Mergulhador imprudente é o principal responsável por acidentes (foto: Arquivo pessoal/ Adair Ribeiro)
Na esmagadora maioria dos acidentes e fatalidades de mergulho, erros humanos foram a principal causa. A afirmação foi feita por Dan Orr, presidente da Divers Alert Network (DAN, ou Rede de Alerta dos Mergulhadores, em português), durante apresentação sobre segurança no mergulho, que ocorreu nas Ilhas Cayman, no final de abril.
Durante o seminário, que foi voltado para profissionais do mergulho, Orr apresentou os resultados de uma análise feita por sua organização sobre as estatísticas disponíveis sobre mergulhadores e acidentes relacionados ao mergulho, e examinou maneiras com as quais eles poderiam ser prevenidos.
A DAN é uma organização internacional de segurança no mergulho que pesquisa questões médicas que afetam mergulhadores no intuito de desenvolver diretrizes de segurança. Ela também opera uma linha telefônica de emergência, um serviço de resgate e um seguro para mergulhadores.
Apesar da organização não ter acesso aos dados de todos os acidentes ao redor do mundo que sejam relacionadas ao esporte, ela analisou praticamente 1.000 arquivos de fatalidades para determinar a raiz na causa desses incidentes, e ainda reexaminou como eles poderiam ser evitados.
A análise revelou alguns tópicos interessantes:
>> 50% de todas as fatalidades no mergulho acontecem com pessoas entre 40 e 59 anos. A comunidade de mergulhadores está envelhecendo, disse Orr. Vinte e dois anos atrás a idade média dos membros DAN era 38. Agora é 45.
>> 28% por cento de todas as fatalidades analisadas eram relacionadas ao coração o que significa que vivenciaram problemas cardíacos que acabaram levando a morte. Como a comunidade de mergulho continua a envelhecer, espera-se que este quadro continue crescendo, disse Orr.
>> O que mais preocupa é que entre aqueles que morreram por problemas cardíacos, 60% tinha sinais ou sintomas que eles próprios, ou seus acompanhantes, sabiam que estavam relacionados com o coração.
Se você tem sintomas, não deveria estar mergulhando, disse Orr. Se reconhecer sintomas em outra pessoa, tente convencê-la a não mergulhar. Aquelas pessoas poderiam não ter passado por problemas cardíacos debaixo da água e estariam vivas hoje.
>> Entre o número total de fatalidades analisadas, 88% aconteceram no primeiro mergulho da viagem. Olhando para além desses perfis, a pesquisa examinou o gatilho que deu início a uma série de eventos que resultaram em mergulhos ruins, nestes casos, terminando em morte.
>> Além dos incidentes cardíacos, outros gatilhos identificados pela pesquisa foram: ficar sem ar ou mistura gasosa (41%), aprisionamento (15%), problemas no equipamento (11%), trauma (4%), problemas de flutuabilidade (3%), misturas inapropriadas de gás em mergulhos técnicos (2%).
Na maioria dos casos, esses gatilhos foram acionados por erros humanos não foi o mar ou a massa de água onde estavam os mergulhadores que causaram o problema, foram suas próprias decisões ruins, falta de treinamento, experiência ou habilidades que resultaram em um incidente.
Assim, abordando como acidentes podem ser prevenidos, o ônus recai sobre o mergulhador individual, que deve garantir que seu treinamento e técnicas estejam atualizados e praticados com regularidade. O equipamento deve passar por manutenção com profissionais e os mergulhadores devem garantir que estão familiarizados com a própria configuração de equipamento, assim como a do companheiro, disse Orr.
Mergulhadores precisam ficar atentos para seus próprios níveis de experiência e habilidade e não se sobrecarregarem ou mergulharem além das próprias capacidades. As estatísticas claramente mostram que mergulhadores mais velhos, com excesso de peso e obesos, têm grande risco de ferimentos ou morte. Apesar de não haver requerimentos internacionais para isso, a DAN recomenda que todos os mergulhadores acima de 35 anos façam exames médicos regularmente com um especialista que possua conhecimentos em medicina do mergulho.
Baseado nas estatísticas disponíveis, o número de fatalidades relacionadas ao mergulho por ano tem se mantido razoavelmente estável nas últimas duas ou três décadas, disse o presidente da DAN. No entanto, muitos dos acidentes que ocorrem são resultados de erros humanos. Se erros humanos puderem ser eliminados, acidentes e fatalidades podem ser consideravelmente reduzidos entre mergulhadores.
* Este texto foi escrito por Natasha Were para o site www.compasscayman.com, e teve autorização da autora para ser traduzido e publicado no Webventure.
Este texto foi escrito por: Natasha Were*