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Saiba tudo sobre a inédita prova do Brasil Wild Extreme no Jalapão (TO)

Redação Webventure/ Corrida de aventura

Água não faltará na prova  mas Julio alerta para hidratação (foto: Governo do Tocantins)
Água não faltará na prova mas Julio alerta para hidratação (foto: Governo do Tocantins)

Um roteiro inédito na corrida de aventura nacional, com percursos dinâmicos e repletos de desafios direrenciado. Um local com uma paisagem espetacular, onde fauna e flora prometem surpreender. Centenas de cachoeiras e rios com quedas d´água enormes, que formam verdadeiros lagos e praias de água doce em um local conhecido como “deserto”, pela ausência de pessoas, e um percurso desafiador de 476 quilômetros. É isso que o Brasil Wild Extreme promete mostrar ao país com a segunda edição da prova, que começa na próxima sexta-feira (5), no Jalapão (TO).

O nome da região é oriundo de uma erva chamada Jalapa-do-Brasil, que não é a única soberana no local. O Capim Dourado é outra planta característica do Jalapão e só existente lá.

Com uma área de 34 mil km², esta será a estréia do local como cenário, palco e personagem principal de uma corrida de aventura no país, que terá um rafting inédito e emocionante. O esforço de Julio Pieroni e sua equipe pra viabilizar a competição promete não ser em vão.

E o Webventure traz para você os detalhes desta prova que há alguns meses inquietou os atletas que sonhavam com a possibilidade de competir no Jalapão, coração do Tocantins. Acompanhe nas próximas páginas os detalhes do percurso, etapas, equipes que lutarão pelo título da corrida, além de dicas do organizador e curiosidades da segunda edição do Brasil Wild Extreme A Corrida da Sustentabilidade.

  • Conheça o Destino Aventura do Jalapão (TO)

    O Brasil Wild Extreme A Corrida da Sustentabilidade, que acontece de 5 a 14 de junho, levará os atletas, staffs e mídia que acompanharão a prova por um dos mais belos e rústicos locais do país, o Jalapão, um local de mata de transição entre o cerrado e a caatinga, com vegetação predominante rasteira, que conta com inúmeras cachoeiras que encantam quem as vê, e que é o coração do Estado do Tocantins.

    Julio Pieroni, organizador da prova, conta que tinha em mente alguns lugares do país para realizar a segunda edição do Brasil Wild Extreme, mas que o Jalapão tem uma aura e uma reputação sobre belezas e diversidade para realização de esportes de aventura que não teve concorrência para os outros locais.

    “Quando fizemos a primeira visita eu já fiz a escolha, que foi realmente baseada nessa reputação do local e também na possibilidade de realizar o rafting”, disse.

    Além disso, o contato com a Agência de Desenvolvimento de Turismo de Tocantins na Adventure Sports Fair, em setembro de 2008, em São Paulo, ampliou ainda mais os laços entre o organizador e o Estado, o que facilitou ainda mais a concretização da prova.

    Para levantar o percurso, Julio e os integrantes de sua equipe fizeram quatro viagens ao local, sendo que em duas delas eles foram a campo por dez dias em dois trios, além do motorista que os guiou. O processo durou do fim de 2008 até março de 2009.

    Roteiro – A prova, que terá 476 quilômetros, irá ter sede em Palmas, capital do Estado. A cidade foi a última capital planejada do país, e nomeada como capital em 1º de janeiro de 1990, cerca de sete meses depois de sua construção.

    Considerada pelo IPEA Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada como a segunda capital mais segura do país, Palmas irá receber a caravana no Brasil Wild Extreme no dia 5 de junho, quando todos irão iniciar os preparativos para a largada da prova.

