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Tiago Fantozzi acredita que organização beneficia pilotos da casa


Fantozzi acredita que organização beneficia pilotos tradicionais (foto: David Santos Jr)

Tiago Fantozzi foi um dos brasileiros que não conseguiu completar o Rally Dakar 2010, que aconteceu entre os dias 1º e 17 de janeiro, na Argentina e no Chile. Depois de ter tido um problema com a roda dianteira de sua moto, o que o fez vivenciar uma jornada atrás de conserto, o piloto acabou sendo desclassificado da competição.

“Analisando o que aconteceu comigo, eu fui punido sim porque isso está dentro do regulamento e, por isso, eu não tinha nem como lutar contra. Eu usei todas as ferramentas para continuar na prova, inclusive com a própria organização”, explicou o piloto.

O que o deixa inconformado, no entanto, é a vista grossa feita pelas mesmas pessoas que o desclassificaram em relação a pilotos mais conhecidos. “Eu não gosto de falar dos outros competidores, mas ficou claro para mim que existe uma vista grossa em cima do que acontece com os pilotos tradicionais. Eu presenciei alguns casos que a organização fez vista grossa. Isso acaba até colocando um pouco em duvida a credibilidade do resultado, já que existe um favoritismo a favor dos pilotos tradicionais”, contou.

Segundo Fantozzi, o fato de ser brasileiro também o atrapalhou na disputa, já que a organização não dá atenção aos pilotos canarinhos. “Parte da organização faz pouco caso quando se trata de pilotos brasileiros. No nosso caso, nós tentávamos falar com eles e, muitas vezes, eles nem escutavam porque nós não falávamos a língua deles. Nós tentávamos falar em inglês, alguns fingiam que não entendiam inglês e, depois, iam falar em inglês com outros pilotos”, disse.

A pesar de tudo – A pesar dos ocorridos, Tiago contou que a participação no Dakar deste ano foi a realização de um sonho que tinha desde pequeno.

“Participar do Dakar foi a realização de um sonho e uma realização profissional. Uma prova que, desde pequeno, eu sempre tive muita vontade de conhecer. Uma prova extremamente complexa, muito cara, que exige uma grande estrutura. Foi uma experiência que eu nunca vou esquecer, que agregou muito a minha carreira”, disse o brasileiro.

A única parte que o chateou foi o fato de não ter completado a competição. Segundo Fantozzi, a frustração de sair precocemente do rali foi muito frustrante. “Nos primeiros dias, passou na minha cabeça muito desgosto e muita frustração, vontade de querer largar tudo e esquecer isso. Mas, nos dias seguintes, começou uma ansiedade de querer voltar e de querer treinar mais, acertar onde eu errei”, explicou.

Para superar o abatimento da desclassificação, o brasileiro contou com apoio que foi essencial. “Eu queria agradecer a todos que me deram força depois do acidente. Eu recebi inúmeros e-mails e ligações. Quando acontece algo como aconteceu comigo é que você percebe a importância de uma equipe forte, dos patrocinadores, dos amigos e dos familiares”, disse.

Em 2011, Fantozzi espera voltar a competição, para, desta vez, completar a prova. “Tem muitos pontos que podem ser melhorados. Foi uma participação extremamente importante na minha carreira. Hoje eu sei o que é o Dakar, sei como funciona a logística e a organização. Então, eu uso tudo isso como aprendizado para voltar na próxima edição. Quero voltar mais bem preparado e sei que conseguirei trazer um bom resultado para o país”, finalizou o brasileiro.

Este texto foi escrito por: Caio Martins