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Rodrigo Raineri pode ser o primeiro em 2008 a chegar ao cume do Everest sem o uso de oxigênio


Tom e Rodrigo no Aconcágua 1993 (foto: Arquivo pessoal/ Tom Papp)

Tom Papp é colaborador do Webventure, fotógrafo de aventura e montanhista com mais de 15 anos de experiência em todas as modalidades de escalada em rocha e em gelo. Acompanhando a expedição de Rodrigo Raineri desde o início, Tom fala das últimas dificuldades antes do ataque ao cume.

A situação do Rodrigo Raineri é muito melhor do que nos outros anos. Ele está fisicamente bem e está muito bem aclimatado. A voz dele também está muito melhor, não está tossindo, e a forma de respirar é boa, dá para perceber que ele está muito melhor do que nos outros anos. Ele mesmo está dando esse retorno de que está bem fisicamente.

O fato de estar do lado nepalês (face sul), pode ser considerado mais “fácil e seguro”, do ponto de vista que a via é mais curta, principalmente na parte alta. O ataque ao cume é direto, pois são rampas de gelo. E isso é muito mais seguro, pois, na hora de voltar, o retorno é rápido, já que descer rampas de gelo é mais fácil do que descer longas cristas de rocha, que é o que tem no lado chinês. Foi onde o Vitor Negrete faleceu em 2006 (veja mais). O risco para quem está sem oxigênio é muito maior.

Psicologicamente ele também está muito melhor por não estar na mesma via que o Vitor morreu, uma pressão a menos. E ele está com esquema seguro, acompanhado por sherpas, sei que ele pode arriscar mais, pois em qualquer eventualidade tem o apoio ali do lado.

Pode ser o primeiro – Ninguém fez o cume sem oxigênio neste ano. A previsão do tempo é melhorar, mas não muito. Terá ventos no cume em torno de 50 km/h, que é muito forte para uma tentativa sem oxigênio. Outro fator ruim é que, por a China ter fechado o lado deles, todos se aglomeraram no lado sul, o nepalês, que tem 400 alpinistas com permissão para cume. As imagens do último fim de semana são impressionantes, com filas de pessoas escalando.

Esse congestionamento nas cordas fixas seria muito ruim para o Rodrigo, pois ele sem oxigênio escala muito mais devagar que as outras pessoas.

Aparentemente a previsão entre hoje e amanhã é ter menos alpinistas. Esse problema ele contornou na medida do possível. Em um só dia, 77 pessoas fizeram o cume por esse lado.

Este texto foi escrito por: Tom Papp