    A segunda cidade a receber a corrida de aventura que promete fazer história no esporte será Mumbuca, e todos devem se surpreender com o local. Uma comunidade com menos de 200 habitantes, a maioria descendente de índios e escravos, é a pioneira na técnica do Capim Dourado, artesanato que exige técnica das mulheres locais e que é famoso em todo mundo por sua beleza. Das mãos dessas mulheres saem chapéus, bijuterias, fruteiras, bolsas, dentre outros objetos que cruzam o Brasil e diversos outros países.

    Já os homens de Mumbuca são responsáveis pelo plantio de mandioca, feijão, batata, banana, maxixe, abóbora, e arroz, que sustentam a comunidade. Lá, o plantio tanto é coletivo como familiar.

    Porém as mulheres voltar a ter força quando o assunto é liderança. Em Mumbuca, elas presidem a Associação do Capim Dourado, onde controlam a venda e distribuição do artesanato que fazem.

    Perto dali está Mateiros, uma cidade já um pouco maior que a comunidade de Mumbuca, e que tem cerca de 1.800 habitantes. Na divisa com o Piauí, concentra em seu território cinco dos principais atrativos da região: Cachoeira Velha, Cachoeira da Formiga, Dunas, Corredeiras do Rio Novo e Fervedouro.

    Uma das promessas de beleza incontestável de toda a prova é a Cachoeira Velha, a maior do Jalapão. Com quedas em formato de ferradura com mais de 20 metros, o local impressiona os visitantes e ainda oferece uma praia de água doce e mansa para deleite dos que lá estão.

    Porta de entrada do Jalapão, Ponte Alta do Tocantins é a quarta cidade por onde a corrida de aventura passará. Com cerca de 6 mil habitantes, já tem maior estrutura de hospedagem que as anteriores e sua atração principal fica por conta do Rio Ponte Alta, que nasce na serra e já chega na região bem volumoso.

    Taquaruçu fica distante apenas 32 quilômetros de Palmas e tem clima serrado, sendo rodeada por 82 cachoeiras, sendo a mais apreciada a Cachoeira do Roncador, que tem queda d´água com 70 metros em estilo “véu de noiva”.

    As equipes terão que encarar dez etapas durante o Brasil Wild Extreme 2009. Dos 476 quilômetros, 133 serão de trekking, e a organização conta que das três pernas, a primeira é bem especial. Será uma perna que passará pelo coração do Jalapão, em uma região totalmente inóspita.

    De mountain bike, os atletas farão a maior quilometragem dentre as modalidades 229. Das três pernas, a segunda promete ser a mais marcante, em meio as pequenas serras da região. Já na primeira haverá um PC Virtual Facultativo, e na última, trechos muito técnicos e um single trek.

    Na água, o Brasil Wild promete muitas emoções. Serão duas pernas de canoagem, uma no cerrado baixo e outra na represa do Rio Tocantins, um pouco mais volumoso, totalizando 69 quilômetros. Porém o que todos esperam desde já são as pernas de rafting, a novidade e o ponto alto da prova.

    Serão 39 quilômetros de rafting pelo Rio Novo em que a organização alerta para a segurança e preparo dos atletas. São corredeiras de grau I a III, tendo até grau IV, mas que deverão ser aportadas já que a prática será sem guia. Nesta etapa, os atletas terão um Dark Zone em uma das praias de água doce existente no local.

    Para relaxar, se é que é possível em uma prova sem pausas de 476 quilômetros, a organização fará uma etapa de seis quilômetros de natação e flutuação, que será feita com a estratégia que os atletas preferirem, seja para ganhar tempo, seja para relaxar para o rafting.

    As técnicas verticais contarão com uma ascensão e dois rapel, um de 70 metros e outro de 20, que permitirá aos atletas vistas lindíssimas de todo o deserto do Jalapão, chamado assim não pela ausência de água, mas sim pela ausência de pessoas nele.

    As equipes correrão sem equipe de apoio sendo a organização responsável pelo transfer de equipamentos e caixas de suprimentos 2 por equipe para os locais das pausas.

