Belas paisagens em Minas Gerais (foto: Divulgação)
Aconteceu em Belo Horizonte entre os dias 12 e 15 de outubro a quarta edição do Campeonato Brasileiro de Trekking, prova de regularidade a pé organizada por Esdras Martins e realizada pelo Circuito Mineiro de Trekking. Foram 3 etapas de cerca de 4 horas cada onde prevaleceu o preparo físico e a precisão na contagem de passos em meio a muitas montanhas, belas paisagens, chuva e até neblina. Diferente das edições anteriores a técnica foi praticamente deixada de lado e o que facilitou o trabalho dos navegadores das equipes.
As grandes vencedoras foram as equipes locais, provavelmente por já estarem acostumadas com o sistema de medição utilizado na montagem das provas. Estas diferenças foram motivo de polêmica principalmente entre as equipes de outros estados, que em muitos momentos não concordaram com as distâncias dos trechos mais longos que decidiram as provas. O fato é que as equipes mineiras não têm nada a ver com isso e comemoram a supremacia alcançada frente aos paulistas, cariocas, capixabas e baianos.
A primeira prova foi realizada na noite quinta-feira dia 12 tendo como sede o Parque das Mangabeiras. Os horários de largada das equipes foram atrasados em uma hora em virtude dos eventos do dia das crianças realizado no local. Momentos antes da largada uma chuva que já era aguardada ajudou a aumentar o clima de ansiedade entre os competidores.
Perigo – O percurso desta prova exigiu bastante preparo físico das equipes, sendo marcado principalmente por uma subida perigosa até o pico da Serra do Curral com direto a uma bela vista da capital mineira. Na descida da serra a chuva foi substituída por uma neblina cerrada que dificultou muito a navegação e tornou alguns trechos realmente perigosos. Não foram raros os casos de torções no tornozelo devido ao percurso acidentado e escorregadio em meio à falta de visibilidade.
A segunda prova aconteceu no dia 13 em Casa Branca, distrito da capital junto à Serra do Rala Moça. Esta etapa começou com alguns contratempos. Um ônibus fretado pelos competidores e organização foi parar em outra cidade e as equipes acabaram não conseguindo disputar a etapa. Pior foi o fato que aconteceu com a equipe carioca Celisa, pois um dos seus integrantes passou
mal antes da prova e teve de ser resgatado de helicóptero. Felizmente no dia seguinte à internação ficamos sabendo que o competidor passava bem e já estava se recuperando.
Esta segunda prova foi praticamente igual à anterior, ou seja, mais uma vez marcada por adiamento nos horários de largada e por uma subida forte até o alto de uma serra. Pelo menos desta vez o percurso não foi tão perigoso, já que a etapa foi realizada durante o dia. Um longo trecho no alto da escarpa da serra justamente o trecho decisivo da prova – causou uma série de recursos devido à dúvida quanto a distância correta. Após a conferência do trecho pela organização foi constado o erro e a distância foi corrigida, fato que causou uma série de protestos das equipes que se sentiram prejudicadas com a decisão.
O atraso na largada das equipes fez ainda com que a chegada das últimas equipes acontecesse já durante a noite, o que também provocou protestos e uma nova série de recursos.
No dia 14 a última e decisiva etapa foi disputada na cidade histórica de Sabará, região metropolitana de Belo Horizonte. E mais uma vez as equipes enfrentaram atrasos na largada, subidas sem fim e muito pouca navegação. Diferente dos dias anteriores, só mesmo o sol forte que pela primeira vez se fez presente e chegou a provocar algumas desistências. E mais uma vez tivemos divergências quanto aos trechos longos e decisivos.
Melhorias – O sentimento que fica deste brasileiro é que muitas coisas poderiam ter sido melhor organizadas. Apesar das três provas terem tido como sede locais belíssimos, teria sido melhor que o evento fosse realizado em uma cidade pequena, pois os deslocamentos das equipes pela capital foram muito problemáticos e consumiram boa parte do tempo de preparação das equipes. Além disso, a falta de padronização na montagem das provas, apontada pelos competidores dos outros estados como principal motivo pela supremacia dos mineiros, é algo que precisa ser resolvido pelos organizadores. Fica a expectativa para que no próximo ano os problemas sejam resolvidos e que as equipes visitantes possam concorrer de igual pra igual com as locais.
Confira os resultados do Brasileiro de Trekking
1ª etapa
1) MATADENTRO – 281 pontos perdidos
2) ANTA – 299 pontos perdidos
3) VENTURA MARUCA – 346 pontos perdidos
2ª etapa
1) DA TERRA – 142 pontos perdidos
2) CHUCRUTE A MINEIRA – 224 pontos perdidos
3) LOS TRAIRAS – 282 pontos perdidos
3ª etapa
1) TIJOLINHO ECOTUR – 182 pontos perdidos
2) DA TERRA – 204 pontos perdidos
3) CHUCRUTE A MINEIRA – 208 pontos perdidos
Final
1) CHUCRUTE A MINEIRA – 97 pontos
2) A+/- BALEIAS – 84 pontos
3) DA TERRA – 82 pontos
Este texto foi escrito por: Jefferson Neitzke, membro do conselho Técnico-Administrativo da Abrapep