Beta Borsari já está em Portugal (foto: Arquivo Pessoal/ Roberta Borsari)
Roberta Borsari será a única atleta brasileira a participar do Campeonato Mundial de Kayaksurf, que acontecerá nas praias de Bakio e Mundaka, na Espanha, entre os dias 19 e 28/10. Ela já está no local da prova desde a semana passada para treinamentos. Abaixo você confere um texto escrito por Bebeta sobre seus primeiros dias em areias espanholas.
Fiz uma viagem tranqüila pela TAP Portugal, com uma rápida escala em Lisboa, desci em Bilbao, na Espanha. Minha próxima parada seria a cerca de 40 minutos do aeroporto, em Bakio. Cheguei no final do dia e portanto a expectativa de experimentar o local da prova ficou para o dia seguinte.
O tempo está ótimo em Bakio, com muito sol e temperatura média por volta dos 19ºC, excelente! Mas aquele ventinho frio sempre me lembra que estamos no final do outono por aqui.
As ondas estão com meio metro e garantem um surf diário e a adaptação, que é o meu principal objetivo neste momento. O fato de estar surfando todos os dias e estar em constante contato com a energia do mar faz muita diferença para quem mora numa cidade como São Paulo.
Em Mundaka, praia que fica a cerca de 15 minutos daqui, o mar estava flat até sábado, quando começou a reagir. O WCT (etapa do mundial de surf profissional) foi transferido para Bakio e foi incrível assistir ao show que os semifinalistas deram nas ondas.
O mar não estava nas melhores condições, mas os surfistas sacavam manobras impressionantes! O público lotou a praia, eram centenas de pessoas (foi um grande feriado nacional), esperando ver as ‘estrelas’ na água. Digo estrelas, pois os surfistas são tratados como verdadeiras celebridades. Eles mal conseguem se aquecer para entrar na água de tantos fãs querendo tirar foto e pedindo autógrafos. Kelly Slater move multidões aonde vai.
Em um dos dias cheguei à praia por volta das 7h40 da noite, havia cerca de 100 pessoas com o pé na água apenas apreciando um freesurf do Kelly Slater. Quando ele saiu da água, a multidão o acompanhou por onde ele ia. E ele teve paciência para dar atenção a (quase) todos.
Os treinos – Por enquanto vou me acostumando a rotina local, aqui clareia mais tarde, aproximadamente 7h45 da manha, em compensação tem luz para surfar até 8h da noite. O esquema é chegar na praia quando ainda está escuro, por volta da 7h30 e entrar na água com o dia clareando. Neste momento é beeem frio, depois disso é tomar um belo café da manha e descansar até o próximo treino.
É possível fazer até três seções de surf por dia, se o corpo agüentar. Nos dias que antecedem as competições o ritmo diminui. No meu primeiro dia de surf, fiquei com receio de entrar no mar ao lado do WCT no local do freesurf, ainda não havia visto nenhum caiaque na água. Bakio e Mundaka sao conhecidos pelo ‘crowdio’ e também pelo localismo e teoricamente caiques não seriam muito bem-vindos. Bom, resolvi encarar, afinal vim até aqui para surfar. É claro que entrei num local um pouco mais afastado, mas as ondas se abriram bem onde eu estava e logo os surfistas é que chegaram perto.
Foi tranqüilo, tive meu espaço para surfar, não incomodei ninguém e também não fui incomodada. Nos dias que se seguiram também surfei tranquilamente, sem ninguém reclamar.
Bakio e Mundaka são pequenas cidades tipicamente européias, com rotina de cidades de interior. Mundaka é ainda menor, uma vila com ruas estreitas onde mal passa um carro. Construções bem antigas se misturam com o clima surf que reina no ar. Sua história diz que, desde que um barco de pescadores foi tombado por uma grande onda e os pescadores foram todos salvos por surfistas que estavam no local, o surf passou a ser reverenciado pela comunidade local e este esporte é motivo de respeito e orgulho para todos que vivem no local.
Já não estou mais sozinha, encontrei os primeiros caiaques, alguns atletas da equipe americana já chegaram, alguns deles estavam aqui antes de mim, como, por exemplo, os campeões de freestyle Eric e Devon. Aliás, Devon será minha concorrente na primeira bateria.
Hoje cedo já havia vários competidores na água, na sua maioria mulheres, todas da equipe americana. Aos poucos os números de caiaques vão aumentando e deixando a praia cada vez mais colorida, o visual fica incrível!
Entre um treino e outro também é possível conhecer a beleza da região. Você fica enfeitiçado pelas ondas quando chega, parece criança num parque de diversão, mas tem muitos lugares bonitos para se visitar no país Basco, além das praias. Um dos castelos mais bonitos da região fica a cerca de 30 minutos de Bakio, é para lá que estou indo agora (tarde do dia 14/10), após surfar a manhã toda. Volto no final da tarde para fazer mais um treino e aguardar as ondas que vem pela frente.
Bebeta.
Este texto foi escrito por: Roberta Borsari
Last modified: outubro 16, 2007