Logo no início da prova, foram 60 quilômetros de bike, 60 de canoagem e 60 de trekking, seguidos. Muitos atletas aparentavam cansaço extremo, mas a empolgação estava presente entre os times, como contou Mauro Chasilew, da Klimax Forever Living. “O trekking é a parte divertida, eu adoro isso; e os 60 km de mountain bike, apesar de muita subida, é legal, levamos a bike para passear”, afirmou.

Said Aiach, organizador da prova, acredita que a prova chegou a um nível que os times que chegaram na frente são capazes de se sair bem em uma prova internacional. “No contexto geral, se pensarmos que esse evento foi eclético nas atividades esportivas, que exigem tecnicamente, estrategicamente e fisicamente, a equipe vencedora, a Quasar Lontra, tem qualidade para ser uma das melhores do mundo”, explicou Aiach.

O diretor-técnico da prova, Tiago Valois, garanteque os 476 quilômetros de prova foram completos e bem planejados. “O percurso foi redondo. A implantação do Dark Zone garantiu a segurança d atleta. O Ecomotion 2009 foi nota dez, em todos os sentidos. O Rio Jequitinhonha foi o rio para fechar com chave de ouro, com níveis de corredeira diferente. Se ano passado a prova foi dez, esse ano foi onze”, disse Tiago.

Convites – O Ecomotion deste ano também ficou marcado pelas formações dos times, algumas recentes, outras com membros de outros times reunidos e também a vindade estrangeiros. Um exemplo foi a segunda colocada, Adventure Camp/ Repelex, de Mateus Ferraz, Sérgio Zolino, Nora Audrá e Ian Edmond, que conseguiu fechar a formação duas semanas antes da prova. “Resolvi voltar este ano às corridas de aventura e a equipe foi se formando aos poucos e calhou de juntar esse pessoal, deu super certo. Foi a primeira vez que corremos nessa formação”, contou Zolino.

Na equipe Oskalunga Internacional também, os integrantes só se encontraram no sábado, antes da prova. “O Paul Romero me chamou para a prova e pediu ajuda para achar um brasileiro para compor a equipe. Mas acabei não encontrando ninguém com disponibilidade, e aconteceu do Mikael (Lindnord, da Suécia) aceitar o convite, além da Karen (Lundgren) que já estava certa no time”, contou Lico antes da prova.

Com quatro etapas este ano, Em São Luis do Paraitinga, Guararema, São Paulo e Caraguatatuba, em São Paulo, o circuito deste ano foi um dos mais complexos. Sérgio Zolino, organizador da prova, garantiu que as estratégias seriam o diferencial em todas as etapas e, de fato, colocou todos os participantes para ‘pensar’ após o briefing e durante a competição. A equipe vencedora do circuito foi a Quasar Lontra.

“Este foi o Circuito Adventure Camp mais duro dos últimos anos, mas não o pior. As quatro provas focaram bastante nas estratégias, e acho que é uma tendência nossa agora, buscar atletas que tem força e que usem bastante a inteligência deles para fazer sempre boas provas. Ano que vem quero evoluir mais ainda neste quesito”, revelou Zolino.

Até mesmo os atletas que, no início, não estavam acostumados com tantas dificuldades nas provas, concordaram com o organizador em relação às estratégias. “Tinham opções estratégicas na prova de São Paulo, de uma hora fazer o rogaime, de trocar a ordem dos PCs. Isso nos fez pensar muito mais durante a madrugada, parece que foi a melhor estratégia, mas não a única: outras equipes chegaram coladas em nós, então usaram uma estratégia parecida”, relembrou Campos.

Para o próximo ano, o Circuito Adventure Camp sofrerá mudanças. Ao todo, serão duas etapas com curtas distâncias, uma mais longa e uma corrida de montanha. “As provas terão distancias diferentes. Vamos abusar nas etapas de canoagem; quero que a competição dê um passo para profissionalizar a modalidade e que isso faça com que as equipes invistam mais tempo nos treinamentos e também em compra de equipamentos”, explicou Zolino.