    Veja a ordem e a quilometragem das etapas:
    Trekking Parte I 47,1km
    Flutuação 6,5km
    Rafting Parte I: Praia dos Crentes até a Praia das Cariocas 14km
    Dark Zone em Praia das Cariocas Primeiro encontro com o Saco 1
    Rafting Parte II: Praia das Cariocas até a Cachoeira da Velha 31,2km
    Mountain Bike 63,2km
    Trekking: 62km
    Canoagem/ Primeiro encontro com a caixa 47km
    Mountain Bike 118km
    Trekking/ Encontro com o Saco 2 21,9km
    Vertical 1
    Vertical 2
    Mountain Bike 47,3km
    Canoagem 21,9km

    Cruzar uma região como o Jalapão em cinco dias com um percurso de 476 quilômetros talvez não seja o único desafio imposto pelo Brasil Wild Extreme 2009 A Corrida da Sustentabilidade. Realizar esta prova e colocá-la de pé para 166 atletas, divididos em 36 quartetos e 11 duplas vindos de 14 Estados brasileiros e quatro países Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai , e 35 profissionais de mídia foi o grande trabalho de Julio Pieroni e sua equipe nos últimos sete meses.

    A prova contará com 35 staffs que sairão de São Paulo e voaram cerca de 1.800 quilômetros até Palmas, capital do Tocantins, e 40 pessoas contratadas no próprio Estado que ajudarão o desenvolvimento dela.

    Para acompanhar os atletas e garantir o perfeito desenrolar de tudo, 16 carros foram alugados para a organização da prova. Já a mídia terá espaço nos quatro ônibus que seguirão cada quilômetro do Brasil Wild. E cinco caminhões darão respaldo ao Júlio em toda a logística de transporte de suprimentos das equipes e montagem de instalações dos ATs (área de transição), que serão nove no total. O percurso terá ainda 22 PCs (posto de controle).

    Dentre os três municípios por onde todos passarão, quatro médicos e dois especialistas em resgate estarão de prontidão para qualquer eventualidade. E para levar todos para o Tocantins, a organizadora da prova comprou 68 passagens de avião e gastará cerca de R$25 mil em hospedagem àqueles que são de sua responsabilidade.

    Os Valores – Em comparação a primeira edição do Brasil Wild Extreme, em 2008, que passou por quatro Estados Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco permanecer só no Jalapão em 2009 tem sido mais caro para Julio Pieroni. Com patrocino master da Petrobras e do Governo de Tocantins, cerca de R$600 mil estão sendo gastos com a concretização da prova, que tem ainda co-patrocínio da Centauro e da Prefeitura de Palmas, além do apoio do Exército.

    Para ter o traçado já pronto para a largada da prova, na próxima semana, foram rodados cerca de três mil quilômetros pela equipe da Brasil Wild, que fizeram ainda três sobrevôos pelo local.

    E quem pensa que para completar o Brasil Wild Extreme precisa “apenas” correr os 476 quilômetros do percurso divididos em dez pernas, a notícia é que entre Palmas e o local da largada, há uma jornada de 500 quilômetros a serem percorridas no domingo (7) por toda a caravana da prova.

    A equipe Selva promete mostrar toda sua velha e conhecida força na segunda edição do Brasil Wild Extreme. Após a segunda colocação na prova que cruzou as fronteiras de Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco, João Bellini, Caco Fonseca, Sabrina Gobbo e Marcelo Sinoca o novo atleta do grupo irão para uma prova, que eles julgam ser muito rápida, em um “ambiente familiar”.

    João explica que Márcio Campos, um dos líderes da equipe, correria a prova com eles, mas por motivos particulares deve de deixar o grupo, o que promoveu há pouco mais de um mês da prova, a entrada de Marcelinho, atleta da Logo Guará.

    “O nosso entrosamento com ele foi muito rápido. O Caco, a Sá (namorada de João) e eu já temos um ambiente super familiar, somos muito próximos, e o Marcelinho entrou já na nossa ‘vibe’”, contou Bellini.

