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Rodolpho Mattheis realiza sonho no Dakar após frustração em 2008


Mattheis usará uma moto 450cc (foto: Ricardo Leizer/ www.webventure.com.br)

Velocidade, desafio e motor estão na vida de Rodolpho Mattheis desde pequeno. Piloto de rali na categoria motos, sua família tem duas equipes que disputam a Stock Car e o garoto cresceu em meio às máquinas. Porém seu começo no cross-country foi no mountain bike.

“Sempre tive vontade de correr qualquer tipo de competição. Comecei no mountain bike quando criança, no downhill fiquei dez anos, depois corri de kart e então fui morar nos Estados Unidos por quatro anos para competir de bike e, quando voltei, quis entrar na StockCar, mas até conseguir consolidar-me na competição, tem que ter muito investimento. Então comprei uma moto de brincadeira e acabou ficando sério. Comecei competindo em um Brasileiro de Rali e me dei bem. A paixão virou profissão”, contou o piloto de 27 anos em entrevista ao Webventure. O piloto está há dois anos em competições profissionais.

Rodolpho está realizando um sonho adiado há um ano, o de participar do maior rali do mundo, o Rally Dakar, que começará em 3 de janeiro de 2009 e tem nova rota após mais de 30 anos de existência, as terras sul-americanas da Argentina e do Chile. O piloto correrá na categoria Maraton 450, que proíbe a troca de motor durante todo o rali. De acordo com ele, sua intenção é vencer na categoria. “Tem que ter muita cabeça nessa categoria para saber administrar. Você leva a moto, não é a moto que te leva. É um jogo de cabeça e estratégia”, explicou.

Ansiedade – Originalmente realizado na África, o Dakar volta à atividade após um ano sem competições, já que ameaças terroristas vindas da Mauritânia fizeram a organização cancelar a prova de 2008 por segurança. Porém o cancelamento foi feito algumas horas antes do início da prova, quando Rodolpho Mattheis e outros pilotos já estavam prontos para a largada.

“Depois do ‘balde de água fria’ do ano passado, quando eu fiquei quase um mês sem dormir de ansiedade para ir para o Dakar e cheguei lá e não teve, este ano estou mais tranqüilo, com a auto-confiança bem maior, porque estou mais experiente”, contou o campeão da categoria Maraton do Rally dos Sertões de 2008.

E um ano a mais nos treinamentos para o Dakar não foram de todo mal para Rodolpho. “Quatro meses antes do Dakar de 2008 eu sofri um acidente na Patagônia, quebrei a coluna e fiquei três meses ‘de molho’. Então esse ano fisicamente eu estou melhor, psicologicamente também. Estou bem tranqüilo”, contou.

A parte física é uma das prioridades nos treinamentos de Mattheis. Ele corre quatro vezes por semana, revezando dois treinos curtos e dois treinos longos. Com a proximidade da prova, voltou a fazer treinos de moto na região da Serra da Mantiqueira e Campos do Jordão (SP) com percurso entre 300 e 400 quilômetros. E três vezes por semana ainda faz treinos de mountain bike.

No Dakar 2009, Rodolpho Mattheis, da equipe Petrobras Lubrax correrá com uma moto KTM 450cc. Esse seria o equipamento que ele correria na prova de 2008, porém no Rally dos Sertões a moto utilizada foi uma Yamaha XT 660cc.

“O que aconteceu é que com o cancelamento do Dakar, a moto foi para a Europa para ser vendida e ficou lá durante todo esse ano. Mas como não venderam, eu correrei com ela. Já para o Sertões tínhamos fechado o patrocínio com a Yamaha. Porém em um treino longo que fiz com a Yamaha, decidi que não correria com ela no Dakar. Acho que com essa crise mundial, a empresa teve problemas e não fechamos um orçamento bom para a equipe. Então resolvemos voltar com a KTM”, explicou ele, que pegou seu equipamento, vindo da Europa, em Buenos Aires no dia do seu aniversário, 28 de dezembro.

Experiência e Expectativa – Com o objetivo de vencer o Rally Dakar na categoria Maraton, Rodolpho já conhece uma parte da região, já que por duas vezes correu o Rally Por Las Pampas, que passa em parte do percurso por onde os quase dez mil quilômetros do Dakar passará.

“Quem vai para um rali e não sabe por onde ele vai passar, fica com um pouco de fantasia na cabeça e para o psicológico não é muito bom. Eu tenho uma noção de onde o rali vai passar e o que eu posso encontrar, então para o meu psicológico é muito bom porque estou tranqüilo que vou conseguir passar por todos os desafios que vou ter”, disse o piloto, que pondera que a organização deverá fazer na América do Sul uma prova tão difícil como na África. “O clima aqui será tão quente quanto no Saara. Aqui tem tudo para ser tão difícil quanto lá, ou até mais”, completou.

Mattheis adianta que, conhecendo a região, a prova deverá conter especiais que passarão em rios secos com mais de 500 quilômetros, com pedras soltas, que deverão demorar até dez horas para serem completadas. “Na minha opinião, serão as etapas mais difíceis, se acontecerem. Requer muito preparo físico”. A capital da região do Atacama, Copiapó, é outra região que o piloto alerta para dificuldades. “Lá tem dunas muito grandes e muita navegação”, alertou. “A partir do dia 11, dois dias depois do meu dia de descanso, o rali estará definido e os pilotos apenas administrarão os resultados”.

Este texto foi escrito por: Lilian El Maerrawi