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Spy causa polêmica no Rally dos Sertões


Caminhão de Nilo de Paula (foto: André Chaco/ www.webventure.com.br)

Direto de Palmas (TO) – A maior novidade da 13a edição do Rally dos Sertões é a utilização do sistema spy para a coleta de dados para as penalizações. O assunto tem causado polêmica nesses quatro dias de rali.

O spy é um sistema conectado ao GPS do veículo que coleta informações como a velocidade do carro a cada segundo ou a rota precisa que o veículo percorreu, principais argumentos para a organização penalizar as equipes quanto ao limite de velocidade ou cortar caminho.

“Esse não é só um dispositivo de penalização. Serve para medições importantes para as equipes e também para fundamentar recursos, como dificuldades em ultrapassagem e outros que podem beneficiar os competidores”, disse João Rosa, responsável pela tecnologia do aparelho.

Polêmica – Que o spy ajuda a deixar a competição mais limpa, é consenso geral, mas há algumas divergências quanto a forma que ele tem sido usado até agora. “Ele veio para ficar e vai ajudar muito, mas infelizmente ainda não está à altura que o rali precisa”, reclamou o navegador Emerson Cavassin. “É uma grande invenção, mas a credibilidade do aparelho está sendo colocada em jogo nesse rali”, comentou a piloto Helena Deyama.

“Ainda não temos as informações da confiabilidade desse aparelho. É o primeiro ano, ainda tem muita coisa para ser ajustada, mas eu gosto dele. É um fiscal em tempo real. Dispensa a necessidade de muitas pessoas espalhadas pela trilha”, disse José Neto, navegador líder da Geral do Sertões nos caminhões.

Dispensar a necessidade de gente conferindo o desempenho das equipes é outra reclamação deste ano. “Está previsto no regulamento que toda entrada e saída de radar tem que ter uma pessoa marcando a passagem dos carros. Com o spy estão deixando isso de lado”, disse Émerson Cavassin. “Isso pode ser contestado em recurso se ele quiser”, disse Detlef Altiwg, responsável pela apuração dos resultados no Sertões.

A reclamação da maioria das equipes é que as medições feitas pelo aparelho não batem com a realidade. Está sendo cogitada uma certa margem de erro no aparelho. O regulamento já prevê dez por cento de tolerância para as imposições de velocidade.

Os pilotos podem acelerar só até 150km/h na especial, já quando passam por pontes, essa velocidade tem que cair para 30km/h. Se excederem a velocidade máxima, as equipes tomam três segundos de penalidade para cada segundo acima do limite. Já a velocidade nas pontes rende uma penalidade de uma hora quando ultrapassada. Segundo o piloto Edu Piano, caiu ontem a norma de que o spy vale para mata-burros e lombas. Apenas no excesso de velocidade e na zona de radar.

“O maior problema dele é em relação aos radares curtos. Estamos diminuindo e passando sempre bem atrasado, uns cinco, seis segundos a mais do que deveríamos, só para não ter o risco de tomar essa punição, tudo por causa dessa desconfiança”, disse Cavassin.

Reclamações – Cavassin assegura que o apito de limite de velocidade não acusou que a dupla ultrapassou os 150km/h, e mesmo assim a dupla foi penalizada. O espanhol Marc Coma disse que existe uma divergência entre o odômetro digital, que mede a velocidade com precisão, e o GPS de sua moto, em trono de 5km/h. Ele foi penalizado nos três dias de competição. “Não temos conhecimento do que se baseia as medições desse tipo de aparelho, mas garantimos a credibilidade do spy”, concluiu Rosa.

“Eu sou mil vezes a favor do spy. Testamos ele com o caminhão durante todas as provas esse ano e sentimos a necessidade de usa-lo. Acontece que a organização recisa mostrar o relatório todos os dias para as equipes para acabar com essa desconfiança”, disse Nilo de Paula, navegador de caminhão e membro da Associação Brasileira de Rali Cross-country.

Este texto foi escrito por: Daniel Costa