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Terra do Fogo: expedição ao fim do mundo

Ushuaia já se tornou um ponto de encontro tradiconal para aventureiros de todo mundo, e sobretudo para latino-americanos. Levar um Land Rover até este ponto extremo da América do Sul é o sonho de muita gente. A família de Eduardo de Maria, sua esposa Iára Regina Carnevalli de Maria e Erik de Maria, percorreram os caminhos que levam a terra do fogo. No caminho o “deserto” patagônico, uma caminhada ao campo base do lendário Fritz Roy, e um inesperado encontro com os brasileiros do time Brasil 500 Anos, na chegada do Eco-Challenge 1999 em Bariloche. Por fim o objetivo final em Ushuaia.

A Terra do Fogo, é um desses destinos no mundo que sempre desafia os aventureiros e geoturistas que dedicam suas vidas à uma busca incessante de novas fronteiras e limites para suas capacidades pessoais bem como de seus equipamentos. Mas o que tem de tão especial esta ilha dividida entre a Argentina e o Chile? Muitas podem ser as formas de responder a essa pergunta, talvez o fato mais relevante da localidade, seja o de albergar a cidade mais Austral do Mundo e sem dúvida alguma este destino é o mais longínquo ao Sul onde um veículo terrestre pode chegar.

Outro fato interessante é que se trata do mais próximo extremo do Mundo para o Continente Antártico; e da mesma forma que seu vizinho gelado a Terra do Fogo, reserva uma série de características comuns aos viajantes que a tem como destino. Nessa região também está a Cordilheira Darwin com seus 2469m de altitude erguidos do nível do mar. Ali também é uma região de grandes desafios até hoje para as embarcações que devem cruzar o respeitado e imprevisível Cabo Hom.

Fazer uma expedição como esta, é uma coisa incrível. Quando se está na fase dos preparativos, toda atenção é pouca e a imaginação voa, tentando prever cada necessidade, cada problema mecânico que possa acontecer, qualquer pequena atitude tem de ser pensada e repensada, coisas simples como por exemplo: onde levar os estepes sobressalentes? Colocá-los no bagageiro, aumentando o centro de gravidade do carro, ou dentro do compartimento de malas, que aumenta a segurança porém torna mais demorada uma troca de pneu? Na preparação os olhos ficam aguçados procurando informações de todo o tipo, os ouvidos se afinam discernindo o que é uma informação importante do que é um exagero.

Durante a realização tudo é diversão, é a grande chance de aproveitar cada momento, já que a viagem segue, sem deixar lugar para arrependimentos, claro que a todo momento estamos pensando como será o próximo trecho.

O fato é que se a fase de preparação foi bem realizada, é uma questão de tempo, pensamento lógico e “tudo vai acabar bem”. Quem for fazer uma expedição, tem que estar sempre com um pensamento positivista e isso vale para toda a equipe.

Mas tudo bem, vamos para o que interessa. Nesta expedição vimos de tudo, as estradas eram as mais variadas os pontos de interesse eram desde montanhas desabitadas até agitadas cidadezinhas de veraneio.

Quanto as estradas, estas são muito legais, na maioria das vezes imensas retas onde, a velocidade de cruzeiro foi de 120Km/h, não importando se era dia, noite, sol, chuva , terra ou asfalto. Mesmo nas famosas estradas de ripio é possível andar a esta velocidade , claro, que isso torna tudo mais divertido principalmente quando se passa pelos mata-burros onde o carro tira as quatro rodas do chão e aterrissa macio fazendo a poeira subir. Nestas estradas usamos o bloqueio de diferencial (no caso do Land Rover), usamos pneus com 40 libras o que tirava um pouco do conforto nas estradas de ripio, porém, tornavam o carro mais ágil e econômico, já que estamos falando em pneus, é bom lembrar que é difícil usar um pneu ideal para a viagem toda pois o piso é bem diferenciado em cada trecho, às vezes asfalto, às vezes ripio, às vezes terra, às vezes areião. O fato é que o melhor para nós foi um tipo intermediário, nem um “Mud” que melhoraria a performance nos trechos de terra , mas em compensação destruiriam o nosso carro devido às pedras que levanta, nem um pneu de asfalto que iria nos ajudar no asfalto mas causaria problemas nas pedras arredondadas do ripio.

Chegamos a andar em alagados com 60 cm de água onde a estrada imaginária estava demarcada com umas estaquinhas de madeira, era só segui-las e tudo estaria bem, não chegava a ser o tipo de alagado que é preciso um “snorkel”, aliás em todo o nosso percurso ele não era necessário, ao contrario dos faróis auxiliares que nunca foram tão usados. Nas longas noites viajando usávamos os oito faróis(4 auxiliares de 55w e 2 milhas 100w além dos originais 55w) na verdade era noite só quando se olhava nos retrovisores pois à nossa frente os faróis tornavam dia, na Argentina é muito bom ter faróis auxiliares , as estradas são completamente retas e planas e praticamente não existem outros veículos. Continuando a falar de estradas é muito bom usar a tela mosquiteiro no radiador principalmente à noite, é normal passar por nuvens de mosquitos. Muitas vezes usamos o limpador de pára-brisas para tirá-los.

As noites eram uma aventura à parte pois a equipe tinha como filosofia não gastar um, centavo que fosse com qualquer tipo de hospedagem e portanto o “camping selvagem” era a opção de toda noite, dormimos em todo tipo de lugar e todo tipo de piso, as vezes não era fácil dormir em cima das grandes pedras do deserto , mas as vezes o cansaço era tanto que elas pareciam ser de espuma. Nem sempre as noites eram tranqüilas uma delas foi interrompida com tiros disparados em nossa direção, não queriam que ficássemos naquele local pois pensavam que éramos “sem terras” invadindo fazendas e tivemos que negociar nossa estadia e explicar nossa situação sob a mira de duas espingardas calibre 12. Noutras noites dormimos no deserto com algumas raposas que ficavam curiosas ao ver-nos montar o equipamento de camping.

A rotina era essa, aventura 24h por dia, acordávamos para o que desse ou viesse, podia ser uma caminhada de dia inteiro, uma estrada de 1000km de terra ou qualquer outra coisa que só faria aumentar o prazer em que a equipe tinha de estar passando por aquelas belezas naturais e dificuldades junta
Quando a expedição vai chegando ao seu fim, a sensação de recompensa é muito boa, principalmente quando você lembra do primeiro contato com o mapa e depois lembra que você já passou por ali e que tudo que vc fez partiu da sua força da vontade e de seu entusiasmo.

Nossa equipe não tem o intuito de ficar forçando as pessoas a montarem expedições e saírem para mundo em busca de aventuras como nós, mas se você sente uma pontinha de vontade; por que não se mexe e vai atrás do seu sonho?

Dicas

Mitos e realidades

  • É verdade que na Argentina ninguém ultrapassa os 80 km/h?

    MENTIRA a velocidade de cruzeiro foi de 120Km/h.

  • É verdade que há guardas com radares em todos os entroncamentos ?

    MENTIRA não sabemos como são os uniformes dos guardas Argentinos, se é que eles existem.

  • É verdade que no Chile tudo é muito barato?

    MENTIRA lá é tudo muito caro.

  • É verdade que as estradas de ripio são escorregadias e traiçoeiras?

    VERDADE, tome cuidado.

  • É verdade que não há postos de combustível que dê autonomia para veículos com menos de 60litros de Diesel?

    VERDADE, leve um galão reserva ou…

  • É verdade que ao passar na Aduana os guardas pedem sua carteira internacional?

    MENTIRA, só a de identidade.

  • É verdade que o Diesel Argentino é melhor que o brasileiro?

    É VERDADE, eles têm um tal de gasoil que é muito bom.

  • É verdade que a cada 40 Km tem um pedágio e cobram por altura do veículo?

    MENTIRA, em 14.000Km pagamos 3 pedágios, 2 em estrada e 1 em cidade.

    Este texto foi escrito por: Webventure