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SEGURANÇA: O que se falou de segurança nos esportes de aventura em 2005

Em 2005 o Brasil olhou mais para o lado dos esportes de aventura, talvez não pelo aumento no número de adeptos ou pelo crescimento das modalidades, mas, com certeza, pela enxurrada de acidentes.

Em agosto, por exemplo, todos os brasileiros descobriram o que é Bungee Jump por causa da jovem de 20 anos que morreu após saltar de um pontilhão em Araguari (MG). Uma peça da cadeirinha que a prendia quebrou. A polícia local abriu inquérito e o advogado da empresa Azimuth Adventure, responsável pela atividade, alegou que foi falha do equipamento e todos os procedimentos de segurança foram seguidos. O vídeo do acidente, gravado pela família da vítima, circulou pela internet.

Antes disso, outro acidente trágico. A professora de educação física Catarina Araújo, de 25 anos morreu cerca de vinte dias após cair durante um rapel na caverna Água Suja, no Petar. Instrutores locais que fizeram o resgate informaram que ela estava na corda principal e outra pessoa descia na corda de segurança. Catarina caiu de cerca de vinte metros e não foi freada pela corda de segurança já que estava ocupada , teve lesões sérias e hemorragia. Ficou quatro horas para ser atendida, foi levada para o hospital de uma cidade próxima. Lá permaneceu em coma induzida, mas não resistiu.

Em maio, dois ciclistas morreram no mesmo dia, atropelados em acidentes separados na rodovia dos Bandeirantes. Coincidiu com a época em que a Universidade de São Paulo proibiu o treino de ciclistas no campus, alegando que atrapalhava o trânsito de carros. Por outra infeliz coincidência, uma das vítimas era professor da USP.

Causas – Vários casos, cada um diferente do outro, não fosse por um único elo. São perdas trágicas causadas por falta de segurança. “Acidentes ocorrem em todo lugar, principalmente com atividades de risco”, disse o Secretário de Turismo de Iporanga, cidade onde Catarina Araújo se acidentou.

Aventura e ecoturismo estão na moda, atraem cada dia mais adeptos, que movimentam cada vez mais o mercado. Isso atrai novas agências e operadoras, muitas delas, como citou Eliana Garcia em texto recente para o Webventure são criadas por praticantes ou atletas que chegam à brilhante conclusão que podem comercializar o esporte que praticam.

Alguns, que se preocupam com procedimentos e seguranças, viram referência no mercado. Outros não, mas como o volume de negócios cresce cada vez mais, esses se mantêm no mercado. A escolha de quem contratar sempre foi e sempre será do consumidor, só que no caso do turismo de aventura e o ecoturismo, ainda não existem parâmetros, regras e padrões para comparação. Infelizmente. Algumas normas estão para sair, no ano que vem, mas estão longe de virar regras, muito menos leis, mas já é o primeiro passo.

Diante desse quadro, o consumidor toma como base indicação ou propaganda para a escolha, sem muito critério. Corre o risco de contratar uma operadora desqualificada e as chances de acidentes são maiores. No caso de esportes de aventura, que envolvam técnicas verticais, por exemplo, a probabilidade dos acidentes serem fatais é maior.

O governo e os Parques Nacionais, por exemplo, não fazem um controle rígido de agências de turismo e operadoras, mas o site do Ministério do Turismo (www.turismo.gov.br) dá algumas dicas. Lá eles informam que para verificar se uma empresa de turismo é idônea, “verifique com o Instituto de Defesa do Consumidor (PROCON) da sua localidade. O Ministério do Turismo apenas informa se a empresa está devidamente cadastrada ou não. De posse do Cadastro nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da empresa, você pode entrar em contato com a Gerência Regional de Turismo do seu Estado ou acessar o site www.cadastro.turismo.gov.br.” Mais dicas como essa estão nas “Perguntas freqüentes” do site.

É preciso deixar claro que mesmo a máxima “Acidentes acontecem”, merece ressalva. Acidentes só acontecem quando existe algum tipo de falha, seja do equipamento ou humana. Os procedimentos e tecnologia para a prática dos esportes de aventura avançam em velocidade estrondosa, baseados principalmente em práticas militares. Esporte de aventura é seguro. Contanto que se tome algumas precauções. Seguem algumas dicas:

É importante:

  • Ter algum conhecimento sobre o esporte, por mais simples que ele seja.
  • Conhecer os procedimentos de segurança necessários para a prática do esporte, e se a operadora os realiza.
  • Saber quanto tempo a operadora existe (Não é garantia de segurança, nem de bons serviços, mas já é um critério a mais para a escolha, em caso de dúvida entre uma e outra).
  • Ter a indicação de alguém experiente no esporte ou atividade.

    Um processo de normalização está em andamento, organizado por praticantes do esporte e proprietários de empresas de turismo de aventura, em parceria com o Ministério do Turismo e pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)

    Provavelmente em 2006 serão criadas 19 normas para a comercialização do esporte de aventura. Elas podem ser seguidas, ou não, pelas agências operadoras. Ao entrar em vigor, essas normas serão mais um talvez o mais confiável critério que o consumidor tenha para a escolha desses serviços.

    Quem encabeça esse processo é a Associação Brasileira das Empresas de Turismo de Aventura (Abeta), que quer posicionar o Brasil entre os melhores e mais seguros destinos de turismo de aventura do mundo. Seu objetivo é levar a qualidade total para o turismo de aventura, torná-lo uma das referências mundiais nesta atividade e prevenir acidentes. Para isso, o primeiro passo é a normalização das atividades noa destinos ecoturísticos.

    “A criação de normas técnicas é necessária para dar qualidade e segurança aos clientes das agências e operadoras que procuram atividades ao ar livre, e que desejam emoção e contato com a natureza com segurança”, disse Massimo Desiati, diretor de marketing e coordenador da comissão de estudos da norma de rafting da entidade.


    Daniel Costa, é jornalista e repórter do Webventure. É apaixonado por off-road e no Webventure conheceu todos os outros esportes de aventura fazendo reportagens e entrevistas em outras editorias, como Montanhismo e, principalmente, Vela. Daniel é um dos responsáveis pelas editorias de Vela e faz a cobertura on line dos campeonatos brasileiros de cross-country.

    Este é um texto opinativo e reflete a opinião de seu autor.

    Este texto foi escrito por: Daniel Costa