Terminou ontem em Istambul a edição 1999 do Master Rallye. Jean-Louis Schlesser chegou como vencedor nos carros, e Thierry Magnaldi nas motos. Foram mais de 8 mil quilômetros em uma das mais cansativas edições do Master Rallye. Apenas onze carros e doze motos largaram para a última especial do dia. Um sinal claro de que chegar até o final já é por si só uma vitória.
Quem tinha muito o que comemorar era o francês Jean-Louis Schlesser. A vitória ontem no Master Rallye consagrou em definitivo o seu buggy protótipo Renault-Schlesser. Depois de vencer Granada-Dakar deste ano de ponta a ponta, Schlesser aceitou o novo desafio. Colocar seu carro no Master Rallye e vencer, foi a forma de provar que o buggy não foi projetado única e exclusivamente para as condições do Dakar. O carro de Schlesser obteve excelentes médias em todas as etapas do Master Rallye 99.
Como nem toda a vitória é feita sem sustos, a última especial de apenas 82 quilômetros reservou uma bela surpresa a Schlesser. Um erro de navegação quase deixou o piloto francês perdido na planilha, o que poderia ter lhe custado a vitória final. Quem salvou a pele de Schlesser foi seu colega de equipe o espanhol José Maria Servia que lhe indicou o caminho correto.
Mas na verdade depois de 8 mil quilômetros de muita adrenalina a maioria dos pilotos não estava muito disposta arriscar suas posições finais na última especial. Principalmente porque a última etapa atravessava regiões muito habitadas. “Não vale a pena correr riscos no último dia em uma especial com tráfego de rua no meio da pista. Não era um dia para andar rápido. Hoje eu dirigi bem relaxado, com meu braço para fora da janela e tudo”, confessou o piloto Thierry Delavergne, que ficou em terceiro na classificação geral.
A vítora de Thierry Magnaldi nas motos deve-se muito mais a suas incríveis performances sobre as condições extremas da primeira etapa do Master Rallye. Thierry, que pilotou uma KTM 660, obteve seguidas vitórias nas estepes e soube manter a dose certa de concentração e resistência para vencer as longas especiais da primeira etapa, mesmo sob o calor sufocante que muitas vezes ultrapassou os 50º. A saida do chileno Carlo de Gavardo e o acidente sofrido pelo seu principal adversário, o italiano Fabrizio Meoni logo no início do rali, caiu uma luva para a estratégia de Magnaldi. O italiano só conseguiu se recuperar completamente na segunda etapa do Master Rallye, após a passagem do Mar Cáspio. Mesmo tempo conseguido cinco vitórias consecutivas, Meoni não teve como recuperar o tempo perdido e alcançar a confortável vantagem de Magnaldi.
Apesar de todo sofrimento para chegar ao final, a avaliação que todos os pilotos fizeram da prova foi bastante positiva. O mais contente de todos era mesmo o diretor geral da prova, o francês René Metge. O Master Rallye 99 cruzou oito países de Moscou até Istambul e já é considerado o segundo mais importante rali do mundo, abaixo apenas do lendário Dakar. A idéia de René para o próximo ano e manter o estilo de uma prova com competidores selecionados entre a elite do rali mundial. Um rali de resistência e muita navegação, onde os competidores são expostos as condições extremas de temperatura e longos trechos cronometrados. Difícil mesmo é imaginar condições mais extremas do que as enfrentadas nesta edição 99.
Este texto foi escrito por: Gustavo Mansur