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Sem zebras, Rally dos Sertões 2011 chega ao fim


Cyril Despres é campeão do Sertões 2011 nas motos (foto: Andre Chaco)

Foram 4.026 quilômetros de disputas e superação entre Goiânia (GO) e a Praia do Cumbuco (CE), desde o dia 9 de agosto. O Rally dos Sertões 2011 termia nesta sexta-feira sem zebras e com apenas um estreante no lugar mais alto do pódio: Tom Rosa, no quadriciclo. Os demais vencedores, de moto, carro e caminhão, já foram campeões da prova em outras edições.

Motos
Nas motos, o francês Cyril Despres conseguiu seu segundo título em três participações: em 2006 e 2008, ficando atrás do brasileiro Zé Hélio em 2008. Já em 2011, Despres venceu 6 das 10 etapas do rali, terminando a prova com 4 minutos e 10 segundos de vantagem sobre o brasileiro Felipe Zanol. Em terceiro na geral aparece Dário Júlio, com mais de 1 hora de diferença para os líderes, porém campeão em sua categoria, a production aberta.

Zanol repete o vice-campeonato de 2010, em que perdeu para o espanhol Marc Coma, mas agora com uma desvantagem bem menor: em 2010, foram mais de 17 minutos. Cinco vezes campeão brasileiro de enduro, o piloto foi alvo de elogios de seu concorrente francês. “O Zanol é muito rápido e tem feito o seu melhor. Ele está em seu segundo rali e eu tenho mais de 90. Ainda assim é um desafio para mim”, afirmou Cyril Despres na etapa de terça-feira. Na sexta especial, com 330 quilômetros, apenas décimos de segundo separaram os dois.

Quadriciclos
Os dois nomes mais conhecidos entre os quadris no Rally dos Sertões, Carlo Collet e Robert Nahas, não correram este ano. Com novas caras entre os líderes, a disputa foi marcada por penalidades, que desde a quarta etapa deixaram Tom Rosa isolado na liderança, com mais de 2 horas de vantagem para os demais. Ele foi o único não penalizado e, mesmo vencendo apenas duas etapas, sagra-se campeão com 3h27min50 de vantagem para o estreante Leonardo Franco, segundo colocado.

Mas a prova não foi fácil para Tom Rosa. Na etapa de ontem (18/8), por exemplo, ele teve um pneu rasgado e a mão machucada, que o colocou em terceiro lugar. Para Rosa, conselhos dos mais experientes foram importantes para o resultado. “Se forçar a máquina demais ou passar do limite de sua pilotagem, ela quebrará. Fiz uma coisa que todo mundo diz que é para se fazer: ser regular nos três primeiros dias e usar a cabeça”, comemorou o piloto ao chegar em Sobral (CE) na noite de ontem, confiante na vitória.

Carros
Entre os carros, a vitória foi da dupla Guilherme Spinelli/Youssef Haddad, pilotando o protótipo importado Mitsubishi Lancer. O veículo foi projetado pela equipe oficial da montadora japonesa para competir o Dakar, no último ano antes da empresa abandonar a campanha do maior rali do mundo. Atualmente, dois desses veículos estão com a equipe brasileira da Mitsubishi.

A disputa na classificação geral foi contra outro veículo importado, o BMW X3 de Paulo Nobre (Palmeirinha) e Felipe Palmeiro. A dupla venceu seis etapas de sua categoria, mas não conseguiu o título na classificação geral. Spinelli terminou o rali com 23min58 de vantagem para Palmeirinha.

Entre os veículos nacionais, o destaque ficou para a categoria pró-etanol, com veículos de produção adaptada para o rali e movidos exclusivamente à álcool. Nela, os experientes pilotos Reinaldo Varela e Klever Kolberg travaram uma disputa dia a dia. Varela foi o líder até a nona etapa, ontem, em que teve problemas mecânicos em sua L200 Triton SR carro campeão dos Sertões em 2010 e foi superado por Klebver Kolberg, com uma L200 Proton. Com isso a diferença entre ambos foi de 1 hora e meia de vantagem para Kolberg.

Caminhões
Pneus furados, para-brisa quebrado, parafusos indo embora: pormenores de um rali no sertão. Rali que também obrigou a organização a cancelar a oitava etapa por falta de espaço para os gigantes. “Batemos a roda traseira em uma árvore, danificando a suspensão. Realmente a etapa não era para um veículo grande”, contou o piloto André Azevedo.

Entre os pesados, a única baixa aconteceu logo no segundo dia de prova: o trio Amable Barrasa/Evandro Luiz Bautz/Raphael Moha foi obrigado a abandonar a competição, por causa de problemas mecânicos de seu Ford.

A partir daí, seguiu uma disputa entre André Azevedo/Sidinei Broering/Ronaldo Pinto e Guido Salvini/Flávio Bisi/Fernando Chwai, que culminou em solidariedade nas últimas etapas. “Não queríamos que se repetisse o que aconteceu no ano passado, quando lutamos um contra o outro, nos destruímos, e demos chance para outro caminhão vencer”, explicou Salvini. Na soma final, André ganhou 5 das 11 etapas (contando com o prólogo). Já Guido 6, levando o Rally dos Sertões 2011 na categoria caminhões pesados.

Entre os leves, a briga ficou entre a dupla Rafael Martinez-Conde/José Papacena e o trio Edu Piano/Solon Mendes/Davi Oliveira. A vitória foi para o trio, que abocanhou oito etapas é a quinta vez que Edu ganha o Rally dos Sertões (uma com carro e quatro com caminhão).

Este texto foi escrito por: Daniel Costa e Marilin Novak