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Sertões: Moara Sacilloti e a jornada do pistão


Moara: persistência para continuar no Sertões 2001 (foto: André Chaco)

Longos cabelos loiros, sorriso simpático, voz suave e… fera nas motos off-road. Moara Sacilloti, a primeira mulher a correr o Rally Internacional dos Sertões mostrou que além de preparo físico, garra e tranqüilidade, uma prova como o Sertões exige criatividade, senso prático e muita persistência.

Durante a sétima etapa, em que os competidores deram uma grande volta na região do deserto do Jalapão, em São Félix do Jalapão (TO), Moara teve problemas com o pistão de sua moto. Não conseguiu completar a etapa e nem correr o trecho seguinte, entre São Félix do Jalapão (TO) e Carolina (MA).

A estudante de fisioterapia de 21 anos, que até atrasou seu ciclo menstrual para ter um melhor desempenho na prova não desistiu. Mandou encomendar a peça em uma loja especializada em São Paulo. Pelo fato de ter uma Yamaha importada, seria complicado conseguir o pistão em localidades mais próximas.

Mãe-apoio – A verdadeira jornada para continuar no Sertões prosseguiu com a chegada da peça, pelo correio, à cidade de Palmas, no Tocantins. Regina Sacilloti, mãe de Moara, transformou-se em equipe de apoio: pegou o carro e seguiu para a cidade.

O dia de descanso foi fundamental para que a piloto e sua equipe pudessem realizar o trabalho de substituição da peça. O processo foi madrugada à dentro e a expectativa era grande. Conseguiria Moara retornar ao Sertões 2001?Na manhã de ontem, Moara e a equipe anunciaram: estavam de volta à prova.

Outra categoria – Por conta das modificações feitas em sua moto, a piloto deixa de competir na categoria Marathon e passa para a Super Prodution. Isso porque, para permanecer na Marathon, não poderia de forma alguma abrir o seu motor durante o Rally.

Na etapa de ontem, primeira em que competiu na nova categoria, Moara conseguiu a 13ª colocação na classificação geral e a sétima na categoria, que conta com dez motos competindo. Vale lembrar que é na Super Prodution que ficam os líderes do Rally, como Tiago Fantozzi e Juca Bala.

No sangue – Competir sobre duas rodas está no sangue da família Sacilloti, uma tradição no Rally Internacional dos Sertões. Nas duas primeiras participações de Moara na prova (99 e 2000), ela tinha o pai, Gilberto, como “anjo da guarda”. Piloto experiente, bicampeão paulista de motocross, ele já participou várias vezes do Sertões, inclusive na organização. Quando a filha decidiu encarar o desafio, resolveu acompanhá-la. Mas neste ano, Moara conta com a ajuda do experiente piloto e mecânico Luiz Azevedo.

Ela diz que ao amor pelo esporte vem de berço. “Desde cedo sempre convivi em minha casa com a moto. Minha mãe Regina usa, meu irmão Ramon compete motocross e sempre via meu pai Gilberto competindo desde pequena. Hoje não consigo me imaginar sem a moto”, diz Moara.

Este texto foi escrito por: Debora de Cassia