Atletas na Represa de Guarapiranga em 2009 (foto: David Santos Júnior)
Você acredita que um dia a corrida de aventura será um esporte olímpico? Eu acredito, com certeza! Você sabia que um dia até o cabo-de-guerra foi olímpico? De 1900 a 1920, esta atividade figurava como um dos 42 esportes da época. Então, por esta e outras razões, eu acredito que um dia verei a corrida de aventura nas Olimpíadas. Outro motivo: uma das competições mais famosa, a maratona, era quase uma corrida de aventura solo. Ela foi realizada pela primeira vez por Filípides, um bravo soldado ateniense. Leia a história, tirada do Wikipédia:
No ano de 490 a.C., quando os soldados atenienses partiram para a planície de Marathónas, para combater os persas na Primeira Guerra Médica, suas mulheres ficaram ansiosas pelo resultado, pois os inimigos haviam jurado que, depois da batalha, marchariam sobre Atenas, as violariam e sacrificariam seus filhos.
Ao saberem dessa ameaça, os gregos deram ordem a suas esposas para, se não recebessem a notícia da vitória em 24 horas, matarem seus filhos e, em seguida, suicidarem-se. Os gregos ganharam a batalha, mas a luta levou mais tempo do que haviam pensado, de modo que eles temeram que elas executassem o plano.
Para evitar isso, o general grego Milcíades ordenou ao seu melhor corredor, o soldado e atleta Filípides, que corresse até Atenas, situada a 42 quilômetros dali, para levar a notícia. O rapaz correu a distância tão rápido quanto pôde e, ao chegar, conseguiu dizer apenas vencemos, e caiu morto pelo esforço.
No entanto, Heródoto conta que, na realidade, Filípides foi enviado antes da batalha a Esparta e a outras cidades gregas para pedir ajuda, e que tivera de correr 240 quilômetros em dois dias, voltando à batalha com os reforços necessários para vencer os persas.
Seja como for, cerca de 2.400 anos mais tarde, em 1896, nos primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna, Filípides foi homenageado com a criação dessa prova, cuja distância era de 40 quilômetros mas que, desde 1908, está estipulada em 42,195 quilômetros. Hoje é, tradicionalmente, o último evento dos Jogos Olímpicos.
Assim, depois de vivenciar a corrida de aventura por 16 anos, eu vejo uma grande semelhança da história acima com as nossas corridas. Muitos devem estar pensando que ela perderia seu intuito e conceito, e que ela não tem nada a ver com os jogos. Mas, pense o quanto o esporte cresceria em número de atletas e divulgação na mídia?
Foi exatamente isso que aconteceu com o triathlon, quando se tornou olímpico em Sydney, na Austrália, em 2000. Na ocasião, ele foi visto por mais de 3 bilhões e meio de pessoas ao vivo, pela televisão. A partir daí, o esporte só cresceu e hoje movimenta um gigantesco mercado.
Mas, assim como o triathlon, a corrida de aventura também teria de se moldar às Olimpíadas. Para se tornar olímpico, um esporte tem de oferecer uma plástica visual, ser fácil de ser entendido e assistido pelos espectadores e ter regras claras e fortes nas federações mundo afora. Por isso, enquanto o triatlhon Ironman tem 3,8 quilômetros de natação, 180 de bike e 42 de corrida, o olímpico tem apenas 1,5 de natação, 40 de bike e 10 de corrida.
Na corrida de aventura ainda teríamos algumas vantagens a serem exploradas, como o coletivo, que evoca o espírito de equipe, e a plástica dos atletas na água, na terra e no ar. Além, é claro, da exploração das modalidades que já são olímpicas, como a corrida, o mountain bike e a canoagem.
Imaginem, então, algum de nós um dia com uma medalha olímpica no peito? Imaginem uma prova de aventura com 1 hora de duração, com imagens alucinantes das equipes se digladiando para buscar o primeiro lugar?
E se você pensa que uma prova dessa seria fácil, lembre-se do Adventure Camp de 2008, realizado dentro da cidade de São Paulo. Ou do Camp de 2009, na Represa de Guarapiranga. Os dois foram tão difíceis quanto outras expedições Brasil afora.
Por tudo isso, venha conhecer a semente da corrida de aventura olímpica na 3ª etapa do Adventure Camp, dia 17 de setembro, na Universidade de São Paulo (USP), durante a Virada Esportiva.
Bons treinos e nós vemos lá!
Sérgio Zolino
Este texto foi escrito por: Sérgio Zolino
Last modified: agosto 26, 2011