O deserto era o melhor terreno e o maior desafio para ele (foto: Divulgação)
O destino do piloto francês Richard Sainct, tricampeão do Dakar, parecia traçado ao deserto egípcio. Sainct morreu ontem (29/9), aos 34 anos, em um acidente de moto quando participava do Rali dos Faraós. Apaixonado por motos desde criança, nasceu na pequena cidade do norte da França de nome curioso, quando se pensa no destino de Sainct: Saint Affrique.
A grande paixão pelas motos o levou com seis anos a seguir seu pai nas trilhas que fazia com os amigos na região de Saint Affrique. “Minha moto de trial de 50 centímetros cúbicos era minha grande paixão de criança”, afirmava o piloto francês, no site oficial da equipe.
Era uma situação comum na região de Saint Affrique, próxima aos Pirineus, onde a grande atração sempre foram os esportes sobre duas rodas. Tempos em que campeões como Cyril Neuveu e Hubert Auriol despertavam todo o interesse nos jovens da região quando conquistavam glórias em outra “Affrique”, do outro lado do Mediterrâneo.
Rumo à África – Mas foi só no final dos anos 80 que Sainct conquistaria um rumo definitivo em sua carreira na elite dos pilotos de enduro. “Sempre ficava entre os cinco primeiros, mas nunca ganhava. Essa era minha situação normal”, dizia Sainct quando lembrava do início de sua carreira.
De uma carreira silenciosa como piloto de motocross na adolescência, Sainct deu um grande passo rumo a seu sonho de atravessar o deserto africano. A aventura do Dakar sempre o atraiu. Os mistérios do coração da África, as grandes dunas do deserto sempre povoaram sua imaginação.
Com apenas 20 anos, fez sua primeira aventura africana participando do extinto Rali Atlas com uma Kawasaki que ganhou em um concurso. Em 1991 estreou no rali Paris-Dakar com a mesma Kawasaki, em uma edição vencida por seu compatriota Stephane Peterhansel (vencedor nos carros em 2004). Sainct abandonou a prova quando faltavam quatro etapas para o fim, mas foi o início de seu sonho.
“Correr o Dakar… é um sonho que tinha desde criança”, disse Sainct lembrando de sua primeira participação no lendário rali. Em 1995 a Honda já lhe confiava uma moto profissional, a EXP2, porém uma queda o obrigou a abandonar o Dakar daquele ano após ocupar por uma semana o quinto lugar.
Em 1996 fechou contrato com a KTM, com a qual conquistou o quinto lugar. Em 1997 e 1998 voltou a abandonar a prova pilotando uma KTM.
Sua glória veio em 1999 quando fechou contrato com a BMW e pela primeira vez venceu o Dakar, quebrando a hegemonia KTM na prova e deixando clara sua diferença nos caminhos africanos. Em 2000, o bicampeonato ainda pela BMW, fez criar sua lenda e levou a KTM a comprar seu passe de volta.
Tricampeão – A marca austríaca dominou o Dakar 2001 com cinco motos nas cinco primeiras posições, mas Sainct não era um deles já que abandonou a prova na décima etapa. Em 2002 novamente não teve sorte quando uma penalização por excesso de velocidade em um deslocamento tirou todas as suas chances de vitória. Só em 2003 voltaria a saborear a vitória.
O Galo, como era apelidado por seus companheiros espanhóis com Marc Coma e Nani Roma, morreu sem realizar o seu sonho maior, que era repetir o feito de seus compatriotas Hubert Auriol e Stephane Peterhansel, os únicos a vencerem o Dakar sobre duas e quatro rodas.
Este texto foi escrito por: Cristina Degani