    Ele ressalta que dentre os treinamentos realizados com o novo atleta, a canoagem e o rafting foram os principais. “Já deixamos todos os equipamentos prontos no dia 27 de maio e fizemos todas as compras no supermercado no dia 29. Desde lá, estamos fazendo apenas os últimos acertos”, disse ele.

    Para João, Julio Pieroni, organizador da prova, ajudou muito as equipes já adiantando quais seriam as etapas da corrida e em quais momentos os atletas encontrariam os sacos e caixas de suprimentos, já que a prova não conta com apoio. “Isso agiliza a nossa logística, pois sabemos onde e em quais momentos iremos ter acesso a essas coisas, o que faz com que não levamos coisas a mais, desnecessárias”, explicou o atleta.

    Prova de 80 horas – João avalia que pelo tipo de terreno em que correrá com a Selva, a corrida de aventura promete ser muito mais rápida do que a primeira edição. Serão etapas que cruzam o Estado do Tocantins pelo Jalapão, sendo que eles terão que passar por alguns trechos de serra, porém poucos.

    “Nos nossos cálculos, sem contar o tempo em que iremos dormir e o Dark Zone, devemos ter entre 80 e 85 horas de prova corrida. Será bem mais rápido que no ano passado”, ponderou ele, que considera que o Dark Zone pode imprimir mais velocidade ainda às equipes, já que elas serão obrigadas a ficar um tempo paradas no trecho de rafting. “Iremos parar lá e descansar, e por isso devemos estar mais rápidos nos trechos seguintes”.

    Ele conta que a Selva não traçou estratégia especial para a prova, e que deve largar em um ritmo confortável para então aumentar a força e a velocidade e progredir na disputa. E não será só sua equipe que irá para o Brasil Wild Extreme com novos atletas na formação.

    Times como Oskalunga, Canoar Brasília Multisport, dentre outros, aparecerão com novas formações para a prova, que promete mostrar aos atletas e ao país um dos lugares mais bonitos do território brasileiro, o Jalapão.

    “São novas formações, mas todos os atletas são muito experientes. Isso não faz com o que o time fique menos coeso, mas pode gerar algum desentendimento no decorrer da prova”, avaliou. “Mas há equipes que podem nos surpreender, como a Gantuá, equipe baiana que venceu o Carrasco Daventura, ou a Trotamundo, que é a 3ª no ranking nacional”, alertou.

    Para João, a integração e o “ambiente familiar” ao qual ele se refere quando fala da união com seus amigos de equipe, serão o diferencial da Selva, equipe acostumada em estar sempre na frente nas corridas que faz e que traz as palavras superação e força quase como sobrenome, como no Ecomotion/ Pro de 2008, quando por problemas de saúde, os atletas caíram para a 60ª posição a última na primeira perna da prova e terminaram o Mundial na 11ª colocação, cerca de 500 quilômetros depois. “Desde o Mundial o nosso foco é treinar para esta prova. Estamos super fortes para o Brasil Wild”, definiu o atleta.

    Frederico Gall, Mirella Albrecht, Kenny Souza e Sérgio Zolino formam a equipe Oskalunga/ Adventure Camp que irá competir a segunda edição do Brasil Wild Extreme A Corrida da Sustentabilidade.

    Organizador do Circuito Adventure Camp, Zolino promete que volta nesta edição para “repetir a dose na prova, mas desta vez bem melhor”, falou ele sobre a desistência da equipe em 2008.

    Além dos treinos que fez para competir a prova, ele conta que os outros atletas da equipe são muito rápidos, e por isso teve de perder peso e ficar mais leve. “Eu acredito que não só o físico importe, mas também a experiência é o que deve fazer a diferença. O que pode faltar no físico para mim com relação a eles, eu compenso na parte técnica, na estratégia, na navegação”, contou Zolino.