Uma das provas que mais cresceu no cenário nacional das corridas de aventura foi o Circuito Haka Race, que contou este ano com quatro etapas (Extrema (MG), Socorro, Santo Antonio do Pinhal e Atibaia, em São Paulo). Em 2009, a organização da prova só teve motivos para comemorar: bateu o recorde de inscrições nas duas últimas etapas, que contaram com cerca de 140 e 160 equipes, respectivamente. “A procura superou nossas as expectativas. Nunca tivemos tantos times registrados com antecedência. Isso demonstra, cada vez mais, a confiança dos participantes na qualidade, nos desafios e na segurança do circuito”, disse Leonardo Barbosa, organizador do Haka Race.

Com apenas dois anos de existência, o Circuito, em 2008, recebeu o prêmio de Melhor Corrida de Aventura em provas curtas, concedido pela Associação Paulista de Corrida de Aventura. A prova conta com as categorias Pró e Sport e subdividida em sete categorias, dentre elas, para competidores que correm sozinhos.

Prova longa – Este ano, o Haka contou com uma inovação: a criação de uma prova mais longa, o Haka Expedition, com 150 quilômetros. A prova passou por duas cidades de São Paulo (Bragança Paulista e Nazaré Paulista) e uma de Minas Gerais (Extrema), com um total de 130 atletas participantes. Além da prova longa, esta etapa contou com a presença de quartetos mistos, além das duplas e solo que já participam do circuito.

“O grande desafio foi montar uma prova ‘Expedition’ sob todos os aspectos, seguindo a proposta de que numa competição desse tipo não pode haver ida e volta (passagem por um mesmo local duas vezes). Dessa forma, os corredores iniciarão a competição em Bragança e só voltarão à cidade na chegada. As grandes dificuldades serão os aspectos físico, psicológico e a experiência em navegação e administração do ritmo de prova”, afirmou Léo.

A vitória ficou com José Luiz Reginato, na categoria Solo; ARS São Francisco Clínicas / Unaerp nas Duplas Mista; Pé de Cobra, nas Duplas Masculina e Competition Aroeira, no Quarteto Misto.

Desde 2002 no cenário paranaense das corridas de aventura, o ano de 2009 teve peculiaridades no Circuito Extremaventura. As belezas das regiões exploradas pela prova fizeram com que as cidades onde aconteceram as etapas Tijucas do Sul, Prudentópolis e Antonina se tornassem passagem obrigatória para o turismo de aventura e ecoturismo no Paraná.

Um exemplo foi a última etapa, realizada em Antonina, que contou com uma passagem pela Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba e pelo Parque Estadual da Serra do Mar, maior área remanescente de Mata Atlântica. Julio Camargo, nesta etapa, disse que a prova exigiu o estudo do mapa. “Montei uma prova dinâmica, que exigirá raciocínio e técnica em navegação. Quem conseguiu aliar velocidade com a técnica, com certeza saiu vitorioso desta prova”, explicou o diretor da prova.

Além da natureza, a última prova do ano contrariou todas as edições passadas contando apenas com equipes paranaenses na disputa pelo título. “Os paranaenses que decidirão o circuito deste ano. Acredito que a busca pelo caneco 2009 será bem acirrada e para conquista-lo as equipes precisarão suar muito”, declarou Julio antes da competição. E sua previsão se concretizou: sob chuva, os atletas revezaram a liderança até o final.

O título ficou com a equipe Guartelá, primeira na etapa e vencedora do Circuito Extremaventura na categoria Pró; mesmo resultado obtido pela Tramontrip, na Expedição; a GR Aventura, mesmo com a terceira posição em Antonina, levantou o título entre as Duplas e o único que entrou na prova já campeão foi o atleta Willian Ienke, que também ganhou a última etapa.

Este texto foi escrito por: Bruna Didario

Last modified: dezembro 10, 2009

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