Foto: Pixabay

Solidariedade: o que podemos devolver ao povo do sertão brasileiro

Redação Webventure/ Offroad

Luis Salvatore coordena a equipe (foto: Divulgação/ Juventude Solidária)
Luis Salvatore coordena a equipe (foto: Divulgação/ Juventude Solidária)

por Cristina Degani

Ser solidário. No Rally dos Sertões. Com 4,5 mil quilômetros de percurso, o maior evento de rali da América Latina está conseguindo, ano após ano, devolver um pouco mais de benefícios para as comunidades carentes do Norte e Nordeste do país. São ações sociais de atendimento médico, doação de materiais e alimentos, aulas de higiene pessoal, de higiene bucal, educação ambiental e cultural.

Nesse conjunto de ações, entra também o trabalho dos Canastras, o grupo de educadores ambientais da Serra da Canastra (MG) que recolhe o lixo e sucata deixados pelos pilotos após as especiais dos Sertões, além de distribuir meios para armazenamento de lixo e boas lições de como não agredir ainda mais o meio ambiente.

Todas as ações, desde a oficial da própria organização do Rally dos Sertões até a individual de algumas equipes, representam a preocupação crescente das organizações de grandes eventos esportivos a retribuírem de alguma forma o uso que elas fazem das localidades, estradas, trilhas e até pessoas da comunidade.

Mais que retribuir algo que custa pouco, mas tem muito valor sentimental uma casa de pau-a-pique construída a duas mãos dia após dia e depois destruída por um carro de rali em alta velocidade a solidariedade também aparece em momentos menos divulgados no Sertões.

Está presente nas pequenas ações que a caravana do rali leva à comunidade, como a lembrança de uma foto, um “autógrafo” concedido (é, lá eles pedem autógrafos para todo mundo do rali, famoso ou não), uma camiseta de equipe doada, um boné ou caneta presenteados com carinho ou mesmo uma paradinha para se conversar o que é a nossa vida aqui, na cidade grande e o que é a vida deles lá, na cidade pequena. Bem pequena.

Nesta reportagem, você vai conhecer alguns capítulos e resultados dessas histórias de solidariedade no 12º Rally Internacional dos Sertões.

por Patrícia Croci

O sorriso de uma criança é um dos maiores presentes que alguém pode receber. É uma demonstração espontânea de carinho, cumplicidade e afeto. Os voluntários que participaram da equipe da Ação Social, que acompanhou a 12ª edição do Rally dos Sertões, voltaram para suas rotinas com muitos destes sorrisos guardados em suas memórias.

O encerramento do evento aconteceu em 10/7, mas os frutos do trabalho serão colhidos ao longo do tempo. Os números da Ação Social são tão grandes quanto os números do Rally: em dez dias de atividades, foram realizados 4.451 atendimentos médicos gratuitos, marca que supera a estimativa inicial da organização de atender 4.000 pessoas.

Além disso, foram doados 11 mil kits educacionais; 25 mil livros e revistas; 60 toneladas de alimentos que serão utilizados no preparo da merenda escolar. Também foram doados 9 mil kits de higiene bucal, contendo escova, pasta, fio dental e um livreto explicativo; 2.600 brinquedos, distribuídos às crianças das comunidades; 8 toneladas de medicamentos cedidos pela Teuto Genéricos, um dos principais patrocinadores do Rally dos Sertões. Ainda foram realizados 3 mil testes de diabetes gratuitos.

Ação e reação – Mais do que assistencialismo, a equipe da Ação Social procurou levar educação, saúde e diversão para as comunidades carentes. Em todas as escolas visitadas foram realizadas oficinas de reciclagem para adultos (tratamento do lixo) e crianças (transformação de garrafas PET em brinquedos); oficinas de educação artística para estimular a criatividade dos pequenos; palestras sobre higiene bucal, prevenção de doenças como diabetes, hipertensão, DST e preservação do meio ambiente.

O teatro de marionetes, desenvolvido pelo pessoal da Cia de Inventos, foi um espetáculo à parte. O início de cada apresentação era aguardado ansiosamente pela comunidade, que interagia com todos os personagens propostos. O personagem Palmeirinha, uma homenagem à equipe de rali que apoiou o projeto era dos mais aplaudidos – uma alusão ao próprio Rally dos Sertões, que modifica as comunidades por onde passa.

Um dos segredos do sucesso desta empreitada foi o planejamento e a integração da equipe, formada por 20 voluntários: Luis Eduardo Salvatore, coordenador do projeto; Danielle Hayde Salvatore, Leandro Uhlmann, Erik Guedes, Augusto Fernandez, Ana Elisa Salvatore, integrantes da ONG Juventude Solidária; Diogo Salles, cartunista responsável pelas oficinas de educação artística; Walter José de Lima, educador ambiental.

Já Fernando Laudares foi responsável pela logística da equipe médica; Andréa Sorelli, ginecologista; Beatriz Thomé, pediatra; Rossana Magalhães, clínica geral; Wolber de Campos e André Duarte, dentistas; Heber Pena, enfermeiro; Bernardo Rohrman, Renata Franca e Manolo Perón, integrantes da Cia de Inventos (teatro de marionetes); Pedro Lucena, motorista das Casas Bahia e Julio César, motorista da Teuto Genéricos que, além de dirigir os caminhões, auxiliavam nas atividades. Trindade e Roberto, motoristas da van da equipe médica, não eram voluntários mas sim contratados pela organização. Foram os únicos que não se envolveram com as atividades da Ação Social.

Parcerias – A importância da parceria entre a ONG, a Dunas e todos os outros parceiros que viabilizaram o projeto foi destacada pelo voluntário Diogo: “O Rally dos Sertões, como maior evento Off-road da America Latina, atrai muitos investimentos, movimenta a economia das cidades por onde passa. Assim, os voluntários levam os benefícios disso através de ações sociais para as comunidades dos sertões.”

Luis Salvatore, coordenador do projeto Unidos na Educação, Juntos pelo Brasil defende a Ação Social como sendo “o lado humano do rali, onde podemos conhecer mais de perto as pessoas da cidade, os verdadeiros moradores do local, suas carências, suas necessidades. Acho que a equipe envolvida na ação social aproveita os locais e o rali de uma maneira muito diferente de qualquer outro envolvido, de forma que ela jamais volta a mesma”.

A Ação Social é uma oportunidade de aproximar ainda mais a comunidade com o evento, “muitas pessoas que procuram a Ação Social querem participar de algo como o Rally dos Sertões, querem ter contato com os ilustres visitantes”, conta Danielle.

Os voluntários que participaram da Ação Social voltaram pra casa com a sensação de missão cumprida e satisfação. “Não faço assistencialismo pelos outros, faço por mim mesmo”, salienta Leandro Uhlmann, cuja opinião é partilhada pelo resto da equipe. A solidariedade mexe com o coração das pessoas e as transforma. A demonstração de gratidão e afeto da comunidade vale qualquer sacrifico por parte destes voluntários.

Não dá prá esquecer – Dois momentos certamente ficarão guardados na memória destes voluntários: a apresentação do coral de crianças da escola em Araguaína (TO), cidade onde o trabalho foi bastante difícil e cansativo; e o coral de moradores na praia de Cumbuco, em Icaraí (CE), que cantaram e recitaram poesias enquanto a equipe da Ação Social jantava, no domingo à noite.

Demonstrações de carinho e respeito como estas se transformam no combustível para que estes jovens continuem a desenvolver o trabalho tão importante para o Brasil.

Este texto foi escrito por: Redação Webventure

Last modified: agosto 5, 2004

[fbcomments]
Redação Webventure
Redação Webventure