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Sucesso de Roberta no “Monstro Patagônico”

Meu primeiro contato com a Roberta Nunes foi num evento do Luís Makoto, na Pedra do Baú. Deve ter sido lá por 1997 e acho que ela havia começado a escalar pouco tempo antes. Logo senti uma certa avidez por pedras no sangue dela, já que queria de qualquer forma fazer a Domingos Giobbi comigo… assim, de sopetão.

Fiquei assustada, me senti honrada e tive de recusar, já que, ao lado do Makoto, eu era uma das organizadoras do evento – não dava para passar um dia inteiro (e, quem sabe, uma noite) pendurada na parede.

Depois disso acho que a encontrei uma só vez. Mas ouvi muito falar dela, sempre elétrica e devoradora de rochas, um dia escalou um big wall no Paraná, no outro já tinha aberto uma via na Serra dos Órgãos e uns dias depois estava abrindo via em outro lugar.

Mais tarde veio a fase dos Estados Unidos, onde ela aprimorou suas técnicas em big wall e escalada em fendas. Mais uma vez, a gente ficava por aqui, só ouvindo falar por alto dos feitos da “maquininha de escalar”.

Ela conquistou esse amigo – A última novidade foi essa de ter escalado o Fitz… caramba! Fiquei tão emocionada quanto na hora em que ouvi falar que o Rodrigo (Raineri) e o Vitão (Vítor Negrete() tinham feito a Face Sul do Aconcágua (em janeiro deste ano). Até hoje, quando lembro da cena (eu recebendo a notícia), dá um arrepio.

O Fitz, o Monstro Patagônico, histórico, gigante, malvado, gelado e complicado, amigo de Éolo e adversário de muitos escaladores. Amigo de poucos. A Robertinha conquistou esse amigo!

Escalar na Patagônia implica em muita paciência, sabedoria, força, resistência, persistência e técnica. Sabedoria e paciência para saber reconhecer e esperar pelo bom tempo para atacar a montanha; força e resistência para, de uma vez, subir sem parar por 20, 30, 40 horas até voltar para “casa”; e técnica… bom, se não estiver escalando sétimo grau com uma mão amarrada, não adianta nem tentar!

Isso sem falar nas ventanias que fazem decolar pedregulhos de tamanhos inimagináveis (pois é, na Patagônia até pedra voa), congelam nossas cordas, nossos dedos, nossos pés, a parede e tudo o mais que estiver envolvido nas escaladas.

Robertinha, fiquei sabendo que você está procurando uma parceira… pode me ligar, mas vou avisando: vai ter hora em que vai ter de me arrastar!

Este texto foi escrito por: Rosita Belinky