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SOS Mata Atlântica é campeã do circuito Adventure Meeting 2006


Apenas cinco equipes fizeram trecho de duck (foto: Roberta Spiandorim/ www.webventure.com.br)

Uma prova inesperada e cheia de surpresas. A final do Adventure Meeting 2006 reuniu as melhores equipes de 13 estados para a decisão do título do circuito, além de mais de 17 que se inscreveram para concorrer ao CNA (Circuito Nordestino de Aventura) e premiações em dinheiro. As especulações pré-corrida giravam em torno da localização do percurso e o possível favoritismo dos nativos. No entanto, foi a paulista SOS Mata Atlântica que demonstrou maior técnica, preparo físico e psicológico, consagrando-se campeã e protagonista do espetáculo – juntamente com o percurso, que deu muito o que falar. A potiguar Tapuias Platinum e a gaúcha Papaventuras completaram o pódio.

A extensão e a dificuldade do percurso eram o assunto entre atletas, equipes de apoio e o público. Nenhum dos quartetos conseguiu cumprir todo o trajeto e mesmo assim ultrapassaram qualquer previsão de término da corrida. Esperava-se que as primeiras equipes finalizassem o percurso em 30 horas, mas a SOS, que deixou de passar em quatro PCs, demorou 36.

O quarteto campeão, formado por Marcio, Fabio, Macuco e Shubi, que correu “emprestada” da Atenah, fez uma prova de recuperação, saindo do 29º para o 1º lugar. A equipe, assim como a maioria, errou no trecho de navegação da Serra do Cajueiro, passando pelo PC 4 para depois voltar ao PC 3, o que a deixou para trás. “A carta lá embaixo é de 1:50.000, então até acostumar demora um pouco. A gente cometeu uns erros em função disso e outras coisas”, disse Macuco.

A opinião de que o trecho era muito técnico e de que o calor atrapalhava foi unânime. “A subida quase matou um, e a descida parecia ainda pior. Escolhemos o caminho errado, foi complicado”, declarou Naru, navegador da equipe baiana Gantuá Paletada, que precisou pedir resgate à organização, pois um de seus integrantes passou mal. Algumas equipes também alegaram que nativos teriam dado orientações equivocadas sobre a direção do PC.

“A navegação estava difícil e foi proposital. O PC ficava numa casa na beira de um açude, mas a trilha para chegar nessa casa tinha que ser acertada lá em cima. Se pegasse qualquer trilha para chegar lá embaixo ficaria mais difícil de achar o PC (3). Era preciso navegar desde lá de cima pensando no PC”, explicou o organizador da prova Ronaldo Bueno.

A partir daí as previsões e horários de corte tiveram que ser repensadas. Já no PC 6, 19 equipes tinham sido cortadas da prova por não terem chegado no horário limite e apenas cinco conseguiram chegar ao PC 10 para o trecho de duck, foram elas: SOS Mata Atlântica e Quasar Lontra (SP), Tapuias Platinum (RN), Papaventuras(RS) e Body Import (PR).

Todas sentiram o cansaço, de uma maneira ou de outra. Para a potiguar Tapuias o calor era de menos, o que anulava qualquer vantagem que pudessem ter devido ao tempo quente. “O sol não colaborou, foi muito raso. A gente está acostumada com um sol muito maior, muito mais forte que isso”, explicou a integrante feminina da equipe. Já para Shubi, da SOS, que acumulou 1h30 de vantagem para as outras equipes, o problema eram os remos. “Setenta quilômetros de duck, ainda mais com um remo que não é meu, que eu não estou acostumada a usar, foi ‘judieira’. Eu estou com o pulso todo doído porque é outra angulação, é outra pá, mas sobrevivemos”, comentou.

O problema para a Quasar foi a embarcação. “Esse trecho pegou muito, 70 quilômetros de duck, ainda mais furado. Se fosse caiaque tudo bem, mas duck não anda. Ele é para águas brancas, em água parada não anda, ainda mais furado. Sofremos muito nele. Tivemos de racionar água e comida”, explicou o capitão Rafael Campos.

Além das cinco, outras equipes corriam por fora, já que o corte não significava a eliminação da prova. Para a classificação final o que definiria o campeão seria o maior número de PCs conquistados. A SOS Mata Atlântica foi a equipe que cumpriu o maior número de PCs, 15, no qual foi cortada e seguiu para a linha de chegada na cidade de Macau, onde fica a Salina Salinor, a maior da América Latina. Ronaldo Bueno esclareceu que não prorrogaria mais o tempo de corrida, caso contrário as equipes terminariam a prova muito tarde. No entanto lamentou que os atletas não tivessem a oportunidade de passar pelas dunas da região.

Aproximadamente às 18h30 de domingo, 36 horas depois da largada, a equipe SOS Mata Atlântica cruzou a linha de chegada. A equipe Tapuias chegou mais cedo, porém havia sido cortada ainda no PC 12, mesmo assim ficou em segundo lugar. A gaúcha Papaventuras foi a terceira. “O percurso foi lindo demais, bem elaborado. É uma pena que todas as equipes não tenham terminado o percurso. Acho que deveriam ter sido mais horas de prova. O duck foi horrível. A gente sentou nele a 1h da manhã e saiu às 4h da tarde”, concluiu Rose, da Papaventuras.

Aparte ao circuito, a também paulista Quasar Lontra foi a primeira colocada. A equipe correu com uma formação diferenciada da habitual, com quatro integrantes que nunca correram juntos, e segundo Tessa a experiência foi ótima. “Foi muito legal, teve um astral muito bom”. Para ela a prova teve suas complicações, “a exigência física foi muito alta e o calor violento”.

Este texto foi escrito por: Roberta Spiandorim