O brasileiro Carlos Sposito parte no dia 10 de setembro para o desafio de atravessar o Deserto de Mojave, nos Estados Unidos. Especialmente para o Webventure, o esportista carioca revela os detalhes do local, conhecido, entre outras atrações, pelo Joshua Tree. E fala das opções de rota a seguir.
O Deserto de Mojave é a parte alta (High Desert) do Deserto da Califórnia, sendo o Deserto de Sonoran considerado a parte baixa (Low Desert). Esta região possui Parques Nacionais e Áreas de Preservação, entre eles os famosos Death Valley e o Joshua Tree National Park. Este último é considerado por alguns como uma fronteira entre os dois desertos.
Uma das possibilidades de meu percurso seria no Joshua Tree, em uma trilha usada para trekking, na qual o tempo médio de travessia é de quatro dias. Outras possibilidades de percurso seriam mais acima, na região perto do Death Valley. As distâncias lineares destas opções variam de 52 a 76 quilômetros lineares no mapa o que, em uma trilha dentro de um deserto, não significa muita informação, visto que alguns quilômetros de areia são capazes de atrasar descomunalmente qualquer tipo de previsão. Outro problema é a falta de água que me obrigará a manter uma velocidade abaixo de minha possibilidade máxima, para evitar o excesso de sede.
Sem sedeO meu plano é fazer a travessia em um dia, iniciando ao nascer do sol e tentando chegar antes do pôr-do-sol. Nesta época do ano a previsão é de 38 graus de temperatura à sombra, o que não representa um problema, pois estou acostumado a correr no sol do Rio de Janeiro. O perigo na verdade está na secura do ar que, paradoxalmente, assim como senti no Deserto do Saara, você não tem a sensação de sede. Quando realmente ela aparece, já é tarde demais para reverter o avançado processo de desidratação em que a pessoa se encontra.
A minha preparação vem sendo feita em dois caminhos: físico e psicológico. Para o primeiro, venho treinando preferencialmente em trilhas e pisos off-road, periodicamente subindo pequenas montanhas correndo. Nesta fase final estou treinando praticamente 100% do tempo na mesma velocidade que pretendo imprimir nesta travessia: algo entre 5:40 min/km e 6:30 min/km.
No meio do caminho… – É claro que esses números perderão completamente o sentido quando eu me deparar com uma montanha no meio do caminho ou um duna. Mas são necessários alguns parâmetros para nos basearmos no planejamento do programa de treinamento. Além disto, a parte física é complementada com treinamento de contra-resistência (musculação) visando o ganho de força.
A parte complicada deste treinamento é a psicológica. Informalmente, eu tento me visualizar no local, me sentindo a cada dia mais íntimo do caminho que farei, apesar de, na realidade, não conhecer a trilha. O que me ajuda é que conheço alguns desertos (Saara Marroquino, Saara Egípcio, Atacama, Patagônico) e as sensações de estar neles já são minhas velhas conhecidas.
Este texto foi escrito por: Carlos Sposito
Last modified: agosto 31, 2001