    Para ele, a prova vale não só como experiência de atleta, mas também como exemplo para a montagem do seu circuito. “Eu uso as provas que corro como termômetro para as coisas que eu faço. Na parte de atleta eu dou meu melhor, treino, e na parte de ser organizador eu tenho conciliar com a minha família, tê-la por perto. É duro, mas com planejamento dá certo”, revelou o organizador, que competiu provas como o Chauás e o Haka Race em sua fase de preparação.

    Zolino ressalta a força dos três atletas que o acompanharão na Oskalunga/ Adventure Camp e afirma que eles ainda não pensaram nada com relação a classificação final. Para a equipe, por enquanto, o importante é largar bem e buscar o ritmo do quarteto de acordo com a progressão da prova.

    “Não fizemos nenhum treino juntos, vamos nos encontrar em Palmas (TO) dois dias antes da largada e aí sim vamos fazer um treininho para acertar algumas coisas. Vamos fazer uma prova sem olhar para o lado”, garante ele. “Estamos animados, com uma sinergia muito boa”.

    A Logística – Como é uma prova sem apoio, as equipes que farão o Brasil Wild terão que deixar com a organização uma caixa e dois sacos com suprimentos, que eles ainda não sabem o que deve conter cada uma, e os locais dos encontros já foram estabelecido e divulgados pela organização.

    “Essa logística de prova sem apoio vai ser um dos pontos cruciais, pois teremos que calcular o terreno que passaremos para levar apenas o que iremos precisar. São dois encontros com o saco e um com a caixa, então fazendo as contas, é um encontro por dia com os nossos suprimentos”, revelou.

    Os dados que eles têm acesso são apenas os passados pela organização da prova, já que Zolino não conhece o Jalapão e ainda tem pouca idéia do que irá enfrentar. “Eu sempre quis ir para lá e conhecer a região, e esse é um dos motivos que estou indo, para fazer um turismo diferenciado”, disse Sérgio Zolino.

    Com muita força de vontade e união de forças, a equipe Canoar/ Nucleo Aventura/ Brasília Multisport irá correr o Brasil Wild Extreme 2009. Sem patrocínio, Mateus Ferraz, Ícaro de Oliveira, Camila Nicolau e Guilherme Pahl a novidade da equipe vinda de Brasília custearam toda a viagem e tiveram ajuda de alguns amigos e apoiadores para concretizar a ida para a prova.

    “No ano passado, quando corremos com a SOS Mata Atlântica, o Ícaro correria com a gente e, de última hora, o Fabinho (Fabio Batista) entrou em seu lugar. Este ano, como a equipe parou de correr, algumas outras equipes me fizeram convites para correr com eles o Brasil Wild mas eu recusei todos porque queria correr com o Ícaro e nos focamos em realizar isso”, contou Mateus, atual campeão da disputa, que no começo temeu não conseguir viabilizar a prova para sua equipe e já tinha recusado outros convites.

    Para alcançar os recursos, além dos valores dados pelos próprios atletas, a equipe conseguiu uma ajuda da Canoar, empresa de rafting de Zé Pupo líder da equipe SOS Mata Atlântica , onde Mateus e Ícaro trabalham, e que pagou a inscrição deles, além de ceder alguns equipamentos.

    “O Carrijo (Alexandre, organizador do Brasília Multisport) fez uma parceria conosco em que divulgaremos a prova dele e em troca ele nos dará apoio com caiaques e inscrição para a prova dele, que acontece em julho”, explicou Mateus. “O restante foi ajuda de amigos e pessoas próximas e dinheiro nosso. Se não fosse por isso, não conseguiríamos ir”.

    O atleta afirma que desde a pausa da SOS Mata Atlântica, faz de tudo para não sair da corrida de aventura, esporte no qual entrou há cerca de dois anos, e para competir no Jalapão (TO), procurou pessoas com a mesma vontade que ele. “O Gui saiu da Oskalunga e vimos uma boa oportunidade ao chamá-lo para a prova. Sempre pensei que se fosse para correr, teria que ser com uma equipe assim. Devia ao Ícaro correr com ele”, revelou Mateus, que afirmou que Sílvia Guimarães, a Shubi, que correu e venceu ao seu lado o Brasil Wild Extreme de 2008, não pode participar desta edição por motivos profissionais.

