Ranking de mobilidade urbana sustentável (foto: portal Mobilize)
Não é à toa que a cidade de São Paulo conseguiu a pior colocação em uma avaliação de mobilidade no Brasil. Os usuários de transporte público passam por um martírio do ponto de ônibus aos vagões do Metrô. Pedestres precisam desviar de buracos e pular os mais variados obstáculos, enquanto os ciclistas se arriscam em meio à falta de sinalização e outras carências do sistema cicloviário. Paralelamente, o uso do carro segue priorizado pelas políticas públicas.
Uma escala de zero a dez foi criada pelo Mobilize (www.mobilize.org.br), tendo como parâmetro nove capitais brasileiras, no intuito de ranquiar a mobilidade urbana sustentável das cidades. O Mobilize é um portal de conteúdo exclusivo sobre mobilidade urbana. Para formar o ranking, foram utilizados dados oficiais e estudos independentes.
O Rio de Janeiro ficou em primeiro lugar, seguido de Curitiba e Brasília. São Paulo ficou em último. Além das cidades citadas, também foram analisadas as situações de Cuiabá, Belo Horizonte, Salvador, Natal e Porto Alegre. Alguns municípios foram excluídos do estudo por falta de informações disponíveis sobre o sistema de transporte.
Critérios. A avaliação levou em conta cinco critérios objetivos. Para avaliar a democratização do transporte, foi contabilizada a quantidade de ônibus municipais apropriados para pessoas com deficiência, sendo Curitiba a campeã, com 90% da frota adaptada.
A quantidade de vítimas fatais em acidentes de trânsito, divididos por 100 mil habitantes, foi outra categoria. Nesse quesito, Brasília foi a pior colocada, com 18 mortes por centena de milhar. Curitiba foi a melhor, com 5,2 mortos por 100 mil habitantes.
Entre os dados mais complexos, o portal avaliou a porcentagem de vias para bicicletas dentro do sistema de transporte. Quanto menor a porcentagem, pior. São Paulo, na rabeira do ranking, não chegou a 0,1%, enquanto o Rio de Janeiro apresentou 9,7% e a campeã Brasília, 10%.
Um dado de destaque é a quantidade de bilhetes que pode ser adquirido com a média salarial de cada cidade. Enquanto o salário médio de Salvador compra apenas 421,5 bilhetes de ônibus na cidade, em Brasília esse valor sobe para 924,5. São Paulo também apresentou um desempenho fraco nesse quesito, com o número de 515,9 bilhetes comprados com um salário médio, enquanto no Rio é possível comprar 631,1.
O último valor que definiu o ranking foi a porcentagem de viagens feitas em veículos individuais motorizados entre todas as viagens realizadas na cidade. São Paulo, mais uma vez, conseguiu a pior posição, com 30% das viagens feitas em carros ou motos com apenas uma pessoa por veículo. No Rio de Janeiro, a melhor colocada, apenas 13% das viagens são feitas dessa forma.
Segundo o Mobilize, a maior dificuldade na realização do estudo foi a localização de fontes confiáveis, pois, muitas vezes, os dados estavam dispersos por diversas secretarias de prefeituras. Além disso, muitas cidades nem mesmo têm informações atualizadas sobre seu sistema de transporte, o que impediu que mais critérios de avaliação fossem levados em conta.
O conceito de mobilidade urbana sustentável que levado em conta para o estudo foi o de integração inteligente de vários modos de transporte, com a maior eficiência e conforto possível para os passageiros e menor impacto ambiental. O estudo completo pode ser acessado em www.mobilize.org.br/midias/pesquisas/estudo-mobilize-2011.pdf
Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi