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Riamburgo Ximenes fala da primeira semana de Dakar


Riamburgo e Lourival em Paris (foto: Haroldo Nogueira)

Direto de Atar, Mauritânia – É difícil descrever em palavras a proporção de um rali como este. A exaustão é enorme porque a nossa infra-estrutura está a anos luz de distância das megas equipes de fábrica. Por exemplo, este é o meu terceiro dia sem banho, tenho chegado muito cansado, exausto após um média diária de 12 horas dentro de um carro que nos exige física, mental e emocionalmente. Comemos em tendas sobre tapetes persas e a comida vem temperada de areia. Já as equipes de fábrica tem até banheiro próprio, uma realidade bem distante da nossa. Em um Iroman você depende basicamente da sua capacidade física, do seu talento… aqui são tantas as variáveis e situações que você precisa se virar para superar que não há como viver uma aventura maior que está, não há.

Na areia todos atolam, são armadilhas seguidas de armadilhas, e desde os carros de ponta até o mais simples veículo todos passam por dificuldades. As tempestades de areia são cruéis, vento forte e intenso, que muda completamente as formações, ou seja, há os mais diversos tipos de dunas, e isso determina o seu grau de perigo, não há como saber o que vem após cada subida e crista de duna. Chegamos a sétima etapa, e não há como apostar em um vencedor. Aqui cada dia é uma vitória que soma rumo a vitória, rumo à Dakar.

A areia daqui é fofa, e com formações loucas. Para atacá-las precisamos estar preparados para as surpresas que podem surgir, e não dá para andar devagar porque senão atolamos. Andar na areia é difícil, mas para mim é um prazer, me faz bem, me sinto enfrentando dificuldades maiores do que as de costume, mas é exatamente isso que me encanta.

Atoleiro – Ontem caímos em um funil e aí se atola, não tem como fugir disso, faz parte da prova. Mas, é nesse momento que a determinação é fundamental, meu navegador, Lourival, me deu um lição de persistência. Ao cairmos no funil pensei, não vamos sair daqui tão cedo! Mas, ele é teimoso, corajoso e determinado, e me mostrou que juntos e com força de vontade podemos superar situações antes inimagináveis. Coisas que um Dakar ensina para toda a vida. Eu estou maravilhado.

Sem o sol do Ceará eu nunca teria chegado até aqui, a Ypióca esquenta as noites frias de até dois graus que pegamos e nos aquece para encararmos as poucas horas de sono. Nosso Mitsubishi é um verdadeiro tanque de guerra, que nos faz sentir aptos a ir em frente sem medo, e por fim podemos todos os dias usar nosso Motorola e falar com nossas esposas e filhas, e ainda por cima, estamos no maior rali do mundo, o que mais podemos pedir a Deus a não ser saúde para fazermos bem a nossa parte? Somos realmente muito abençoados.

Este texto foi escrito por: Riamburgo Ximenes