    “Estamos levando esta corrida à essência da corrida de aventura. Muitas equipes farão o Brasil Wild ‘na raça’, sem apoio ou patrocínios. Estamos animados, enfrentando todos os nossos desafios. É isso que faz esta prova especial, o baixo custo e sua viabilidade”, ponderou Mateus.

    Diferencial – Rumores sobre o seu envolvimento com a etapa de rafting da prova, que será dirigida pela Canoar, Mateus considera previsível, mas ele alerta que se manteve totalmente distante disso durante todo o levantamento da prova.

    “Até mudei de sala aqui na Canoar, não fico mais perto do Zé Pupo justamente porque não quero saber absolutamente nada sobre isso. Não conseguiria fazer uma prova tranqüilo sabendo que sou privilegiado pelas informações. Vou para a prova com as mesmas informações que todos os competidores”, afirmou ele.

    Mas engana-se quem pensa que a “distância das informações” que Mateus e Ícaro mantiveram durante esse tempo vai deixá-los menos competitivos na etapa de rafting. “O Ícaro praticamente nasceu no Rio Juquiá. Ele e eu somos instrutores de rafting e com certeza esse é o nosso diferencial na prova. Somos muito forte no rafting, mas porque praticamos o esporte. Nenhuma dica nos deixaria bons, somente tendo muita experiência para ter qualidade”, disse o atleta.

    Além da força nas corredeiras, Mateus assumirá ao lado de Guilherme a navegação da equipe. Há algum tempo ele se dedica a isso e no fim de maio, ao competir a segunda etapa do Adventure Camp, pode ter uma nova lição na orientação.

    “Nós não ganhamos a prova, eu errei na navegação. O Camp me ensinou que devo entrar com mais calma na prova. Foi um balde de água fria. Vou alternar essa função com o Gui”, contou.

    Além dessas duas potências, a Canoar/ Núcleo Aventura/ Brasília Multisport já pensa na estratégia de sono ao longo dos 476 quilômetros de prova. Mateus Ferraz diz que eles cuidarão deste fator para se manterem lúcidos e, não só curtirem a prova, mas administrem bem qualquer vantagem que eles possam ter.

    “A nossa equipe está tranqüila, entrosada e com o pé no chão. Entraremos conservadores no Brasil Wild, mas todos podem esperar uma equipe altamente explosiva e veloz”, alertou Mateus.

    Rafael Campos comandará um time forte dentre os caminhos do Jalapão (TO). Ao lado de Tessa Roorda, Erasmo Cardoso, o Chiquito, e Tiago Bonini reforço vindo da equipe Life Guard a Quasar Lontra promete lutar pelo título da segunda edição do Brasil Wild Extreme, após a terceira colocação em 2008.

    A chamada por Tiago aconteceu apenas três semanas antes da prova, mas Rafael conta que com relação ao preparo físico, todos estão iguais, mesmo não tendo realizado nenhum treino com o quarteto completo, já que Bonini mora em Itanhaém, litoral paulista.

    Ele afirma que a estratégia de sua equipe será traçada apenas quando tiverem o mapa na mão, porém já pensam em meios de otimizar o sono, um dos pontos cruciais de uma prova longa como a que competirão, com 476 quilômetros de percurso onde não há obrigatoriedade de tempo de sono.

    “O Dark Zone no primeiro dia não deverá definir nada da prova, mas poderá influenciar mais para frente, dependendo da estratégia que cada equipe definir”, opinou Rafael sobre a pausa que os atletas darão logo após as duas primeiras pernas da prova.

    Outra decisão já tomada pela Quasar Lontra é com relação a alimentação. No primeiro dia, Campos conta que eles comerão alimentos mais frescos, como frutas e sanduíches, já que o tempo de prova permitirá que eles não estraguem. Já a partir do segundo dia, ele espera que encontre comida pronta em algumas cidades mais bem estruturadas por onde passarão.

    “Levaremos também alimentos que não estragam. A vantagem da prova sem apoio é que mesmo sendo mais planejada, a execução é mais prática. Não temos muitas opções de alimentação, então é mais simples escolher”, ponderou.

    Força – A alimentação na prova é apenas o essencial, porque Rafael Campos garante que todos estão extremamente fortes para a competição. “A Tessa tem um trekking e um mountain bike que são muito fortes. Não sei se tem alguma mulher no país tão forte quanto ela nessas modalidades. Já na canoagem que ela não é tão forte, ela estará com a equipe e isso dá um respaldo”, opinou.

    Tessa vem de uma seqüência vitoriosa no esporte. Em maio ela alcançou a quinta colocação na segunda etapa do Big Biker, em Santo Antonio do Pinhal a mais difícil do ano , e a segunda colocação com sua equipe na segunda etapa do Adventure Camp talvez a etapa mais estratégica a ser feita esse ano no circuito. Menos de um mês depois das disputas, ela embarca para a expedição no Jalapão.

    “Vamos com vontade de ganhar, e decidimos ir para ganhar. Tem algumas equipes bem fortes, às vezes melhores preparadas do que nós, com mais estrutura do que nós, porém vamos passar por lugares inóspitos, extremamente novos para a maioria, porém eu tenho muita experiência com esse tipo de percurso, que quase não existe no Brasil, mas sim nas provas do exterior por onde corri”, revelou Campos.

    E além de toda a vontade e experiência que a Quasar Lontra coloca em prática para buscar a vitória, há mais um incentivador. “Estamos correndo a prova com os nossos próprios recursos, sem patrocínio, por isso queremos vencer também, para ganhar o prêmio e pagar nossos custos”, finalizou o capitão.

    Julio Pieroni diz que se “desgastou totalmente” para deixar o Brasil Wild Extreme 2009 pronto para os atletas e que contou com adversidades como “questões ambientais complexas na região onde a prova ocorrerá, local inóspito, pouca estrutura local” e pouco contingente em sua equipe de organização.

    “Mas vai ser uma das provas mais bonitas realizadas no Brasil. Estou investindo mais do que posso na realização porque acredito que seja um das melhores já feitas, não só pelo local, mas pelo percurso, que deve ser um dos mais inteligentes e dinâmicos já montados. As etapas são muito diferentes uma das outras, mesmo sendo da mesma modalidade”, revelou Julio.

    O organizador ressalta que um dos trechos mais bonitos, além do rafting, será o primeiro trekking, que passará pelo Parque do Jalapão, um dos cenários mais bonitos de toda a prova.

    Ele alerta as equipes à hidratação. “O ‘Deserto do Jalapão’ não tem esse nome pela falta de água e sim pela falta de pessoas. Há muitos rios no percurso, com água potável”, disse ele, que confirma que haverá estrutura de água e frutas em alguns ATs.

    As dicas que ele dá para as equipes são poucas, mas importantes. Para os que pretendem vencer a prova, há necessidade de ter boa estratégia de sono, sabendo em quais momentos dormir e por quanto tempo, e tomar cuidado com a orientação.

    Já os que pretendem “apenas” terminar a corrida, sem pretensão de prêmios, alimentação correta e descanso são os pontos chaves de toda a prova. O restante é só aproveitar a oportunidade rara de conhecer, da maneira que será conhecido, um dos locais mais bonitos do país, com uma vegetação, fauna e flora espetaculares, e que certamente proporcionará a todos emoções que ficaram marcadas na história da corrida de aventura do Brasil.

    Este texto foi escrito por: Lilian El Maerrawi

    Last modified: junho 3, 2009

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    Redação Webventure
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