Uma semana depois de encerrado o especial “Mulheres na Aventura”, no Webventure, conclui-se que “elas” já estão conquistando seu espaço, mas ainda falta participação feminina nos chamados esportes extremos. “Tem muita menina que tem medo de se machucar ou de perder a feminilidade praticando essas modalidades”, disse a campeã de biking Jaqueline Mourão num dos cinco bate-papos que fizeram parte da semana. O especial contou ainda com uma enquete e a reportagem sobre grandes feitos das aventureiras no Brasil e no mundo (veja matéria).
No chat sobre rafting, o destaque foi o crescimento técnico das equipes femininas e os obstáculos para manter o time. “A maior dificuldade é poder reunir seis mulheres com o mesmo objetivo, a mesma vontade, ter afinidade e ainda conseguir conciliar as agendas de todas”, comentou Renata, da equipe Canoar Aquática, atual campeã brasileira. “Depois é preciso muita cabeça para saber manter a coesão. União e companheirismo são muito importantes numa equipe de rafting.”
A maior participação de mulheres nos ralis foi um dos assuntos mais comentados no chat de off-road, que reuniu vencedoras Helena Deyama, nos carros, e Moara Sacilotti, nas motos. A rivalidade com os homens também foi destaque. “Eles nao gostam de comer poeira de uma mulher”, brincou Moara. Para Helena, as meninas ainda enfrentam dificuldades para competir nas trilhas. “É difícil para uma mulher sozinha comprar o carro, preparar, competir, cuidar da manutenção, bancar os custos, etc.”
Pé na lama e vergonha – No trekking, o saldo é positivo. E as mulheres confessam gostar de viver a aventura profundamente. “A gente só se sente realizada quando enfia o pé na lama, no rio, entra de cabeça em uma cachoeira”, completa Ana, da equipe Meninas Superpoderosas, competidora da Copa Paulista.
Já na escalada e no biking, ainda faltam muitas conquistas para o sexo feminino. “Como organizador dos campeonatos só tenho a dizer que isto piora a cada dia, pois temos que disponibilizar premiação, vias, organizadores e tempo, o que é mais complicado, pra ver seis ou dez mulheres no máximo nas competições”, ressalta Alê Silva, proprietário da academia de escalada Casa de Pedra. O motivo do desfalque feminino: vergonha de um mau resultado. “Mas tenho esperanças que a mulherada este ano vai participar mais dos campeonatos.”
Para a biker Jaqueline Mourão, o melhor conselho é vencer medos e preconceitos, apostando naquilo que gosta: “Nossas loucuras são as mais sensatas emoções. Tudo que fazemos deixamos de lembrança para os que sonham um dia ser como nós: loucos, mas felizes”. Loucura ou não, no Webventure vai haver sempre espaço para “elas”.
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira
Last modified: março 16, 2001