Os brasileiros que curtem aventura e, especialmente, montanhismo devem estar ligados desde o início da semana na expectativa de que o Brasil chegue pela segunda vez ao cume do Everest (8.848m), a maior montanha do mundo. A tecnologia está trazendo para perto de quem ficou por aqui quase que um passo a passo dos paranaenses Waldemar Niclevicz e Irivan Burda no caminho que falta para chegar ao topo deste remoto local.
Tudo bem diferente do que havia em 14 de maio de 1995, quando o mesmo Niclevicz e Mozart Catão, alpinista do estado do Rio de Janeiro, se tornaram os primeiros brasileiros no cume do Everest.
Dias depois – Pesquisando arquivos de jornais da época, vemos que a notícia só fui publicada dias depois. Na Folha de São Paulo, a matéria que relata este feito histórico para o Brasil foi escrita em 23 de maio: “O alpinista paranaense Waldemar Niclevicz, 29, conseguiu escalar o monte Everest, o pico mais alto do mundo, com 8.848 metros, conforme ele relatou por telefone à sua família em Curitiba (PR). O pai do alpinista, Mariano Niclevicz, 63, disse à Agência Folha que o filho relatou o feito no domingo retrasado, quando já estava descendo o Everest”.
Outro ponto que marcou aquela façanha – e revoltou parte da comunidade dos montanhistas – foi que a divulgação recaiu basicamente sobre Niclevicz, que já havia conquistado a atenção da imprensa antes da viagem, anunciando a possível façanha. Depois do feito, surgiram entrevistas em meio impressos e na TV, além de palestras. E o livro, com a versão de Niclevicz sobre a escalada do Everest, chamado “Everest, o diário de uma vitória” (Editora Record).
TV – Mozart morreria em 1998, vítima de uma avalanche, quando tentava outro feito inédito para o Brasil: escalar o Aconcágua, maior montanha das Américas, pela face sul. O feito só foi concretizado em janeiro deste ano, por Vítor Negrete e Rodrigo Raineri, que falavam quase diariamente à televisão, direto da montanha, num dos programas de maior audiência do país, o Jornal Nacional, da TV Globo.
Niclevicz também obteve espaço semanal na TV ao escalar o K2, a segunda maior montanha do mundo, em 2000, no Paquistão. Outra vez algo que nenhum brasileiro havia conseguido até então. Esta mesma expedição e, as demais que a seguiram, pôde ser acompanhada na Internet, com relatos diários e fotos. Um hábito que Niclevicz cultivou desde a segunda tentativa de cume do K2, em 1999, quando a “web” passava a ganhar espaço no Brasil.
Logicamente não é só contar com a evolução tecnológica. É preciso pagar por ela. E num local como o Everest esse custo toma proporções gigantescas, só acessíveis pelas superexpedições comerciais ou se forem bancadas por patrocinadores. Quanto mais dinheiro, mais regalias; tudo ainda depende das prioridades e disponibilidades de cada um.
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira