Atletas reunidos para o comunicado de encerramento do 12 Horas (foto: Renato Cukier)
A suposta violência encerrou precocemente o MTB 12 Horas 2000, que aconteceu neste sábado, em São Paulo. Segunda maior prova de mountain bike do Brasil, reuniu 437 atletas que deveriam ficar em cima da bicicleta do meio-dia, horário da largada, à meia-noite. Mas a festa foi interrompida quando começaram a surgir boatos de tiros no meio da trilha do CEMUCAM (Centro Municipal de Campismo). Um atleta teria sido abordado por um assaltante armado, pronto para roubar-lhe a bike.
A confusão começou por volta das 18h30, quando começou a chover forte e quem chegava para o revezamento – atletas que corriam em dupla ou equipe – estava coberto de lama. Houve necessidade de socorrer em ambulância bikers que caíram na trilha. Por medida de segurança, um dos diretores da prova, Eduardo Ramirez, optou por mudar o percurso, interditanto um ponto da trilha chamado de tobogã.
Pouco depois, no local da troca de pilotos, surgiu a história do assalto e de um suposto tiro. “Temos um eco incrível neste parque. Se alguém atirar, ouviremos perfeitamente, mas eu não escutei tiro nenhum”, disse a diretora do CEMUCAM Virgínia Rigonatti. Quando começaram os boatos de roubo, ela telefonou pedindo a presença da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana, que não estavam no local. “A GCM fez uma ronda hoje à tarde e estava tudo bem”, lembra. “Quando pedi, a PM veio, esteve na trilha, mas também não encontrou nada.”
A vida vale mais – Às 19h, os coordenadores das equipes de elite, como a Specialized, Scott e Caloi, estiveram reunidos com Paulo de Tarso, presidente do Sampa Bikers e organizador da prova, para decidir se ela terminaria por ali ou não. Todos os bikers aguardavam o desfecho com ansiedade, sob a chuva, alguns de prontidão para partir para a trilha se a prova fosse em frente. “Por mim, continuaria, achei muito legal. Agora com a chuva ficou superliso e melhor ainda”, empolgava-se Reginaldo Araújo, da Amazonas/Specialized Sport, com o rosto coberto de lama. Natural de Niterói, ele viajou sete horas de ônibus para competir em São Paulo.
Mas a decisão da maioria foi suspender a corrida. “Em primeiro lugar está a vida dos nossos atletas. E se alguém toma um tiro?”, justificou Giancarlo Clini, da Scott, que tem no time o hexacampeão brasileiro Márcio Ravelli, entre outros famosos. Para os bikers, valeram as horas de competição. “Achei um estilo muito diferente e a trilha bem gostosa”, elogiou o brasiliense Abraão Azevedo, campeão do Iron Biker, que participou pela primeira vez do evento.
Mesmo sem ter sido completado o tempo da corrida, houve a apuração e premiados os três melhores de cada categoria – e os cinco da Solo. “O 12 Horas não acabou”, dizia Paulinho de Tarso, durante a premiação.
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira