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SAÚDE: Como evitar e tratar as torções de tornozelo


Como colocar uma bandagem (foto: WikiCommons)

Raízes de árvores, pedras soltas e superfícies escorregadias são alguns dos obstáculos que podem causar lesões no tornozelo e no pé durante uma caminhada ou escalada. Para tentar evitar esse tipo de acidente, treinamento e equipamentos adequados são essenciais. Mas, caso o pior aconteça, calma, bom senso e itens de primeiros socorros ajudam a evitar agravamentos.

Para entender essas lesões, é importante saber que o sistema do tornozelo e do pé é uma coisa só. O pé possui 26 ossos, além de músculos, tendões, ligamentos, vasos sanguíneos e cartilagens, enquanto o tornozelo é o nome dado ao conjunto da articulação que faz a junção com os ossos da perna.

Como em qualquer movimentação, as partes do corpo mais usadas ao caminhar, depois dos músculos, são os ligamentos e os tendões. Os ligamentos são responsáveis pela estabilidade, mantendo os ossos unidos, enquanto os tendões participam do movimento, prendendo os músculos nos ossos.

Tipos de lesão. As lesões do tornozelo em trekking e montanhismo são causadas, geralmente, por movimentos forçados da articulação além do limite dela, ou pela falta de firmeza do atleta. É possível se machucar, por exemplo, pisando em um buraco, mesmo sem forçar a articulação, pois muitas vezes o corpo não está preparado para o movimento.

Quando se sofre uma entorse, é possível lesionar várias das partes envolvidas no movimento: ligamentos, tendões, ossos e cartilagem são os mais comuns. Segundo Marcelo Prado, médico ortopedista, especialista em pé e tornozelo, “a maioria das lesões afeta os ligamentos e, em geral, não são extremamente graves”.

Para um atleta saber exatamente qual tipo de lesão sofreu, é necessário se consultar com um especialista. Em geral, exames como ressonância magnética ou raio-X também são necessários. Ainda assim, é possível analisar a gravidade do machucado sozinho.

Avalie sua entorse. Depois de se machucar, a doutora Ana Paula Simões, ortopedista e traumatologista do esporte, ressalta que “é preciso ter calma, porque, com a adrenalina, a pessoa pode não sentir dor na lesão, mesmo que tenha quebrado alguma coisa”. Ela recomenda parar e esperar um pouco antes de tomar qualquer atitude, sempre que existir a suspeita de uma entorse.

Para saber se uma lesão é grave e se é possível continuar em uma prova, o esportista deve prestar atenção em seu corpo. Um dos principais critérios de avaliação é a dor: quanto mais intensa e mais prolongada, pior o estado da lesão. Inchaço e hematomas também são bons indícios. Se a região não aumentar de tamanho, é provável que não tenha acontecido nada de muito grave. Por outro lado, se o local inchar e nele aparecem hematomas, em geral significa o rompimento de algum tecido.

Por fim, testar o movimento do pé é o que irá definir se o atleta poderá voltar a caminhar. Primeiro deve-se tentar movimentar o pé sem se apoiar nele. Se não houver dor (ou se não for intensa), aí sim é hora de levantar e testar se é possível distribuir o peso do corpo normalmente. “Se a pessoa perder o movimento, pode ter rompido algum tendão ou ter sofrido uma lesão mais grave, como fratura ou luxação articular”, afirma Ana Paula.

Como tratar. Caso o esportista não consiga movimentar o pé normalmente, ou esteja com dificuldade de andar, algumas medidas simples podem ser tomadas. Primeiro, recomenda-se passar gelo no local afetado, para diminuir possíveis inchaços. Como essa opção quase nunca está disponível na natureza, ainda mais no Brasil, uma boa alternativa é colocar o pé dentro de um rio ou lago, onde a temperatura costuma ser mais baixa.

Para imobilizar o tornozelo, uma opção é pegar um pedaço de madeira ou uma revista enrolada e usar como tala. Para fixar ao pé, basta enrolar com uma camiseta, uma faixa ou algum outro pedaço de tecido. Quem quiser um tratamento mais adequado, sem ocupar muito espaço da mala, pode levar uma faixa para atadura e uma tala flexível de emergência, chamada Talafix, que pode ser encontrada em lojas de ortopedia.

Prevenção. Para evitar as entorses de tornozelo, a melhor escolha é fazer atividades físicas e usar calçados adequados. A médica Ana Paula destaca a musculação para fortalecimento dos membros, enquanto os exercícios de propriocepção, como pilates ou ioga, ajudam a aumentar o equilíbrio.

Os calçados de trekking devem ter solado mais duro que os tênis de rua e boa aderência em terreno acidentado, além de possuir cano mais alto, que evita a movimentação do tornozelo. No caso do montanhismo, o cano não deve ser muito alto em subidas mais íngremes, porque assim pode atrapalhar o movimento dos pés.

Para quem já teve algum tipo de entorse, Ana Paula recomenda o uso de faixas ou ataduras para prevenir novos machucados. Segundo ela, a faixa deve manter o pé firme, sem permitir os movimentos que podem levar a outra lesão. As tornozeleiras de neoprene e algodão não são recomendadas, pois permitem que o pé vire. Há algumas opções, como utilizar esparadrapos ou orteses (suporte rígido, como o aircast, também encontrado em lojas de ortopedia), que fazem melhor o serviço e ocupam pouco espaço.

Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi