Eu e minha mulher, percorríamos a Trilha do Ouro, na Serra da Bocaina, em março último. Quando já estava no final, passamos por uma experiência perigosa.
“Seguindo o mapa da região que o Ibama nos forneceu, lá pelo quilômetro 50 dos 62 percorridos, tínhamos à frente uma passagem de rio (braço do rio Manbucaba), onde haveria uma pinguela. Acontece que ao chegarmos não encontramos pinguela alguma, o que pensamos inviabilizar a passagem, pois o rio tinha um volume razoável de água. A correnteza serra abaixo também nos fez pensar que seria imprudente continuar.
Daí o dilema: voltar, subir o leito do rio ou esperar que por um milagre alguém passasse por ali? Optamos por subir o leito do rio. Foi em vão. Após alguns ferimentos na mata e a constatação de que a situação do rio acima não era diferente, voltamos para a trilha.
Começamos, então a voltar para pedir ajuda no último sítio em que estivemos, a uns 15 km. Descobrimos que não conseguiríamos voltar antes do anoitecer, pois o tempo consumido na subida era quase o triplo do verificado na descida.
Voltamos à margem do rio, paramos para comer, beber e pensar. Ficamos ali por algum tempo. Foi então que surgiu a idéia: eu amarraria uma corda na cintura de minha mulher e a seguraria para que ela pudesse tentar atravessar o braço de rio. Descobrimos que não conseguiríamos nos manter equilibrados na água.
Surgiu, então, outra idéia: tentaríamos colocar na água um tronco que estava caído à margem do rio, apoiando-o entre as pedras do rio e nele nos apoiaríamos para então o atravessar. Com muita dificuldade, conseguimos colocar o tronco na água e fixá-lo entre as pedras. Minha mulher atravessou o braço de rio, enquanto eu a segurava por corda. Com o sucesso da travessia, ficamos eufóricos, pegamos as mochilas e nos atiramos na água.
Porém, quando passou pela primeira vez, minha mulher deixou a correnteza do rio empurrá-la contra o tronco. Na segunda e definitiva vez, ela deu bobeira e atravessou o rio com o corpo atrás do tronco, o que fazia com que a água a empurrasse não contra o tronco, mas sim afastando-a dele. A sorte foi que eu carregava uma vara para medir a profundidade do rio e pude apoiá-la, senão…
Depois disso tudo, nosso momento psicológico favorável nos encheu de novas energias e prosseguimos, terminando a trilha ainda naquele dia no distrito de Mambubaca no Rio de Janeiro. Valeu!”
Este texto foi escrito por: Webventure