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Superando desafios pelo mar: ventos e tempestades à bordo


Tripulação enfrentou ciclone na costa brasileira (foto: Arquivo pessoal/ Karen Riecken)

De todas as travessias oceânicas realizadas até o primeiro semestre de 2010 pela Mistralis e seus veleiros, uma delas se tornou a mais interessante e desafiadora. Saindo de Ilhabela rumo a Florianópolis, com um grupo de quatro alunos acostumados com o mar pela prática de canoagem e dois instrutores experientes em vela oceânica e travessias, a previsão mostrava dois ciclones extratropicais que estavam se formando no sul e que iriam alcançar o veleiro no meio do caminho.

Porém, nossos alunos queriam enfrentar seu primeiro ciclone e se superarem. Alguns para sentirem o gosto dos fortes ventos, outros para saberem exatamente como o veleiro se comportaria ou ainda apenas pelo desafio e o ganho de experiência consciente, que significa enfrentar condições adversas por livre e espontânea vontade para quando for surpreendido, estar preparado.

Já no momento do embarque, todos foram surpreendidos por um forte vento sul na Ilhabela e a âncora foi recolhida às pressas. No dia seguinte, o céu encontrava-se bem fechado e a previsão confirmava a presença dos ciclones com vento sul, o que significava chuva, vento contra e forte, uma das piores condições no mar.

Começo – Deu-se início a travessia. No começo com vento moderado, sol de dia e muita chuva a noite, com relâmpagos e formações de nuvens negras que atingiam o veleiro com as chamadas trombas dágua, a sensação quando nos encontramos dentro dela é de que estaríamos mais secos dentro do mar do que fora. Tudo isso caracterizava uma região de baixa pressão onde podem se formar ciclones e as condições que estavamos enfrentando comprovavam isso.

Depois de dois dias nessas condições chega a hora de fortes ventos. A hora do ciclone. Nessa momento, o céu se abriu com muitas estrelas e uma linda lua. Porém, para tirar o romantismo, muito vento que se iniciou de madrugada com cerca de 30 nós e superou os 40 nós durante o resto da viagem. Ondas se elevaram e ficou impossível seguir viagem rumo a Florianópolis por conta da força das ondas acima de quatro metros contra o rumo. A tripulação então decidiu se aproximar da costa para se abrigar, subindo as velas de temporal e rumando até Itajaí (SC).

As fotos mostrarão um pouco dessa viagem que foi extremamente recompensadora para todos que estiveram a bordo.

A tripulação do Mistralis se mostrou apta a enfrentar as piores condições de clima que a costa brasileira pode oferecer e o veleiro Mistralis se mostrou completamente indeferente para a força dos ventos. As velas de temporal sempre pouco usadas na nossa costa finalmente saíram do paiol e tiveram o gosto de levar o Mistralis.

Foram momentos intensos que proporcionaram uma oportunidade única de superação dos limites pessoais, físicos e psicológicos, em que o trabalho em equipe e determinação de todos foi essencial para a segurança da tripulação. Parabéns à Equipe Mistralis e ao veleiro Mistralis.

Onde Praticar

Este texto foi escrito por: Karen Riecken, especial para o Webventure