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SAÚDE: Porque acontece e como evitar o barotrauma dental durante o mergulho


Escolher um dentista que também mergulha é uma boa (foto: Arquivo Webventure)

Mergulhador que fez um bom curso sabe o que é um barotrauma lesão causada pela variação de pressão no interior do corpo durante a prática de submersão. Contudo, existe uma lesão dessa categoria que pode pegar de surpresa até os mais experientes: o barotrauma dental.

Enquanto o tipo mais comum de barotrauma acontece no ouvido quando o mergulhador se esquece de realizar a valsalva (forçar a exalação do ar com a boca e o nariz tapados para equalizar as pressões interna e externa) no caso do barotrauma dental, a causa costuma ser alheia à vontade do mergulhador.

Esse tipo de incidente geralmente acontece por causa de uma obturação mal feita, que deixa espaços vazios dentro do dente, que são preenchidos pelo ar. O problema ocorre na volta para a superfície, quando aumenta a pressão do ar dentro desse buraco.

“O aumento da pressão pode apertar a polpa do dente e a raiz do nervo, ocasionando aquela dor aguda tipicamente dental”, explica Matias Nochetto, médico DAN (Divers Alert Network – www.danbrasil.org.br).

“Folcloricamente, o maior risco é de explosão da peça dental. Mas, na maioria dos casos, o problema acaba sendo mais o aborrecimento do que qualquer outra coisa. Às vezes, o ar pode dessecar planos de tecidos e produzir um quadro mais complicado, com enfisema subcutâneo no rosto, mas são casos raros”, avisa o médico.

Às vezes, o mergulhador também está sofrendo um barotrauma do seio maxilar em vez do dental. “O nervo das raízes dos pré-molares e molares superiores é o mesmo nervo do seio maxilar. Assim, uma sobrepressão no seio pode ser interpretada pelo cérebro como dor dental”, explica Matias.

Prevenção e tratamento. Poucas coisas podem ser feitas para tratar o barotrauma dental. “O uso de analgésicos e anti-inflamatórios não esteroides pode ajudar. Posteriormente, uma consulta com um médico é uma precaução básica.”

E esse tipo de lesão pode acontecer com qualquer tipo de obturação, segundo o cirurgião-dentista Ricardo Toscano. “Pode ser de resina ou amálgama. Se tiver ar dentro, pode acontecer.”

“Existe uma radiografia com a qual a pessoa pode checar se há ar em suas obturações. Se ela for de resina, é necessário fazer uma tomografia. Mas se for de metal, o exame se chama periapical”, diz Ricardo.

Para Matias, “é melhor que seu odontologista também seja mergulhador ou que você consiga explicar para ele o mecanismo da lesão [na hora de escolher um dentista]. Nunca subestime, pois nem todos os profissionais lembram bem das leis da física”.

Este texto foi escrito por: Pedro Sibahi